Bom dia,E estamos iniciando a semana no Brasil e em Roraima, ainda refletindo sobre os acontecimentos políticos da semana que passou. Uma semana intensa e que está cada vez a desafiar as tais instituições republicanas, que ainda garantem um mínimo de ordem na bagunçada vida brasileira. Vamos fazer a Parabólica de hoje com flashes da cena política e institucional brasileira, que decididamente está colocando à prova a frágil democracia brasileira.

PRISÃOPara demonstrar que nossa vida política e institucional está longe, muito longe, da normalidade basta lembrar o cumprimento da ordem de prisão expedida contra o ex-presidente da República, Lula da Silva (PT) pelo juiz Sérgio Moro. O Brasil ficou na quase totalidade de olhos e ouvidos presos na imprensa nacional que por mais de 72 horas (quinta-feira, sexta-feira e sábado), nas 24 horas desses dias, literalmente plugada no show midiático comandado por Lula e seus correligionários da esquerda brasileira. Lula ficou esse tempo todo homiziado nas dependências do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, em São Paulo, a vociferar e acusar as instituições de Justiça brasileira de lhe estar movendo uma perseguição implacável.

RECADOSNas horas em que passou homiziado no Sindicato, em São Bernardo, Lula mandou vários recados para os brasileiros e as brasileiras. Disse, por exemplo, que sua turma é aquela que tem coragem de invadir terrenos urbanos em busca de moradia, e também os trabalhadores rurais que invadem e ocupam fazendas em busca de terra para produzir no campo. Lula também fixou o rumo de um eventual novo governo petista, que será marcado por prioridade aos que precisam do Estado, um clima de animosidade contra os empresários que ele disse terem lhe abandonado. Deixou claro que a Justiça, o Ministério Público e a imprensa não terão num eventual governo petista tratamento que hoje lhes é dispensado. Desde que se transformou no “Lulinha, Paz e Amor”, em 2002, por obra e graça do marqueteiro Duda Mendonça, o sindicalista Lula nunca tinha sido tão claro como agora.

ESQUERDADos recados mandados para todo o Brasil, desde a sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Lula finalmente assumiu sua condição de um político de esquerda, ideologicamente muito próximo de seus companheiros do socialismo bolivariano venezuelanos. É uma guinada radical para quem cumpriu oito anos de mandado presidencial em estreita aliança com o capital financeiro nacional e internacional, e comandando um governo de coalizão, formado pela parte mais apodrecida da direita brasileira. Embora tenha dado emprego para muitos companheiros de partido e montanha de dinheiro público para os tais movimentos sociais, que até hoje o idolatram. Nesse sentido, deixá-lo resistir a mais de 72 horas, em espetáculo midiático, contra uma ordem de prisão, fez bem à democracia brasileira pela revelação, sem máscara, em que campo ideológico estão Lula, e seus companheiros.

CLIMA 1Outra revelação nesses dias tão conturbados da vida pública institucional brasileira vem da revelação, através do ministro Gilmar Mendes, que em entrevista à imprensa portuguesa esgarçou a crise interna que corrói a credibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF), Corte da qual ele faz parte. Esse ministro, que tem se revelado um provocador e polemista contumaz, disse simplesmente que a Suprema Corte brasileira é formada por ministros sem conhecimento jurídico, de história e da máquina. Mendes acusou os governos do PT (de Lula e de Dilma) de ter tentado “venezuelizar” o Brasil, começando pelo aparelhamento do Supremo Tribunal Federal, ao indicar ministros sem os necessários pré-requisitos para ocupar cargos tão elevados.

CLIMA 2Segundo ainda, o ministro Gilmar Mendes, o PT está sendo vítima do próprio erro que cometeu ao tentar aparelhar a Suprema Corte brasileira. São acusações graves, gravíssimas, que não podem ser varridas para debaixo do tapete, como fizeram os ministros quando o mesmo Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso trocaram ofensas e acusações há pouco menos de 30 dias. Não é possível aos brasileiros e brasileiras ignorarem essas acusações do ministro Gilmar Mendes, afinal, ele deve conhecer nas entranhas o que se passa nos bastidores daquela que é a mais alta esfera do Poder Judiciário do Brasil. Dá para imaginar, o clima e o cenário que vão marcar as próximas sessões do Supremo Tribunal Federal, já dividido quase ao meio em questões tão cruciais como o cumprimento de penas após o julgamento em segunda instância?

DESISTÊNCIA 1Outro fato que marcou a semana, este especificamente, sobre a política local foi a desistência da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB) de concorrer ao governo do estado nas próximas eleições. É claro, quem sabe dos bastidores da política local não acredita que a desistência se deu em razão apenas de uma reflexão pessoal da prefeita. Ela nega, mas fontes da Parabólica garantem que a prefeita participou de, no mínimo, duas rodadas de negociações envolvendo o notório senador Romero Jucá, que é o dono do MDB no estado, e o candidato ao governo estadual, o ex-governador Anchieta Júnior, com o qual trocou sérias acusações faz pouco tempo.

DESISTÊNCIA 2É claro, parafraseando o economista norte-americano Milton Friedman, em política não existe recuo de graça. Teresa que se autodeclarou liderando as pesquisas, com elevada taxa de aprovação de sua administração na Prefeitura Municipal de Boa Vista, não recuaria sem uma sólida negociação, até porque sua desistência, ao que parece, obedeceu muito mais aos interesses da reeleição do senador Romero Jucá, que às eventuais chances de perder a eleição para o governo. E o mais forte indicador dessa negociação é o fato de ela ter dito expressamente que ainda será governadora do estado num futuro próximo. Quando? Nas eleições de 2022? Amanhã contaremos mais.