A responsabilidade e de todos 6306

A responsabilidade é de todos

Embora tenha se livrado do processo de cassação, por ter divulgado informações falsas (fake news) contra a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), que foi assassinada provavelmente por milícias, em março passado, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) reconheceu o erro e declarou que seu caso deverá servir de exemplo para que as pessoas não divulguem notícias sem antes checar a veracidade. Esse foi apenas um dos casos dentre a enxurrada de notícias falsas sobre a vereadora assassinada, mas esse episódio não foi o suficiente para mudar o comportamento de muitos brasileiros.

A manifestação dos caminhoneiros tem servido para comprovar que muitas pessoas continuam compartilhando notícias falsas sem se preocupar em fazer uma checagem mínima da veracidade dos fatos. As mentiras são criadas de acordo com os interesses de grupos, como os extremistas favoráveis à intervenção militar, os que são contra o protesto dos caminhoneiros e os que querem ver o caos instalado a qualquer custo, ressuscitando vídeos e textos antigos como se fosse do momento atual.

Muitos nem se dão ao trabalho de ao menos de abrir os arquivos para conferir a informação e já acreditam no que foi divulgado apenas pela manchete apelativa da fake news. Até mesmo pessoas esclarecidas se recusam a manter um filtro mínimo, a exemplo de checar as informações em sites de notícias confiáveis. E assim a mentira se torna “verdade” em segundos, sendo compartilhada ao sabor dos grupos de WhatsApp e dos perfis das redes sociais.

Trata-se de uma situação preocupante, pois a campanha eleitoral se aproxima e o exemplo pós Marielle, com a crise provocada pelo protesto dos caminhoneiros, demonstra que a mentira continua sendo um instrumento forte, usada por pessoas más intencionadas que contam com a passividade de muitos e a inescrupulosidade de outros para implantar um terrorismo virtual em favor de suas ideologias, partidarismo, de seus interesses particulares ou pelo prazer doentio do caos.

Quando a missão de informar era apenas da imprensa tradicional, vozes altivas da sociedade eram lançadas contra jornais e jornalista quando erravam na apuração da notícia ou manipulavam fatos por algum interesse escuso. Mas, com a internet, essa missão se ampliou: agora é responsabilidade TAMBÉM da opinião pública, das pessoas, checar os fatos antes de divulgar ou compartilhar informações. O compromisso com a verdade agora é de todos que têm nas mãos o instrumento para produzir ou simplesmente divulgar informações: a internet. Ninguém mais pode se esquivar dessa responsabilidade.

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