Bom dia,

Está cada vez mais claro que os eleitores e eleitoras brasileiras votaram no primeiro turno pela radicalização da eleição no segundo turno. O resultado que levou para disputar este segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), reduziu a pó qualquer possibilidade de ser criado um ambiente de conciliação nacional. Bolsonaro, por várias de suas condutas ao longo de sua vida política, acena com práticas de governo com matizes conservadoras, e mais ainda, tem na sua ilharga gente que prega o desrespeito às instituições republicanas, que apesar de suas mazelas são essenciais à vida democrática.

Fernando Haddad, um professor universitário e de vida acadêmica razoável, não é senhor da própria candidatura, tem igualmente na ilharga gente que dá medo e que atenta contra valores caros a sociedade capitalista que somos. Tem ainda defensores de censura à imprensa – eles a chamam de controle social da mídia-; invasores de propriedade privada; gente defensora de política de coitadinhos; e que parece nutrir ódio visceral aos que, mesmo com trabalho honesto, são bem-sucedidos na vida. Eles são os principais responsáveis pela preocupante divisão entre os brasileiros e as brasileiras.

É neste cenário que estaremos indo para as urnas no próximo domingo (28.01). E, infelizmente, seja qual for o resultado, e mesmo com a redução de sua vantagem em relação à Haddad, indicada nas últimas pesquisas de intenção de votos divulgadas, parece haver uma possibilidade muito grande de Bolsonaro virar presidente, ele vai herdar um país dilacerado pela divisão de sua população. E torcer para que o vencedor tenha a sabedoria, a temperança e a vontade de construir as pontes para o entendimento nesta Nação, que se partiu ao meio.

NAZIFASCISMO

O que mais assusta nesta reta final de campanha, também em nível local, são as demonstrações explícitas de nazifascismo que partem de alguns personagens que, montados na soberba de quem já ganhou, ameaçam de retaliação quem eles imaginam deles discordar. É conduta muito própria de quem desconhece nas entranhas o exercício do poder, e imagina que tê-lo significa fazer o que quer. Não é bem assim, vivemos numa sociedade muito mais complexa do que eles imaginam. Os nazifascistas pensavam assim, e quebraram cara, mesmo que isso tenha custado a morte de milhões de pessoas.

SIGNIFICADO 1

Pouca gente, especialmente os neófitos em política, acredita que a eleição que se está disputando neste segundo turno é para que os eleitores e eleitoras escolham, entre dois nomes, quem chefiará o poder executivo a partir de janeiro de 2019.  E só isso. Do ponto de vista do exercício do poder estatal, a realidade é muito mais complexa, e inclui o compartilhamento do Poder Executivo com o Poder Legislativo, Poder Judiciário, e com órgãos autônomos como o Ministério Público, o Tribunal de Contas, o Ministério Público de Contas e a Defensoria Pública. Esses demais poderes e órgãos são protagonistas em pé de igualdade em relação ao executivo.

SIGNIFICADO 2

Além de outros poderes, quem chefiará o poder executivo terá de conviver com as pressões e contrapressões das corporações de empresários, de trabalhadores, classistas e todo esse emaranhado de representações sociais próprios de uma sociedade complexa como a nossa. No topo de tudo, o exercício do poder inclui a necessidade de resgatar os compromissos de campanha assumidos perante a população, que só serão alcançados pela possibilidade de o chefe do Executivo articular-se com todas essas forças estatais e sociais descritas acima.

EGO 1

O candidato Fernando Haddad (PT) ensaiou uma reação nos últimos dias subindo cerca de quatro pontos percentuais nas pesquisas de intenção de votos publicadas nesta semana. Em direção inversa, Bolsonaro caiu também quatro pontos nas mesmas pesquisas, afastando de vez a ideia de que ele daria um banho de votos no adversário. O crescimento da candidatura de Haddad coincidiu com o afastamento dele – deixou de visitar Curitiba todas as segundas-feiras- do ex-presidente Lula da Silva.

EGO 2

Da sala especial na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde se encontra cumprindo pena de prisão em regime fechado, o ex-presidente Lula da Silva não consegue controlar o ego. Sem razão aparente, ele decidiu voltar à ribalta, escreveu na prisão, e mandou publicar uma carta onde indaga por que razão o PT é tão odiado; defende seu governo e de quebra pede voto para Haddad. Parece ser um tiro no pé do candidato petista, afinal, seu crescimento era atribuído ao fato de que sua candidatura começava a ser vista como muito maior que o PT.

GUERRA

Na reta final de campanha aqui no Estado, os marqueteiros abriram a “caixa de ferramenta”. No último programa do horário da propaganda gratuita no rádio e na televisão, os marqueteiros de Antonio Denarium (PSL) acusaram Anchieta Júnior (PSDB) de ter plagiado o programa de governo de Aécio Neves, que disputou a campanha presidencial contra Dilma Rousseff em 2014. O tucano negou que tivesse copiado, mas admitiu que a base programática fosse parecida, afinal, os tucanos têm uma mesma visão na forma de governar. Em tempo: os dois candidatos esquecerem-se de pedir votos.