Moscas e os criminosos
Uma operação policial realizada no sul do Estado, após os seguidos casos de crimes de execuções, mostra que é possível, sim, ter uma polícia competente e que dê respostas rápidas para a criminalidade que assola aquela região e todo o Estado de uma forma geral. Falta mesmo é vontade política para o Governo do Estado garantir efetivo e estrutura para as forças policiais atuarem na investigação rápida e também nas rondas ostensivas para coibir a ação dos criminosos.
Precisou o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) cobrar que o governo cumpra com sua obrigação constitucional, bem como pressão por parte da opinião pública, estarrecida pelo alto índice de criminalidade naquela região estratégica economicamente para o Estado e também para o crime organizado, por ficar numa área na divisa com o Estado do Amazonas.
A operação executada naquela região, com a prisão de três pessoas e a elucidação de cinco assassinatos pelo tráfico de droga, é a resposta que a população daquelas cidades almejava e um sinal de que, quando o governo mostra vontade e a polícia trabalha com competência, é possível enfrentar os criminosos.
O problema é que essa mobilização na região sul não é uma atividade rotineira e só ocorre por causa da cobrança da sociedade e por ser ano eleitoral, quando o eleitor exige ações concretas e imediatas, além de os políticos e governantes ficarem mais “sensíveis” ao clamor público. Que bom que essa ação fosse uma rotina não só naquela região, mas em todo o Estado.
O que todos esperam é que as ações desse tipo, com combate firme à criminalidade, se tornem uma política de governo, e não uma resposta a adversários políticos em ano eleitoral nem uma forma momentânea de acalmar a opinião pública, que agora tem as redes sociais para se posicionar e cobrar os governantes.
Esse enfrentamento exige mais do que polícias na rua e investigando crimes ou combatendo as drogas. É necessário um trabalho de prevenção às drogas direcionado a crianças, jovens e adolescentes, bem como ações sociais para tirar moças e rapazes da ociosidade ou da desesperança. Porque prender traficantes e homicidas não resolve o problema, pois criminosos são que nem moscas: prende-se um, mas logo chegarão mais.
Realizar concurso público para a Polícia Militar não significará muita coisa se não houver um plano de governo integrado para atacar também na raiz do problema, e não apenas combatendo os efeitos. Neste sentido, operação policial torna-se apenas um paliativo. E de paliativo Roraima está cheio.
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