Bom Dia,

As urnas falaram. Em nível nacional deu o resultado que já vinha sendo desenhado pelas pesquisas de intenção de votos divulgadas antes da eleição e na boca de urna. Depois de muitas décadas, os eleitores tupiniquins decidiram enfrentar de peito aberto uma opção de governo com uma linha ideológica bem definida: de direita ou de esquerda, e por isso colocaram no segundo turno das eleições de um lado, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

Bolsonaro representa e incorpora um movimento que busca adotar no Brasil um governo de práticas liberais; de enfrentamento ao ambientalismo internacional; dos grilhões que se impôs ao Brasil, via o regime internacional de direitos humanos; de resgate de valores pátrios; de desaparelhar as instituições de militantes de esquerda em quase todas as instituições de aparato estatal; de respeito aos costumes na velha tradição cristã da família brasileira; especialmente de resgatar a credibilidade da população em relação ao enfrentamento da violência que esgarça o tecido social brasileiro.

O partido de Bolsonaro é nanico, só agora ganhou um pouco de musculatura ao eleger 53 deputados federais e quatro senadores. A surpreendente votação dele no primeiro turno das eleições é fruto de um movimento nacional suprapartidário que cultua esses mesmos valores: quer Estado menor; mais respeito à meritocracia; de controle dos gastos públicos; e de combate ao pagamento de juros muito altos. Bolsonaro também se apresenta como o condutor de ações para moralizar a vida pública, e as práticas políticas que levaram o Brasil a atravessar uma das piores crises moral, ética e econômica de sua história.

Fernando Haddad é o candidato de outro movimento que dominou a cena da política brasileira dos últimos 15 anos: o lulismo/petismo. Tal movimento, de tendência esquerdista, prega o intervencionismo estatal; o assistencialismo; o controle da imprensa; a ampliação dos gastos públicos; uma educação com conteúdo político/ideológico das escolas; a liberação de costumes com política ampla da ideologia de gênero; a inserção do Brasil no contexto da globalização, dentro ditames do ambientalismo internacional; um alinhamento internacional marcado por identidade ideológica.

Diferentemente de Bolsonaro, Fernando Haddad tem uma estrutura partidária bem organizada, que liderou uma coalizão de governo por 13 anos; governa vários estados e municípios; tem profundo enraizamento com o movimento sindical de esquerda e com os movimentos sociais também de esquerda. Haddad é o candidato do ex-presidente Lula da Silva (PT), que se encontra numa cela especial da Superintendência da Polícia Federal de Cutitiba cumprindo prisão, em regime fechado, por condenação da Justiça Federal de segunda instância, por acusação de corrupção. O líder não é o candidato presidencial, mas o líder popular que comanda à mão de ferro seu partido. 

Bolsonaro, por sua vez, é o líder inconteste de sua candidatura. Tem muitos seguidores dentro do Congresso Nacional, e o apoio cada dia mais explícito de vários segmentos empresariais, inclusive, do agronegócio que vem de muito tempo sendo a âncora que impede maior descalabro da economia brasileira. Haddad, por sua vez, não comanda seu partido e terá de negociar muito com as várias tendências existentes no PT.

Se Bolsonaro ganhar terá de negociar com partidos e parlamentares fisiológicos, querem cargos e verbas federais para apoiar o governo. Haddad corre o risco de enfrentar os mesmos problemas enfrentados pela ex-presidente Dilma Rousseff, que tinha entre seus companheiros petistas no Congresso Nacional a maior resistência aos ajustes na política econômica.

De qualquer forma, a decisão dos eleitores de colocar frente a frente duas opções ideologicamente diferentes é muito mais salutar do que os governos de Fernando Henrique Cardoso e de Lula da Silva, que utilizaram a máscara da social democracia para disfarçar suas inclinações esquerdistas populistas.