Cotidiano

Educadores ameaçam não repor aulas por conta de corte de ponto

Uma nova reunião da categoria com o Governo de Roraima está marcada para a próxima semana

O impasse entre os professores grevistas e o Governo de Roraima continua com agravantes. O governo já declarou que a falta dos professores será descontada pelo período em que eles estiverem paralisados.

“Acontece que se levamos falta, não temos obrigação de repor aula nenhuma. Sobre esse ponto, o governo está sendo intransigente, e professor nenhum é obrigado a repor aulas, uma vez que já perdeu esses dias com falta. Se a greve acabar hoje, o ano escolar já vai entrar 2016 e 2017. Imagina se resolvermos não repor?”, disse uma das educadoras que está na manifestação e não quis ser identificada com medo de represália.

Por conta disso, o Sinter se posicionou em nota oficial, afirmando que os professores podem não repor as aulas perdidas durante a greve, o que pode prejudicar de vez o ano letivo.

“Depois de 60 dias de paralisação, finalmente tivemos a tão esperada reunião com o governo. Para nossa surpresa, ele nos informou que teria de rever a proposta apresentada e aceita pela categoria, justificando falta de recursos”.

O Sinter afirmou que o governo portou-se de forma radical no que se refere à retirada da multa contra o sindicato, sendo enfático em afirmar que cortou o ponto dos três dias de paralisação de setembro e que cortará 11 dias de outubro, 19 dias de novembro e 26 dias de dezembro.

“O corte de ponto afetará todos os professores, até mesmo os que já retornaram à sala de aula. Somos a única categoria que tem condições de repor os dias em greve, pois trabalhamos com um calendário escolar.

Repudiamos a decisão do governo de retirar dos professores a capacidade de subsistência, sua e de sua família, inclusive a de custear o próprio deslocamento até o local de trabalho.

Afirmamos à sociedade que, sem salário, não haverá reposição de aula. Com isso, o ano letivo de 2015 ficará comprometido”, garantiu o sindicato na nota.

“Temos de manter a categoria mobilizada. Chamamos, portanto, para a praça inclusive aqueles que já retornaram às suas atividades. Todos os professores dos municípios de Roraima estão convocados. Atenção, pais de alunos e estudantes, vamos mostrar a nossa força e a nossa união! Queremos o diálogo. Não aceitamos imposições. Queremos que os nossos direitos sejam respeitados, pois lutamos por uma educação gratuita, digna e de qualidade!”, conclui a nota

OUTRO LADO 

O Governo do Estado divulgou que tentou um entendimento para o fim do movimento e imediato retorno à sala de aula.

“O governo reafirmou o compromisso de corrigir as inconsistências da Lei 892 e pagar as progressões deixadas atrasadas de 2011 a 2014. São benefícios que outros governos não fizeram, mas o nosso governo vai fazer. Estamos trabalhando para reconstruir a Educação do nosso Estado”, destacou Suely Campos.

Durante a reunião, o posicionamento do governo foi para que a categoria retornasse de imediato à sala de aula para que fosse atendido o pedido do Sinter pelo abono das faltas e pela retirada da multa imposta pelo Tribunal de Justiça em função da ilegalidade da greve.

Venilson da Mata explicou ao comando de greve que os professores que retornaram à sala de aula não terão descontos em seus salários, tanto os das escolas da capital quanto do interior.

“Quem está em sala de aula não terá desconto. Em relação aos que persistem nesta greve ilegal, o abono somente será analisado quando retomarem as aulas”, explicou o procurador.

Os representantes do governo e do Sinter terão outra reunião às 16h da próxima quinta-feira, 15, quando será analisada nova proposta de conciliação.