Opinião

Opiniao 31 10 2018 7165

Golpe de Estado

Sebastião Pereira do Nascimento*

I

Do sol da liberdade a pátria amada lamenta

Atormentada pelo hediondo passado inglória

E agora mutilada por vassalos inebriantes

Energúmenos, que revelam seus piores instintos

Escórias de uma elite ignorante e violenta

Que abriga em si a maior das agruras humanas

Caráter de quem é digno de aversão ao outro

Ou de quem ostenta a flâmula do ódio visceral

Hoje os raios que eram fúlgidos, já não cintilam

E até a igualdade se resvala dos braços fortes

Vivendo agora interpelada pela própria sorte

E talvez a morte… amanhã quem sabe, a morte!

Do que era uma pátria amada… antes gentil…

Agora é apenas uma pátria amarga, sem zelo

E o povo hoje aturdido… antes tão varonil…

Mas que não foge à luta de tanta incerteza

Pois, os detratores apavoram os seus ideais

Amalgamados, assustam a garantia de vida

Cerceiam os debates e os movimentos sociais

Pelo simples fato de sermos apenas humanos

Nos nossos bosques já não existem flores

Em nossas vidas, nunca mais amores…

Só armas, açoites, sangues, tumbas e horrores

E tudo o que vir depois, é o que dar mais medo.

II

A conspiração se fez de forma resoluta, estóica…

Trazendo logo o estado da arte, o impeachment

Depois, as emoções destrutivas da ignorância

Agora ergue infausto e sombrio o destino do país

Onde repressores se espelham em armagedom

Quão sectários são eles que reincidem no ódio

Agora o povo ciente pressente a luta final…

E tantas outras que virão entre as forças do mal

Foi um golpe dissimulado de “democracia”

Usurpando o livre-arbítrio e os ideais comuns

Agora não há mais limites, só cólera e misoginia…

Acautelam-se aqueles que não cederam, os fortes   

Cujos os fascistas incitam com ira e hostilidade

E ressuscitam o que estava oculto por vaidade

A intolerância, desejo sôfrego das elites servis

Quanto aos lacaios, destinam-se ser torturadores…

Logo o déspota abdicará da ordem pela desordem

Afinal, o fisiologismo restituiua ditadura…

Coisas do Brasil, onde a bala anula a resistência

E a esperança é morta no instante do despertar   

Quanto à tirania, será permitida na pior situação

Onde o pleno exerce o direito de fazer justiça

Ceifando a vida e a liberdade de cada cidadão…

E tudo o que vir depois, é o que dar mais medo.

*Filósofo e Poeta

[email protected]

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ASSÉDIO SEXUAL NO TRABALHO

Dolane Patricia* Maria Elline Cruz**

Os casos de assédio sexual no trabalho têm aumentado significativamente. Dessa forma, é necessário apresentar informações e conhecimentos acerca desse assunto, com o intuito de despertar na sociedade a busca pela garantia dos seus direitos e valores sociais do trabalho (SILVA, 2007).

A caracterização de assédio sexual, conforme descreve Barros (2011), pode apresentar-se de várias formas, podendo classificar em três as mais evidentes: não verbal, verbal e física.

Poderá assumir a forma não verbal (olhares concupiscentes e sugestivos, exibição de fotos e textos pornográficos seguidos de insinuações, passeios frequentes no local de trabalho ou diante do domicílio da vítima, perseguição à pessoa assediada, exibicionismo, entre outros).

Verbal: (convites reiterados para sair pressões sexuais sutis ou grosseiras, telefonemas obscenos, comentários inoportunos de natureza sexual).

Física: (toques, encurralamento dentro de um ângulo, roçaduras, apertos, palmadas, esbarrões propositais, apalpadelas, agarramentos, etc.). Na maioria das vezes, os gestos são acompanhados de linguagem sexista (BARROS, 2011, p. 747).

A caracterização de assédio sexual definida por Delgado (2012, p. 1.249) é “a conduta de importunação reiterada e maliciosa, explícita ou não, com interesse e conotações sexuais, de uma pessoa física com relação a outra”. Lipmann (2001) caracteriza o assédio sexual como:

“(…) o pedido de favores sexuais pelo superior hierárquico, com promessa de tratamento diferenciado em caso de aceitação e/ou de ameaças, ou atitudes concretas de represálias no caso de recusa, como a perda de emprego, ou de benefícios. (…) É a cantada desfigurada pelo abuso de poder, que ofende a honra e a dignidade do assediado.” (LIPMANN, 2001, p.1)

Nessa mesma linha de pensamento, Aref Abdul Latif (2007) define assédio sexual como o ato de: Importunar ou perseguir alguém com pedidos ou pretensões impertinentes e insistentes, com conotação sexual explícita ou implícita.

Assim, trata-se de uma conduta sexual não desejada, que deve ser repelida pelo assediado, ocorrendo de maneira reiterada, tolhendo desta feita a liberdade sexual deste. Por afetar diretamente a liberdade do próprio corpo, gera enorme constrangimento, acentuando-se ainda mais no ambiente de trabalho (AREF ABDUL LATIF, 2007, p.4).

Portanto, o assédio sexual se caracteriza com um comportamento repetido, que nem sempre ocorre de forma clara, por gestos ou outros indicativos com escopo de constranger ou molestar alguém, contra sua vontade de modo
que corresponda ao desejo do assediador, trazendo a ele uma situação de satisfação pessoal.

Quanto às espécies existentes, o ordenamento jurídico classifica o assédio sexual em duas espécies com particularidades diferenciais bem definidas: o “assédio sexual por chantagem” e o “assédio sexual por intimidação”. Pamplona Filho (2005) descreve:

A primeira forma tem como pressuposto necessário o abuso de autoridade, referindo-se à exigência feita por superior hierárquico (ou qualquer outra pessoa que exerça poder sobre a vítima), da prestação de “favores sexuais”, sob a ameaça de perda de benefícios ou, no caso da relação de emprego, do próprio posto de trabalho.

Nesse mesmo entendimento, Barros (2011) doutrina que: O “assédio sexual por chantagem” é exigência formulada por superior hierárquico a um subordinado, para que se preste à atividade sexual, sob pena de perder o emprego ou benefícios advindos da relação de emprego. Esse tipo de assédio sexual poderá ser praticado também por inferior hierárquico, excepcionalmente, sob a ameaça de revelar algum dado confidencial do empregador, por exemplo.

Já o “assédio por intimidação” caracteriza-se por incitações sexuais importunas, de uma solicitação sexual ou de outras manifestações da mesma índole, verbais ou físicas, com o efeito de prejudicar a atuação laboral de uma pessoa ou de criar uma situação ofensiva, hostil, de intimidação ou abuso no trabalho e até mesmo física afetada (BARROS, 2011, p. 747).

Por fim, o maior problema do combate ao assédio sexual hoje, seja elafísica, verbal ou não verbal, são as pessoas que se calam, apenas sofrem porque não podem perder o emprego. No entanto, é preciso denunciar!!!

Não é prudente ficar em silêncio e simplesmente aceitar. Mas a grande realidade é que existem aqueles trabalhadores que ficam como medo e não acreditam que a justiça realmente se importa.

São pessoas que se põe em um estado de aceitação, exatamente como na frase de Sigmund Freud: “Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis, e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente”.

*Advogada, juíza arbitral, Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira. Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia pela UFRR. Site: dolanepatricia.com.br.

**Bacharel em Direito, graduada pelo Centro Universitário Estácio Atual/Setembro de 2016.

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A arte de viver

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Na arte as insignificâncias causam a perfeição, e a perfeição não é uma insignificância.” (Miguel Ângelo)

Encontrei-me com vocês, ontem pela manhã, caminhando pelas ruas. E vocês nem me viram. Mas isso faz parte da insignificância na arte exposta pela beleza humana. E é precisamente por isso que você não deve menosprezar a significância no significado da sua presença. Você não imagina o quanto eu caminho por esta cidade linda, apesar de maltratada. Quase sempre saio pelas ruas para resolver problemas que na realidade não são problemas. E sempre, na volta para casa, passo pela recepção da Folha, pra pegar o jornal do dia. Brinco muito com as garotas na recepção. É meu hábito. Dia desses, quando cheguei à recepção havia uma garota novata e que não nos conhecíamos. Eu estava suado pra dedéu. Ela me olhou e franziu a testa. Aproveitei e falei:

– Estou chegando de Mucajaí. Fui e voltei a pé.

A garota me olhou assustada e perguntou:

– Verdade!?

E um dos meus mais costumeiros hábitos é o de observar as pessoas. E é nas observações que vou observando o quanto estamos regredindo na postura, no comportamento social. Nunca deixei de cumprimentar uma pessoa que passa por mim numa calçada afastada do grande centro. Nunca fiz tal medição, mas acho que em cada cem garotas que cumprimento, apenas uma me responde no bom dia.

Ei, gente vamos nos cuidar? A cobra está fumando. Influenciados pelos alardes da mídia, estamos caindo no pantanal da ignorância. As campanhas dos artistas negros, contra as discriminações estão se tornando ridículas. Estão nos tirando o direito e o dever de sermos delicados e civilizados com as outras pessoas. Estão nos tirando o valor das insignificâncias no aprimoramento da arte. E você, beleza, é uma arte humana, na natureza. E a beleza da arte é pra ser contemplada e admirada. E enquanto você ficar alardeando contra uma coisa que deveria orgulhá-la, você a está desvalorizando e desperdiçando a alegria e felicidade que ela poderia lhe proporcionar. Vamos acabar com essa pantomima de discriminação e assédio, quando se trata de respeito que você não está sendo capaz de assimilar. “Certo dia, quando ela entrou na festival capela, eu vi a virgem mergulhada em prantos. E o Cristo de marfim fitá-la tanto, como se fosse apaixonado dela.” Valorize sua beleza, mas não como um objeto de exibicionismo fútil. Seu descaso para com um olhar sobre sua beleza é um indício de que você está se deixando afundar ou se levar, futilmente, pela marola das águas turvas da ignorância. Cuidado com as marolas. Elas são enganosas e perigosas. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460