Jessé Souza

Quadro de nossa des educacao 6464

Quadro de nossa (des) educação   As provas do concurso da Assembleia Legislativa, aplicadas no domingo passado em escolas públicas, possibilitaram que os candidatos observassem a situação das salas de aula da rede estadual. Na Escola Maria das Neves Resende, no bairro Asa Branca, zona oeste, algumas salas apresentavam uma cena desoladora: ventiladores quebrados, paredes rachadas, sujeira e muita pichação, inclusive algumas chamaram a atenção pelo conteúdo.

Em uma dessas salas havia pichações fazendo apologias a duas facções criminosas. E uma garota registrou uma ameaça explícita contra outra menina, escrevendo que iria matar e cortar a cabeça da rival, à semelhança das execuções praticadas pelo crime organizado. Como as pichações não foram apagadas, supõe-se que não houve providências por parte da escola para sequer comunicar o fato aos gestores nem à polícia.

As cenas de escolas em péssimas condições se repetiram em outras unidades, mas o que foi relatado na Maria das Neves chama a atenção pelas contundentes pichações que indicam a ação de facções (ou apologia a elas) e a passividade da direção daquela unidade para tomar providências a fim de não só apagar as marcas do vandalismo e mensagens criminosas, mas também de apurar os fatos para responsabilizar os envolvidos.

Quem mora em Boa Vista há muito tempo sabe que aquela escola é rodeada pela violência. Historicamente, a praça que fica logo atrás do prédio é ponto de venda de drogas e local de encontro de marginais. Mas essa não é uma realidade exclusiva daquela escola. Outras vivem em situação semelhante e um dia sonharam com a existência de uma Patrulha Escolar da Polícia Militar, que não vingou, a exemplo de outros programas implantados por aquela instituição militar por falta de investimento e apoio do governo.

Se o Estado não está cuidando do básico, que é a manutenção dos prédios escolares e o combate ao vandalismo, seja pela conscientização ou pela repressão mesmo, é óbvio que não conseguirá manter qualquer tipo de trabalho contra as drogas e violência ao arredor das escolas e na comunidade de uma forma geral. Esse governo sequer mais fala em polícia comunitária, que foi anunciada com festas e solenidades no início da atual gestão.

A única atitude tomada pelo governo foi repassar algumas escolas para a Polícia Militar, a chamada militarização das escolas, como forma de desespero mesmo, porque não consegue mais impor ordem e segurança nas unidades escolares cercadas pela violência para que os educadores possam fazer o seu papel. É a educação minada pelo crime com escolas largadas pelo governo. Diante desse quadro, desenha-se um futuro sombrio.

*Colaborador [email protected] Acesse: www.roraimadefato.com/main