Jessé Souza

Perdido no tiroteio 5903

Perdido no tiroteio

O crime dá seguidos exemplos de que está muito bem organizado em Roraima, enquanto o governo e os demais poderes constituídos mostram-se acuados e desorganizados. A guerra entre facções criminosas pode ser sentida a cada execução principalmente de jovens, alguns deles raptados por membros de grupos rivais, tanto na Capital como nos municípios do interior do Estado.

Não se trata apenas de uma disputa de forças para mostrar quem manda mais, mas uma briga pelo tráfico de drogas que avança principalmente nos bairros mais afastados do Centro. Quem desafia esse poder ou não honra suas dívidas acaba sumariamente eliminado, como sempre foi em qualquer parte do mundo.

Enquanto as facções estão em guerra entre si, as cenas de violência irão se repetir e mais jovens envolvidos com o tráfico de drogas irão morrer, sob o olhar atônito do cidadão e das ações policiais inócuas, que não conseguem fazer frente ao avanço da criminalidade porque o Estado mostra-se perdido, sem conseguir o controle dos presídios nem tem um trabalho de investigação e de inteligência com recursos e estrutura para atuar no combate ao crime organizado.

Não adianta apenas fazer operação tipo “arrastão” nos bairros da cidade, nos fins de semana, tentando passar uma falsa sensação de segurança. Sem uma ação articulada, com tecnologia e inteligência, a situação só irá piorar. Até agora, o Governo do Estado só agiu mudando nomes na direção das polícias e da Segurança Pública (sim, em Roraima, as polícias são independentes da Secretaria de Segurança).

Se continuar desta forma, numa dança de cadeira sem fim no primeiro escalão das forças policiais, não vai demorar para que Roraima se torne o Ceará, cuja capital, Fortaleza, tornou-se uma cidade sitiada pelas facções, que disputam o controle do tráfico, cometendo execuções bárbaras, expulsando moradores de suas casas, proibindo a circulação em algumas áreas e até obrigando crianças a mudarem de escola.

As fronteiras abertas para uma imigração desordenada só contribuem para este quadro, com tráfico de drogas e de armas pela Venezuela em convulsão social. A panela de pressão está chiando há muito tempo e não vai demorar a explodir tal qual como vem ocorrendo em Fortaleza. O Governo Federal e o Exército precisam fazer sua parte também, na fronteira, pois o Estado mostra-se perdido no meio dessa guerra de facções.

*[email protected]: http://roraimadefato.com/main/