Bom dia,
Os economistas têm uma expressão da língua inglesa para designar uma situação que todos nós enfrentamos a cada momento de nossas vidas: trade off. Traduzida para o bom português essa expressão significa escolha. Sim, em nossas vidas, estamos permanentemente sendo obrigados a fazer escolhas para tomar decisões diante alternativas que nos são oferecidas. Por exemplo, quando decido gastar tudo o que ganho, estou abrindo mão de fazer uma poupança que me daria uma segurança maior no futuro. Neste caso, prefiro ter maior satisfação no presente, em troca de tê-la no futuro. Ou, quando divido meu tempo entre o trabalho e o lazer, se escolho mais o segundo, quase sempre estarei abrindo mão de ganhar mais.
Se na vida privada estamos permanentemente enfrentando uma situação de trade off, quando no exercício da vida pública, especialmente quando temos a tarefa de gastar o dinheiro arrecadado do contribuinte, essa questão assume enorme importância. Todos sabemos que os recursos públicos, por maiores que sejam, estarão sempre abaixo das necessidades sociais. Falando em português popular, o cobertor é sempre curto para cobrir o corpo todo e, nesse sentido, ou cobrimos a cabeça deixando os pés de fora, ou fazemos o contrário, cobrimos os pés, deixando a cabeça entregue ao frio. E como o dono do cobertor vai decidir? Evidentemente, a decisão vai depender do nível de satisfação do dono do cobertor: se for mais incômodo ter frio nos pés, a cabeça ficará de fora e vice-versa.
O leitor deve estar perguntando onde queremos chegar? É que no domingo (22), em entrevista ao programa Agenda da Semana, o deputado federal Hiran Gonçalves (PP) disse que a melhoria no serviço de saúde pública estadual só acontecerá se os novos dirigentes do setor tiverem condições de enfrentar uma situação de trade off. Citou por exemplo, a questão das terceirizadas, que segundo o parlamentar são de propriedade de políticos, como tal são caras. E onde está o enfrentamento de trade off? Simples, ou os recursos públicos são usados para dar saúde pública de melhor qualidade à população ou servirão para engordar os bolsos de meia dúzia de políticos.
ADIÉ claro, todos torcemos para que o Supremo Tribunal Federal (STF) não acolha o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para que seja julgada inconstitucional a Emenda Constitucional 98, que autoriza o enquadramento de servidores dos ex-Territórios do Amapá e Roraima nos quadros da União federal. O relator da ADI no STF é o rigoroso ministro Edson Fachin. Faz alguns dias nós dissemos cá da Parabólica, que uma denúncia anônima de que políticos no Amapá estavam tentando tirar proveito eleitoral do enquadramento dos ex-servidores tinha sido feita no Ministério Público Federal, e que os procuradores de lá estavam decididos a levar o caso adiante. Não deu outra.
POSITIVOO enquadramento dos servidores dos ex-Territórios nos quadros da União, além de ser o gesto de reconhecimento de um direito, é também salutar do ponto de vista econômico, pois vai injetar mensalmente alguns milhões de reais na combalida economia do contracheque chapa branca roraimense. São milhares de pessoas que passarão a ganhar mais, e outro tanto de gente que continua desempregada ou no subemprego, desde que foram realizados concursos públicos no estado. Por isso, devemos todos torcer, mesmo os que não serão diretamente beneficiados, para que não tenhamos a paralisação do processo de enquadramento em andamento.
OPORTUNISTASSe alguma coisa sair errado nesse processo de reenquadramento dos servidores do ex-Território Federal nos quadros da União devem ser responsabilizados os conhecidos políticos oportunistas que querem transformar esse justo reconhecimento em mais um meio de angariar votos para as próximas eleições de outubro. Fontes da Parabólica garantem que um deles, sempre que está em Boa Vista, vai à representação do Ministério do Planejamento em Roraima, local de entrega dos documentos para habilitar os ex-servidores ao benefício, para apertar as mãos de quem está na fila e oferecer seus préstimos para “ajudar”, no processo de enquadramento. É uma clara demonstração de aproveitamento político/eleitoral. Exatamente o que está sendo objeto da ADI ingressada no STF pela PGR. É uma vergonha!
MANOBRAO calendário eleitoral, como se sabe, proíbe que sejam feitas contratações no serviço público nos 90 dias que antecedem as eleições e outros 90 após a realização delas. Assim, no caso do enquadramento dos ex-servidores do ex-Territórios, quem for habilitado só poderá ser contratado até o dia 6 de julho próximo. Caso isso não ocorra, essas contratações só poderão ser retomadas no final de janeiro do próximo ano, especialmente se houver segundo turno. Pois bem, fontes da Parabólica dizem que nos subterrâneos do governo federal em Brasília trama-se um esquema que consistirá na contratação de poucos ex-servidores para alimentar a esperança dos outros de que a reeleição de alguns políticos será fundamental para a continuidade do processo de reenquadramento. É uma vergonha!
BOMBA!É feia, muito feia, essa história do assassinato daquele policial rodoviário federal, que além de assassinado teve sua memória enodoada depois de ser acusado de pertencer a uma quadrilha de tráfico de droga. Felizmente, a Polícia Federal trabalhou rápido e revelou um vergonhoso envolvimento de policiais civis e gente bem situada na elite e no poder do estado. A Justiça tem de quebrar o sigilo desse caso, é direito dos roraimenses saberem a extensão completa da verdade.