Cotidiano

Matadouro público é interditado e abates de animais são suspensos

Mais de 150 bois deixaram de ser abatidos ontem, deixando pecuaristas no prejuízo, porque empresa não entregou kits de segurança

Funcionários do Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafir) não trabalharam ontem por falta do equipamento de proteção individual (EPI). A empresa vencedora da licitação não entregou o material no prazo previsto, o que causou prejuízo ao Governo do Estado, pois, em apenas um dia, mais de 150 bois deixaram de ser abatidos.

Sem equipamento de proteção e higiene, cerca de 40 funcionários, dez ligados diretamente ao setor de abate, ficaram sem fazer nada o dia todo. O vice-presidente do Sindicato dos Urbanitários, Roberto Rivelino, disse que a entidade está acompanhando o andamento dos serviços no Mafir e cobrando melhorias para os trabalhadores. “Desde a semana passada estamos no Mafir reivindicando os equipamentos de proteção individual e de higiene, e também o pagamento do salário até o 5º dia útil do mês, o que não vem acontecendo, contrariando a lei”, denunciou.

O sindicalista confirmou que a média de abate diário no Mafir é de 150 bois, cada um pesando de 250 a 300 quilos, “limpo”, ou seja, só a carne. Um servidor da direção do Mafir informou que o EPI seria entregue aos trabalhadores ainda ontem, no final da tarde, o que não ocorreu até o encerramento da matéria, às 17h.

O kit do EPI é composto por bota, luvas, aventais, máscaras, capacete e outros acessórios de segurança. Sem o equipamento, fica praticamente inviável a execução do abate. Descartado material de higiene, a carne bovina corre até risco de contaminação, segundo técnicos da Vigilância Sanitária.

GOVERNO – O Governo do Estado afirmou que, na semana passada, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fez algumas exigências para serem implementadas no Mafir, que foi encontrado com essa série de deficiências a serem corrigidas. “No entanto, a maioria já foi atendida, como, por exemplo, o conserto do moinho para produção da farinha de osso e melhorias das facas e pedras de amolar”, frisou.

Uma terceira exigência é quanto às vestimentas, de forma mais urgente às botas dos funcionários. A Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) afirmou que tem se empenhado em adquirir as botas o mais rápido possível para atender o prazo dado pelo Ministério, às 8 horas desta terça-feira, 13, quando 90% da quantidade de botas já tinham sido fornecidas pela empresa que venceu a licitação. As demais chegariam em seguida, o que aconteceu por volta das 10 horas.

“Porém, não foi autorizado pelo Ministério o início do abate sem a quantidade total de botas exigidas e muitos funcionários já não estavam mais no local quando foram disponibilizadas a quantidade total de botas para o abate e sistema de qualidade”, justificou o governo.

“Contudo, a Codesaima reforça que não houve prejuízos, já que os cerca de 250 animais que estão no curral serão abatidos nesta quarta-feira, dia 14, juntamente com os demais previstos. Além disso, ao longo do mês de outubro, chegarão os demais equipamentos de proteção individual, como capacete, luvas, óculos e protetor auricular. Outra melhoria já prevista no Mafir, e que terá início nos próximos dias, é a reforma do curral, com investimento previsto de R$ 400 mil”, complementou o governo.

Pode faltar carne em Boa Vista em três dias, alerta superintendente

O superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Roraima, Plácido Alves, fez um alerta ontem à tarde: se o Mafir ficar interditado por três dias, faltará carne em Boa Vista. Ele explicou os motivos da interdição: falta do EPI e também de equipamentos para o corte da carne, como facas e serras.

“O Ministério e o Mafir fizeram um acordo que, na verdade, é um plano de ação, mas o matadouro não vem cumprindo. Na semana passada, notificamos o Mafir duas vezes e não tomaram providências, por isso agora o interditamos até que as medidas sejam tomadas, pois nossa preocupação, acima de tudo, é com a saúde pública”, frisou.

O superintendente lamentou que no Mafir falte até material de limpeza. Também falou da falta de adequações no curral. Com a interdição, os bois que chegaram no fim de semana perdem peso a cada dia, entre 10 e 15 quilos, prejuízo certo aos pecuaristas.

“Sem falar no bem-estar do animal, que sofre debaixo deste sol. Só esperamos que o problema seja resolvido o quanto antes para que o matadouro volte a funcionar normalmente”, frisou. Mas, para funcionar, segundo ele, é preciso que o Mafir cumpra com o acordo que assinou este ano com o Ministério da Agricultura.