Escolas e o oásis no meio do caos
O Governo do Estado tem mostrado interesse em militarizar a educação nas escolas estaduais como política efetiva. Diante do quadro que se apresenta nos bairros de Boa Vista e no interior, as escolas militarizadas estão se tornando uma ilha nas áreas cercadas pela violência e a guerra de facções que disputam o tráfico de droga e a fidelidade ao grupo criminoso.
Quem anda pelos bairros da Capital, dos mais centrais ao mais afastados, se tiver um olhar mais atento, irá logo observar muros de prédios públicos, incluindo aí escolas, pichados por integrantes de facções que usam a tinta em spray para marcar território. Significa que aquela área pichada é domínio daquela facção.
Como o governo perdeu o controle sobre a criminalidade e sobre a educação formal, ele decidiu entregar o papel de cuidar das escolas para os policiais militares, que por sua vez acabam transformando as unidades que eles administram em um lugar de resistência diante de uma cidade dominada pelo crime organizado ou não.
Independente da discussão que se trava sobre a educação e as escolas militarizadas (o modelo de educação utilizada pelas escolas militarizadas é outra discussão), os policiais militares realmente acabam proporcionando uma transformação nas escolas que antes estavam sitiadas em bairros onde o traficante já estava dentro de sala de aula e onde o professor não conseguia mais ter o respeito para transmitir o conhecimento.
É isso o que a escola militar representa na atual conjuntura do Estado: a incompetência do governo em garantir segurança e educação públicas de qualidade, restando como atestado dessa incompetência entregar as unidades escolares nas mãos dos militares para impor ordem e disciplina.
De outra ponta, os militares acabam fazendo o papel dos pais, que também não cumprem mais com sua obrigação de educar em casa e disciplinar, transferindo para escola e para os militares o papel que eles não querem ou não podem mais dentro de casa porque perderam a autoridade sobre os filhos.
É muito preocupante essa realidade, pois o governo e os pais estão jogando toda a responsabilidade para os militares quando essa obrigação deveria ser de todos, do Estado, dos pais e da comunidade. Enquanto isso, o crime também organiza seu espaço e marca sua audácia nos muros com pichações.
Desta forma, as escolas militarizadas acabam se tornando um “oásis” no meio da incerteza e insegurança que se abatem sobre as comunidades acossadas pelo tráfico de droga e pela violência urbana. Como o governo acha que a militarização é a forma de resolver os problemas, só o tempo vai dizer no que isso vai dar. Mas um fato é certo: quanto mais escolas militarizadas, mais o governo revela sua incompetência na segurança e na educação.
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