O pior cenário possível A era das redes sociais com o “fake news” e com pessoas cada vez mais carregadas de ódio e intolerância, mentindo, ofendendo, difamando, ridicularizando e discriminando não é um fenômeno exclusivo da internet. A rede mundial apenas aflorou o que já estava nas pessoas, que perderam a vergonha de se posicionarem, fazendo parecer que elas estão certas e que errados são aqueles que ainda prezam pelo respeito ao outro e em defesa dos mais fracos.
Que ninguém pense que esse seja um comportamento de pessoas ignorantes, analfabetas, sem instrução ou algo nesse sentido. Dois episódios envolvendo magistrados, aqueles que deveriam dar o exemplo por decidirem a vida das pessoas, expõem que a patifaria não depende de escolaridade ou nível social.
Um dos casos que ganhou ampla repercussão foi o da desembargadora do Rio de Janeiro, que, ao repercutir uma notícia falsa no Facebook, ofendeu a vereadora assassinada Marielle Franco, criticou Zumbi dos Palmares e pediu fuzilamento do deputado Jean Wyllys. De quebra, também usou sua rede social para ironizar uma professora com síndrome de Down.
O caso mais recente ocorreu nesta quarta-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF), onde dois ministros, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, trocaram acusações e expuseram o que há de mais sórdido na mais alta Corte da Justiça brasileira, revelando que a podridão está por todos os lugares.
Entre outras coisas, Barroso acusou Mendes de um comportamento doentio muito semelhante ao que vemos nas redes sociais, como “mau sentimento, pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia”, além de “cheio de ofensas, grosserias, que não consegue articular um argumento, que fica procurando ofender as pessoas, sem ter nenhuma ideia”. Tudo transmitido ao vivo pela TV Justiça.
Esse é o Brasil dos calhordas – do analfabeto ao que se diz culto, do assalariado aos magistrados da baixa e da mais alta Corte – que não se envergonham nem se intimidam mais em serem neofacistas e de atacarem tudo aquilo que eles não toleram. E o “fake news” tornou-se a forma de eles se comunicarem, pois aí não precisam nem forçar a mente para criar mentiras para disseminá-las no seio da sociedade.
Esse era o mesmo cenário da Alemanha que adotou o nazismo. Não pense que os nazistas eram pessoas incultas e de baixa escolaridade. Naquela época, a Alemanha era o país com o maior número de doutores da Europa. E todos sabem no que deu. No Brasil, já existe até um candidato a presidente que tem os ideais nazifascistas…
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