Quadro de nossa (des) educação As provas do concurso da Assembleia Legislativa, aplicadas no domingo passado em escolas públicas, possibilitaram que os candidatos observassem a situação das salas de aula da rede estadual. Na Escola Maria das Neves Resende, no bairro Asa Branca, zona oeste, algumas salas apresentavam uma cena desoladora: ventiladores quebrados, paredes rachadas, sujeira e muita pichação, inclusive algumas chamaram a atenção pelo conteúdo.
Em uma dessas salas havia pichações fazendo apologias a duas facções criminosas. E uma garota registrou uma ameaça explícita contra outra menina, escrevendo que iria matar e cortar a cabeça da rival, à semelhança das execuções praticadas pelo crime organizado. Como as pichações não foram apagadas, supõe-se que não houve providências por parte da escola para sequer comunicar o fato aos gestores nem à polícia.
As cenas de escolas em péssimas condições se repetiram em outras unidades, mas o que foi relatado na Maria das Neves chama a atenção pelas contundentes pichações que indicam a ação de facções (ou apologia a elas) e a passividade da direção daquela unidade para tomar providências a fim de não só apagar as marcas do vandalismo e mensagens criminosas, mas também de apurar os fatos para responsabilizar os envolvidos.
Quem mora em Boa Vista há muito tempo sabe que aquela escola é rodeada pela violência. Historicamente, a praça que fica logo atrás do prédio é ponto de venda de drogas e local de encontro de marginais. Mas essa não é uma realidade exclusiva daquela escola. Outras vivem em situação semelhante e um dia sonharam com a existência de uma Patrulha Escolar da Polícia Militar, que não vingou, a exemplo de outros programas implantados por aquela instituição militar por falta de investimento e apoio do governo.
Se o Estado não está cuidando do básico, que é a manutenção dos prédios escolares e o combate ao vandalismo, seja pela conscientização ou pela repressão mesmo, é óbvio que não conseguirá manter qualquer tipo de trabalho contra as drogas e violência ao arredor das escolas e na comunidade de uma forma geral. Esse governo sequer mais fala em polícia comunitária, que foi anunciada com festas e solenidades no início da atual gestão.
A única atitude tomada pelo governo foi repassar algumas escolas para a Polícia Militar, a chamada militarização das escolas, como forma de desespero mesmo, porque não consegue mais impor ordem e segurança nas unidades escolares cercadas pela violência para que os educadores possam fazer o seu papel. É a educação minada pelo crime com escolas largadas pelo governo. Diante desse quadro, desenha-se um futuro sombrio.
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