Dia da Poupança: reflita sobre as suas finanças
Dora Ramos*
Embora nem todos saibam, 31 de outubro é o Dia Mundial da Poupança. E parece que a data foi escolhida “a dedo”, pois é justamente nessa época do ano em que somos bombardeados por inúmeros convites que incentivam o consumo. Comerciais de televisão, banners na internet e propagandas nas ruas exalam a necessidade da aquisição de determinado produto. E é aí que o consumidor deve estar atento, pois, no começo do ano seguinte, gastos inadiáveis como IPVA, IPTU e matrícula escolar dos filhos começarão a aparecer.
Organizar as finanças e controlar o impulso na hora das compras de Natal são dois passos essenciais para quem deseja entrar em 2017 livre das dívidas e sem que o cartão de crédito esteja sobrecarregado. Fazer questionamentos do tipo “eu realmente preciso desse produto?”, “isso é imprescindível neste momento?”, “por quanto tempo vou pagar por essa mercadoria?” já é um exercício que ajuda na definição das prioridades.
Além de economizar com as compras de fim de ano, é importante planejar o orçamento para conseguir ter uma poupança satisfatória. Ainda é pequeno o número de brasileiros que possuem algum tipo de poupança ou formas de investimento no longo prazo. A baixa taxa de rendimento e os baixos salários são sempre citados como os maiores empecilhos por quem não consegue poupar, mas também há fatores comportamentais envolvidos nessa questão: é fundamental que a forma de pensar seja mudada para que a poupança possa ser vista como algo que pode transformar-se na semente de um grande investimento, o que, dependendo do seu empenho e administração, pode resultar em lucro e sucesso, assim criando uma nova fonte de renda.
Saber investir também é um fator importante, pois, se feito da maneira correta, o dinheiro pode crescer de forma inesperada. As correções, taxas de juros e ganhos de capital mostrarão mais tarde o quanto vale a pena se esforçar para poupar e abrir mão de alguns gastos nos dias de hoje. Faça cálculos, anote detalhadamente todas as despesas e veja quanto a soma de todas as suas parcelas pode comprometer o orçamento. Desta forma, será possível dimensionar as dívidas e evitar que contas inesperadas vençam sem que possa pagá-las, acarretando juros, multas e outras complicações. Aproveite o Dia Mundial da Poupança para refletir a respeito e dar o primeiro passo para um novo e rentável planejamento financeiro.
*Educadora financeira e diretora responsável pela Fharos Contabilidade & Gestão Empresarial (www.fharos.com.br)
Saber aprender é mais do que aprender
Ronaldo Mota*
Houve um período, em um passado bem recente, em que o domínio de determinado conteúdo, acrescido de alguns procedimentos e técnicas, poderiam ser suficientes para que um profissional atendesse plenamente as demandas daquela época. O modelo de desenvolvimento econômico e social era compatível com tais exigências e as escolas, em todos os níveis, corresponderam às expectativas, cumprindo de forma exemplar o que estava previsto.
O drama é que o tempo, inexoravelmente, flui e mudanças drásticas, rápidas e profundas estão em curso, alterando de forma radical esse contexto. As tecnologias digitais apontam, a passos acelerados, para uma sociedade em que a informação estará totalmente acessível, de forma instantânea e basicamente gratuita. Educacionalmente, aquilo que um dia havia sido suficiente permanece necessário, mas novos ingredientes e características adicionais estão presentes com a mesma, ou maior, importância.
Na Revolução Industrial e, especialmente, durante o século XX, os predicados de um bom profissional estavam associados aos padrões de produção nos moldes fordistas e tayloristas e nas competências que lhe fossem compatíveis. O mundo contemporâneo apresenta desafios inimagináveis há poucas décadas, passando por um aspecto essencial associado ao processo de aprendizagem. Se o relevante era o que havia sido aprendido, hoje o que mais importa é o quanto o educando aumentou sua compreensão e controle sobre seu próprio processo cognitivo. Ou seja, o incremento do nível de consciência acerca de como ele aprende, permitindo, em conjunto com os demais atores do processo, gerar estratégias educacionais personalizadas que atendam suas particularidades e peculiaridades.
Denomina-se metacognição a esse conjunto de abordagens que transcende a cognição simples. As habilidades metacognitivas incluem: i) o conhecimento da cognição, contemplando o conhecimento dos fatores associados ao desempenho na aprendizagem, o domínio de vários tipos de estratégias adotadas para aprender esaber customizar cada estratégia para situações específicas; e ii) a regulação da cognição, dizendo respeito ao estabelecimento de planejamento e metas, monitoramento e controle da aprendizagem e avaliação da própria regulação, especialmente dos resultados e das estratégias adotadas.
Em suma, o estímulo para que os educandos reflitam sobre seus próprios processos e estratégias implica em autorreflexão e exigência de aprender trabalhar em equipe, incluindo a prática de entender o outro, desta forma promovendo a aprendizagem colaborativa e independente, indispensável em um cenário de aprendizagem permanente ao longo da vida. No processo formativo do educando, agregam-se às características tradicionais de natureza mais técnica, um conjunto de elementos socioemocionais, os quais alguns enxergam como sendo uma recuperação de elementos humanísticos em contraposição às ênfases exclusivamente tecnológicas. Tal dinâmica pode, igualmente, ser vista à luz da priorização dos instrumentais metacognitivos (saber aprender) em complemento à versão mais antiga de cognição simples.
Do ponto de vista dos empregadores de profissionais de nível superior e do aproveitamento de novas oportunidades de negócios por parte dos próprios formandos, aquilo que se aprende nas abordagens clássicas do ensino superior continua sendo indispensável, ainda que insuficiente, para as atividades do universo profissional atual. No entanto, as abordagens inovadoras que privilegiam as habilidades metacognitivas serão sim as definidoras dos níveis de sucesso desses cidadãos ao longo do cumprimento de suas missões, sejam elas quais forem.
*Chanceler da Estácio
O álcool e o papel do médico
Guilherme Messas*
Os médicos têm papel fundamental no controle e no tratamento de problemas relacionados ao consumo de álcool. Os problemas ligados à bebida acontecem de diversas maneiras. Estão no cotidiano, quando a pessoa que bebe no dia a dia, por exemplo, bate o carro ou comete alguma ação irresponsável e em casos de uso abusivo ou dependência.
Como tudo isso acontece no dia a dia das famílias, a pessoa que mais consegue influenciar esse comportamento, por ter mais contato com as famílias e com os pacientes, é o profissional médico, que tem a capacidade de convencer as famílias que está acontecendo um problema, podendo ajudá-las a dar um encaminhamento profissional para um problema muito frequente na sociedade brasileira.
É um grande desafio nacional conseguir alertar e convencer os médicos do papel extremamente relevante que eles têm para apoiar as pessoas que já enfrentam necessidades de atendimento e orientação e as famílias que precisam de apoio social e que podem ter no médico o melhor instrumento para isso.
*Psiquiatra especialista em Álcool e Drogas, é Professor e Coordenador do Programa de Duplo Diagnóstico em Álcool e Outras Drogas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Coordenador da Câmara Temática Interdisciplinar sobre Drogas do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Contato: [email protected]
Só aprendemos fazendo
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“A habilidade para falar com as pessoas é um produto pelo qual se paga como pelo açúcar e o café. E eu pagarei mais por essa habilidade do que por qualquer outra coisa”. (Rockefeller)
Países economicamente desenvolvidos, como os Estados Unidos, por exemplo, sempre deram muita importância às Relações Humanas no Trabalho. Logo depois da crise econômica de 1929, seu empresariado acelerou os treinamentos para o bom relacionamento nas empresas. Foi em 1935 que aconteceu o mais exemplar dos movimentos pelas relações humanas, no trabalho, na família e na sociedade de modo geral. Já no início de 1935 aconteceu a famosa palestra do Dale Carnegie, em Nova Iorque. Ele conseguiu reunir duas mil e quinhentas pessoas, a maioria de empresários, para uma palestra. E o mais importante nisso tudo foi ele ter percebido que o empresariado, dadas as circunstâncias do sufoco da crise econômica, não estava interessado em palestras de grande profundidade intelectual. O que estava mesmo em foco era a importância das relações humanas na sua raiz; no mais simples e coloquial.
Estudos da época indicavam que o cidadão norte-americano estava, em primeiro lugar, preocupado com a saúde; depois sua preocupação estava concentrada no relacionamento com as outras pessoas. Sabia-se que sem um bom relacionamento não pode haver entendimento, e sem entendimento não há desenvolvimento. Uma política bem racional. E que até hoje, setenta e cinco anos depois, no Brasil ainda reagimos a essa verdade. Ainda consideramos as relações humanas e a cultura, como algo superficial; como se uma não estivesse relacionada à outra. Sem uma, a outra não sobrevive. E como não damos importância nem a uma nem à outra, continuamos sem saber para onde vamos nem como nos desenvolver. Impressionamo-nos mais facilmente com o elevado nível da psicologia do que com a habilidade nas sugestões para o relacionamento humano.
É comum empresas e órgãos públicos considerarem um absurdo, o investimento de, por exemplo, quatro mil reais por mês com o treinamento em relações humanas; é muito custo para fazer o funcionário aprender a importância da simplicidade, na descoberta de si mesmo. Tal absurdo ainda é comum entre nós. Não é à toa que no início desta década, grandes empresas tiveram um grande problema com os pedidos de demissão de grandes executivos, sem aparente justificativa. Só depois se descobriu que eles estavam se demitindo porque as empresas não os deixavam trabalhar. E isso porque eles relegavam os anacrônicos métodos de trabalho. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 9121-1460