Jessé Souza

Politica do tranca fronteira 6077

Política do tranca-fronteira

Esse pensamento fixo de tentar fechar a fronteira com a Venezuela por meio de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) cheira a uma tática para desviar a atenção para o que está acontecendo nesse governo, da crise das terceirizadas, paralisação do transporte escolar, passando pelo não pagamento do crédito social, atraso no repasse do duodécimo aos demais poderes constituídos até chegar à preocupante e grave situação na Polícia Civil, em que agentes e delegado são acusados de tráfico internacional de drogas e o homicídio de um policial rodoviário federal amazonense.

Esse governo sabe que a imigração desordenada cai muito bem para o momento, pois muitos acreditam mesmo que a única solução seria o fechamento da fronteira, como se os venezuelanos fossem o principal ou único problema que deflagrou a crise que vivemos na saúde, na educação, na segurança pública e em outros setores.

Historicamente, os políticos sempre jogaram a culpa em alguém ou em determinado grupo quando as coisas pioram no Estado, então os venezuelanos servem como essa justificativa que acaba escondendo os reais motivos para a crise que tão somente foi ampliada a partir do êxodo dos estrangeiros para Roraima.

Sendo assim, a política do “tranca-fronteira” pode ser avaliada como um sofisma que visa criar uma ilusão em um ano eleitoral, no qual o descontentamento com a imigração terá um peso fundamental na hora de disputar o voto dos eleitores acostumados a reagirem em favor de quem adota a “luta do bem contra o mal”.

Muito antes de a crise imigratória estourar, já vinha sendo alertado que esse governo não iria mais conseguir repassar integralmente o duodécimo dos poderes nem manter em dia o pagamento de todo o funcionalismo nem das empresas terceirizadas. Sem contar com a crise que já se abatia na saúde, educação, segurança pública e sistema prisional, que passou a enfrentar seus piores momentos, como a maior chacina de todos os tempos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

O agravamento da crise vinha sendo alertado há muito tempo, desde quando esse tomava gosto pelas chaves dos cofres públicos e colocava a culpa de suas incompetências na administração anterior, tática esta que não estava mais colando até que surgiram os venezuelanos com suas barracas e placas de papelão pedindo emprego nos cruzamentos e semáforos da cidade.

Agora esse governo têm dois culpados: a administração anterior e, atualmente, os venezuelanos. Como os políticos apostam na amnésia do eleitor e na superficialidade das pessoas que vivem nas redes sociais, eles acham que podem sustentar esse discurso até o fim.

*[email protected]: www.roraimadefato.com.br