Jessé Souza

Nada de novo mas preocupante 6341

Nada de novo, mas preocupante Nada surpreende no que foi apontado pelo Atlas da Violência 2018, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os dados são ainda referentes ao ano de 2016, mas dão uma dimensão do que está acontecendo em relação à criminalidade no Estado. Hoje, com a guerra declarada pelas facções criminosas, com certeza os números são bem mais preocupantes do que se apresentava três anos atrás.

Com base nas estatísticas daquele ano, Roraima tem a maior taxa de homicídios de mulheres do país. Foram 4.645 mulheres assassinadas em todo Brasil em 2016, das quais 25 em Roraima, o que representa uma taxa de 10 homicídios por 100 mil mulheres. E o número também foi elevado em relação a mulheres não negras, o que significa uma violência abrangente envolvendo o sexo feminino.

As mulheres roraimenses também sofrem muito com os estupros. Naquele ano, os números apontam que foram 1.468 estupros no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), dos quais somente 234 foram notificados à polícia, conforme dados do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que foi outro dado apontado na pesquisa divulgada nesta terça-feira.

Contextualizando essa realidade, as mulheres vêm comandando a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública nesses anos, além de o Estado ter uma mulher como chefe do Executivo estadual. Ainda assim, enquanto o sexo feminino vem sendo alvo de homicídios e abusos sexuais, a Delegacia Especializada em Defesa da Mulher (Deam) carece de todos os tipos de estrutura e ainda se dá ao luxo de não funcionar nos fins de semana, como se as vítimas só pudessem ser alvo dos criminosos de segunda a sexta-feira.

O Atlas da Violência 2018 faz uma revelação que também não é nenhuma novidade para quem mora aqui: Roraima ocupa a oitava posição em assassinatos de jovens com idades de 15 a 29 anos, totalizando 647 assassinatos nos 10 anos da pesquisa e 92 somente em 2016, considerada a maior alta no período estudado. A realidade atual é muito pior, uma vez que as mortes por execução na guerra entre facções têm essa faixa etária como maiores vítimas.

Significa que tudo o que vem sendo analisado aqui, neste espaço, é muito mais grave do que ocorria há três anos, quando a atual administração estadual começava seu mandato. Valendo lembrar que, naquela época, o êxodo venezuelano nem havia começado, logo ainda não dá para jogar essa culpa nas costas dos imigrantes. Resumindo: essa é a realidade preocupante de um Estado que parece estar à deriva. Salve-se quem puder! *[email protected]: http://roraimadefato.com/main/