Agrotóxicos: ingredientes da sopa de todos nós- Sebastião Pereira do Nascimento*
Atualmente o Congresso Nacional vivencia um acirrado embate envolvendo a política de uso de defensivos agrícolas no Brasil. Isso tudo manifestado pelo projeto de Lei denominado “lei do alimento mais seguro”, que propõe flexibilizar a forma de uso e o controle de agrotóxicos na agricultura brasileira.
De um lado, a bancada política representada pela chamada “frente parlamentar agropecuária”, com absoluta chancela dos setores do agronegócio: Embrapa, Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), organizações dos produtores agrícolas, além das indústrias químicas, nacionais e estrangeiras. Do outro lado, a bancada ambientalista e parlamentares que são contrários ao projeto apelidado de “pacote de veneno”, apoiados por entidades de saúde pública como Instituto Nacional do Câncer (Inca), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de organizações não governamentais e Ministério Público Federal.
A proposta elaborada por grupos que representam o pleno do agronegócio tem como objetivo alterar a Lei de 1989 que trata do uso e do registro de agrotóxicos, herbicidas e pesticidas em todo o território brasileiro. Esses defensivos agrícolas, tratados como grandes vilões do meio ambiente e da saúde humana, caso ocorra a aprovação no congresso, passarão a ser ainda mais potencializadores de suas causas nocivas. O projeto prevê ainda a mudança do termo agrotóxico para produtos fitossanitários, definidos no texto como “agentes físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção”. Também prevê a redução do tempo para o registro e a comercialização dos produtos junto aos órgãos de saúde e meio ambiente. Além da possibilidade de validar o uso de várias marcas de defensivos agrícolas banidos em outros países por causarem graves problemas à saúde da população.
Diante dessa realidade emblemática, o projeto que há mais de uma década se encontrava parado, foi retomado recentemente e está em vias de ser votado, com altas chances de aprovação, visto que dos 26 parlamentares que compõem a comissão que analisa o tema, 20 são membros da bancada ruralista. Passando pela comissão, o projeto deve ser aprovado também pelo plenário da Câmara, já que dos 513 deputados federais, 228, isto é, 44% se declaram membros da mesma bancada – o projeto, já aprovado no Senado, tem como autor da proposta o senador licenciado e hoje ministro da agricultura, Blairo Maggi, um grande empresário do agronegócio no Mato Grosso.
Dos argumentos contrários, muitos acreditam que aprovar uma legislação mais branda fará com que cada vez mais agrotóxicos sejam usados na agricultura e, consecutivamente, aumenta a possibilidade de que os trabalhadores que atuam nas lavouras assim como os consumidores desses alimentos tenham maior possibilidade de contrair doenças graves como cânceres, distúrbios hormonais ou mesmo má-formação genética (principalmente no caso de fetos). Além disso, os agrotóxicos causam sérios problemas aos sistemas aquáticos e à fauna silvestre.
No caso da saúde pública, especialistas do Inca afirmam que o projeto em pauta suspende a proibição imediata da elaboração de um processo de análise de risco, em que haveria níveis aceitáveis para a presença de produtos cancerígenos ou teratogênicos (agentes que causam má-formação fetal). Atualmente a legislação proíbe o registro de qualquer agrotóxico que traga esses riscos, sendo que quando se caracteriza uma substância como mutagênica não existe limite seguro de exposição. Quando alguém entra em contato, já está em risco. Não há como estabelecer o limite.
Diante disso, fica a recomendação do médico Guilherme Franco Netto, especialista da Fiocruz, quando diz que o país deveria trabalhar no sentido de aprimorar a lei atual, não só fortalecendo os órgãos reguladores, como também trabalhar na perspectiva de incrementar uma produção de alimentos de maneira mais saudável.
Em suma, seria premente a sociedade brasileira se mobilizar e advogar contra essas manobras nocivas do agronegócio, visto que logo em breve toda a população será afetada pelo uso maciço de agrotóxicos, considerando que cada pessoa poderá engolir sua quota-parte de veneno, a partir da eminência de comer diariamente uma sopa de defensivos agrícolas, com sobremesa de herbicidas e sucos de pesticidas. Assim, como diz Rachel Carson (no livro Primavera Silenciosa), “…cada um dos seres humanos está agora sujeito a entrar em contato com substâncias químicas perigosas (ou elixires da morte como ela mesma denominou), desde o momento em que é concebido, até ao instante de sua morte”.
*Filósofo; E-mail: [email protected]
O DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE – José Pedro Naisser*
Pouco ou nada podemos comemorar com relação ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a não ser a lembrança de que os governantes abandonaram a agenda ambiental, o Donald Trump saiu do Acordo do Clima de Paris e partiu para a energia do carvão, as decisões tomadas na COP21 em Paris em 2015 estão paradas por falta de vontade política, nem mesmo a Encíclica do Papa Francisco Laudato Si eles respeitaram e o que é pior o Nível de Poluição Atmosférica nas Cidades aumenta a cada ano, e milhões de pessoas são afetadas com doenças pulmonares, cardíacas pelo Monóxido de Carbono CO2, e o Dióxido de Enxofre do Diesel que virou notícia mundial com relação à greve dos caminhoneiros, só que não existem combustíveis alternativos para substituição do ouro negro, como diz o Zagalo, temos que engolir ele.
Enquanto isso, venho propagando ao mundo uma nova ordem para as cidades, como uma forma de melhorarmos a qualidade do ar por uma rearborização mundial de árvores urbanas, como uma forma de reduzirmos a poluição atmosférica.
Uma luta sem fim, remando contra os tsunamis e marés, mas seguimos em frente, utilizando a Educação e o Legado de Nelson Mandela para chegarmos às mentes e corações daqueles que querem um mundo melhor. Estamos fazendo nossa parte.
*Ecologista; E-mail: [email protected]
A procura- Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Um ser humano rico procura ouro na sociedade, um ser humano sábio garimpa ouro no solo do seu ser”.
Você acha mesmo que o mundo, hoje, está mais violento do que no passado? Corta essa. O que acontecia era que naquela época não tínhamos televisão nem jornais. Todos nós conhecemos a história do Tamerlão. O cara foi e é considerado o mais feroz de todos os conquistadores da Mongólia no século XIV, da era cristã. Numa de suas invasões, os habitantes do país invadido reuniram mil crianças e com elas formaram uma parede, na tentativa de intimidar, emocionalmente, o Tamerlão, e ele desistir da invasão. Pura ingenuidade. Sem pestanejar, o cara ordenou à cavalaria que passasse por cima das crianças, esmagando-as todas sob os cascos dos cavalos.
Mas ele não parou por aí. Certa vez ele invadiu Bagdá, ordenou a seu exército que matassem todos os habitantes. E com as cabeças dos mortos ele mandou montar 120 pirâmides espalhadas por toda cidade. A filosofia do cara era: “A terra deve ter um só dono como o céu tem um só Deus”. A fera, se é que é assim que deve ser considerado, morreu em 1403.
Desculpem-me pela grosseria do assunto, mas não podemos, nem devemos ignorar os fatos que a história, hipocritamente camufla. Procure combater a violência dentro de você. Não fique aí procurando pepitas onde não há ouro. Só quando nos conhecermos seremos capazes de nos livrarmos de todo e qualquer tipo de violência. Afinal, somo todos de origem racional. E a maior das violências está, certamente, na banalização e vulgarização da violência midiática. Se você assistir a todos os telejornais, certamente vai acabar ficando doente. Isso não quer dizer que não devamos assistir-lhes. Mas isso requer um aprimoramento que não é fácil. É quando já estamos preparados para sermos nós mesmos em condições culturais, espirituais, emocionais e mentais, para ver e ouvir o fato, sem se impressionar com ele. Quando nos impressionamos com os fatos, estamos vivendo em função deles. Presos a eles e nos esquecendo de nós mesmos. E é aí que a onça bebe água, a porca torce o rabo e a vaca vai pro brejo. E você fica sozinho no cercado. E nem mesmo percebe que está encurralado.
Quando nos deixamos levar pela onda, infalivelmente nos afogamos nela. A morte estúpida de pessoas mortas nas ruas, na batalha doentia na desordem, dá-nos a lição valiosa. Numa declaração pública de uma mãe de uma vítima de tiros nas ruas, sentimos os horrores em que ainda vivemos. Vamos fazer nossa parte para mudar melhorando o mundo. Para que possamos esquecer um passado que deve ser esquecido, alimentando nossa cultura com a Educação. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460