Opinião

Opiniao 12 06 2018 6369

Sua vida vale um cigarro? – Walber Aguiar*

“Nesses dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos.” (Renato Russo)

Madrugada. Inverno. O mundo sombrio estava cada vez mais carregado de sombras. Sombras de ódio, marcas de dor, fragmentos de indiferença. A morte rondava os homens, com suas carrancas de medo e ilusão. Um cigarro, uma caixa de fósforos, uma facada. Mais um a engrossar as estatísticas de uma cidade sem educação e segurança.

Depois de desvalorizada a vida e banalizada a morte, não há como deixar em branco um acontecimento desses. Não podemos fingir que não vimos ou ouvimos nada. A não ser que estejamos cegos, surdos, loucos ou extremamente insensíveis.

Quanto vale a sua vida? Uma dose de cachaça, um cigarro de maconha, uma roupa de marca ou um relógio de ouro? Quanto você paga para existir num mundo desajustado e complexo? Estaremos pagando pelo erro de outros ou pelos nossos próprios? Seremos bonecos iludidos pelo livre-arbítrio ou cobaias de um Deus apático e sem graça?

Ora, a teodicéia (Deus é culpado pelo mal) tem várias vertentes. Uma delas é que para valorizarmos o bem temos que experimentar o mal, para conhecermos o alívio precisamos considerar a dor, para entendermos a graça temos que passar pelo sofrimento. Que a cura vem depois da doença. Que se Deus é todo bom ele não pode ser todo poderoso e se ele é todo poderoso ele não pode ser todo bom.

Leibniz, filósofo alemão, num de seus ensaios, diz que a presença do mal no mundo não entra em conflito com a bondade de Deus. Que o livre arbítrio não é um brinquedo posto em nossas mãos; que atraímos sobre nós mesmos o bem ou o mal conforme nossa particular maneira de ver ou de agir.

O que nos assusta, um feto na lixeira, a violência gratuita de quem mata por um cigarro? Quanto vale a sua vida? Será que vale um cargo oferecido por um candidato em ano eleitoral? Se sua vida vale mais que um cigarro ou um pão amanhecido, então sua autoestima também tem que valer algo. O que não se admite é que as pessoas se anulem diante do poder que corrompe ou por ele sejam diminuídas…

A vida pode valer muito ou pouco. Depende daquilo que fizermos com o que fizeram de nós.

Era madrugada. A chuva caía sobre o sangue na calçada. Ali nascia uma profunda reflexão. No canto empoeirado do boteco estavam Deus, um copo de cachaça e uma bagana de cigarro.

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. E-mail: [email protected]

O exame clínico é soberano – Marlene de Andrade*

O que usa de fraude não habitará em minha casa… (Salmos 101:7a). Virou moda solicitar Eletroencefalograma/EEG para quem trabalha em alturas e por isso algumas clínicas do trabalho alugam esse aparelho de uma firma de fora que execute esse tipo de exame. Assim sendo, esse referido exame é solicitado mesmo que não haja história do trabalhador ser epilético ou tenha algum tipo de disfunção cerebral. Isso é medicina ou comércio?

Existem critérios para solicitar o EEG, o qual está contraindicado em pessoas que estejam com curativos pós-cirúrgico na região da cabeça; se usou antes do exame spray ou cremes; infecções do couro cabeludo; uso de megahair; tintura do cabelo há menos de sete dias; presença de seborreia ou de piolhos; jejum prolongado; ingestão de álcool a menos de 24 horas e entre outros, uso de cafeína recente.

O resultado do EEG também pode ser alterado se a pessoa fez exercício físico excessivo e, principalmente devido ao uso de anticonvulsivante, antidepressivo, ou uso de drogas psicotrópicas legais como o álcool e as ilegais, por exemplo, maconha e cocaína. A hipotermia e cabelo sujo também contraindicam esse tipo de exame.

Portanto, o objetivo desse exame é registrar a atividade elétrica cerebral para o diagnóstico de problemas cerebrais como convulsões comuns na epilepsia e doenças degenerativas do cérebro. Se o trabalhador clinicamente não apresenta história de doença cerebral por que hei de solicitar um exame tão caro do empresário? Só para arrancar dinheiro dele?

Se existem suspeitas do trabalhador ter problemas cerebrais eu comunico ao empregador e digo-lhe que o correto é que esse funcionário seja atendido por um neurologista. Além do mais, esperar que um médico de outro estado envie pela internet o resultado do EEG de uma pessoa que ele nunca examinou é um absurdo. E tem mais: existem pacientes com epilepsia que podem apresentar o resultado do seu EEG normal, mesmo possuindo uma disfunção cerebral e aí o que dizer disso?

As clínicas de medicina do trabalho “realizam” esse exame aqui e os envia para outros estados, via internet, onde serão laudados por um médico que não examinou o trabalhador e isso para mim é fraude.

O Empregador pagar por esse exame sem necessidade é um desrespeito ao seu bolso e se ele for realizado num estado e laudado pela internet, sinceramente, tal fato é um assalto à mão desarmada no bolso dos empresários, uma farsa e grande trapaça *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT e Técnica de Segurança do Trabalho/SENA. CRM/RR339- RQE/339.

Grandes emoções – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Quando se aprecia uma maneira sadia de viver, radicada no cultiva das boas emoções como a coisa mais importante, torna-se evidente que o aspecto fundamental da arte de viver consistirá no treinamento e utilização de novas emoções.” (John A. Schindler)

O maior equilíbrio emocional que podemos dar ao nosso corpo é o estímulo das emoções agradáveis e alegres. E se é assim, porque vivemos a vida inteira nos preocupando com desgraças, aborrecimentos, evulgaridades? Alguém já disse que, “O homem geralmente envelhece, mas raramente amadurece”. Verdade nua e crua. Ainda vivemos como os homens da idade da pedra, trogloditas na era digital. Ainda não aprendemos a viver, influenciados pela mediocridade, alimento dos sentimentos negativos tanto quanto nocivos.

Ainda não fomos capaz de aprender que o maior poder para a busca do equilíbrio da saúde está nas boas emoções. E se é assim, por que se preocupar com emoções controladoras do negativo? Ontem assistindo ao jogo da Seleção Brasileira de Futebol, senti esse impacto. Ele é tão banal que ainda não aprendemo
s a vê-lo como um impacto à cultura emocional.

Faz parte da nossa cultura humana. O sentimento de solidariedade. E isso nos torna sensíveis. Mas quando entramos num campo para disputar uma medalha, nada pode intervir em nossos pensamentos positivos. Afinal de contas estamos entrando numa luta onde a maior arma é o positivismo. Não devemos entrar no ringue com braçadeiras de luto, mesmo que o homenageado mereça a homenagem. Ofereça-lhe a vitória, posteriormente. E esta você só obterá com positivismo e não como sentimentos negativos, ainda que sinceros.

A tensão emocional é sempre levada pelo fracasso educacional. E pelo que vemos ainda não há um caminho na Educação, que nos leveao amadurecimento emocional. O que tornaviável as veredas desastrosas do ciúme. E, infelizmente, este ainda serve de orgulho para os que, mentalmente, ainda estão nas cavernas da irracionalidade.

Mas é simples pra dedéu, caminhar pelas veredas ínvias, quando ela nos levam ao pico emocional. Porque quando não sabemos controlar, nos descontrolamos. E o sofrimento emocional chega mais fácil e rápido.

Uma emoção que faça assentar emocionalmente,geralmente proporciona maturidade. Porque só quando maduros sabemos controlar nossas emoções. Então vamos amadurecer para que possamos viver com mais felicidade. E tudo vai depender do aprimoramento da nossa Educação. Vamos nos educar politicamente, para que possamos ser vistos como um povo realmente civilizado. E comecemos pela educação dos nossos pensamentos positivos. Pense nisso.

*[email protected]