Na última potência
Embora surja o questionamento sobre por que uma estatal falida, como a Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima), mantinha R$117 mil em dinheiro vivo em caixa, o episódio do assalto a esta empresa remete ao assunto da insegurança que estamos vivendo. Se o governo não consegue manter segurança dentro de seus órgãos, imagina a população, incluindo aí os pequenos empresários, principais vítimas dos assaltantes.
Nas últimas semanas, bandidos invadiram lojas e outros comércios, à luz do dia, mostrando que não temem mais serem identificados ou presos pela polícia. É a insegurança elevada à última potência. E não há argumento para o governo tentar contemporizar ou amenizar a situação, uma vez que ele teve uma estatal invadida pelos bandidos durante o horário de expediente, com servidores sob a ameaça e correndo sérios riscos.
Os pequenos empresários estão no meio desse fogo cruzado, pois eles movimentam valores diariamente e por isso estão mais expostos à bandidagem. Geralmente, os furtos sequer chegam a ser registrados por meio de ocorrência policial porque a lentidão para registrar a ocorrência e o envio da perícia ao local violado penaliza ainda mais esses microempresários. E nem adianta reclamar porque a categoria já esteve reunida no Palácio do Governo, com a governadora Suely Campos, mas eles foram apenas ouvidos e suas propostas engavetadas.
Há um descompasso muito grande entre o que o governo diz fazer na segurança pública e o que a população e os pequenos empresários vivem e reivindicam. É como se houvesse duas realidades: a que o governo mostra em seus institucionais e o que a sociedade roraimense efetivamente vive. A propósito, se espremer a imprensa local, o que resta de notícia são as ocorrências policiais, como se fôssemos um Estado sitiado pelo crime.
E nem adianta querer lançar a culpa apenas nos venezuelanos, pois os assaltos mais audaciosos a lojas, nas últimas semanas, foram praticados por brasileiros. A bandidagem que chega da Venezuela só amplia um quadro que já vinha péssimo, com um governo perdido, fazendo mudanças na direção de órgãos e secretarias para tentar justificar alguma ação. Mas nada disso amenizou ou deu algum sinal de que a realidade vai mudar.
O quartel da Polícia Militar no Município de Caroebe, a Sudeste do Estado, quase foi invadida por traficantes. O prédio da Codesaima acabou sendo atacado por assaltantes em Boa Vista. O que falta mais para que as autoridades reconheçam a gravidade da situação? Falta que algum grupo criminoso invada a sede de algum poder constituído? Parece que sim, pois o cidadão comum não tem mais sossego e os empresários vivem sobressaltados diariamente.
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