Por trás daquele adeus…
Paula Cruz*
Que a vida é feita de encontros e desencontros, todos sabemos. O que muitas vezes não sabemos é que alguns encontros nos marcam para sempre. E foi assim que conheci o Júnior. Conheci quando fui professora dele na antiga Faculdade Atual, hoje Estácio.
Desde o primeiro dia ele me chamou atenção pelo fato de ficar com um bebê no colo. Achei aquilo tão bonito, porque acostumamos ver mulheres com filhos pequenos no colo, mas homens é mais difícil. Depois descobri que na verdade ele apenas ajudava uma colega que estudava na mesma sala, e que tinha acabado de ter o neném e mesmo assim nunca faltava uma única aula.
Aquela turma foi uma das melhores que tive na minha vida como professora. Lá também acompanhei o início do namoro dele com a Ane, uma menina linda, doce e muito inteligente. Costumava brincar com o Júnior que ele tinha tirado a sorte grande.
Quando ele veio trabalhar na Folha, um dos motivos que o contratei foi pela sua responsabilidade e desempenho na sala de aula. Lembrava o quanto dedicado ele era. E foi assim que o Júnior veio para cá. Aqui ficou por muitos anos, trabalhou no comercial diretamente comigo, depois me disse que tinha vontade de trabalhar com licitações e o mudamos de setor.
Depois de algum tempo precisávamos de uma pessoa na distribuição e o passamos para lá. Na distribuição, o Júnior mudou a logística e arrumou as rotas como ninguém. Lá ele também criou o projeto das bancas personalizadas, e ontem fui à banca Amiga, que hoje fica próximo à maternidade, parei o carro e fiquei alguns minutos olhando aquela banca e lembrando da felicidade dele quando a viu toda montada com a logo da Folha. Ele disse: “Professora (ele só me chamava assim), vamos tentar baixar o custo para fazermos em todas as bancas de Boa Vista”.
Mas o sonho do Júnior de ficar perto dos cavalos tirou ele da Folha. Há 20 dias ele veio aqui no jornal, veio na minha sala e me disse que estava passando aqui na frente e teve uma saudade tão grande que teve que parar e não sabia por quê. Me deu um abraço, e como sempre me disse: “se a senhora precisar de mim, a senhora sabe que pode me chamar”. Brinquei com ele, como sempre, perguntando pela minha nora (assim que chamava a filha dele) e disse que quando meu filho tivesse idade queria que ele o ensinasse a andar a cavalo. Júnior saiu e foi de sala em sala falando com todo mundo. Não sabíamos que ali seria o nosso adeus.
Ontem não tive coragem de ir ao velório. Não acho certo você não ir dar um conforto para aqueles que estão ali naquela profunda dor. Mas fui fraca, não tive força o suficiente para abraçar a Ane. Mas rezei muito e vou continuar rezando, para que Deus e nossa senhora possam guiá-la nesse momento tão sofrido.
E sempre que tiver saudade desse funcionário, que virou amigo, vou olhar para aquela banca e lembrar o quanto ele foi uma pessoa especial para todos que tivemos o prazer de conviver com ele.
*Diretora-Geral do Grupo Folha de Comunicação
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A CONSTRUÇÃO DO LINHÃO DE TUCURUÍ – PARTE II
Dolane Patrícia*
A questão energética de Roraima é um assunto que precisa ser discutido e resolvido com prioridade, primeiro porque se trata de uma energia cara e sem qualidade e segundo porque dependemos da Venezuela, país que vem sofrendo vários problemas de cunho econômico, para garantir o abastecimento energético.
Ademais, não justifica um aumento tão alto das faturas de energia elétrica, sendo Roraima o único Estado do Brasil não interligado ao SIN – Sistema Interligado Nacional.
Temos então, a única alternativa de energia viável para o Estado: o Linhão de Tucuruí. Assim, já ficou demonstrado no Artigo intitulado Linhão de Tucuruí Parte I, que já foi vencida a questão do impacto ambiental, a partir dos estudos realizados pelo IBAMA.
Nesse contexto, restaram os conflitos sociais dos direitos humanos sustentáveis dos indígenas, e uma vez que as torres não foram construídas em razão de ser necessário adentrar nas terras indígenas dos Waimiri Atroari. Não obstante a FUNAI ter anteriormente autorizado a passagem por aquelas terras, a construção do linhão teve a obra suspensa por decisão judicial em razão de ausência de consentimento prévio da referida tribo, levando todo projeto à estaca zero.
Com a devida vênia, não se pode condescender com esta assertiva, pois, em primeiro lugar, frise-se, não pode uma tribo indígena impedir que a energia, necessidade básica do cidadão, chegue até sua residência, sob pena de estar infringindo os direitos humanos dos não índios.
É preciso repisar que ao erigir-se em uma função do Estado, ele trouxe a solução na forma de jurisdição, uma vez que caberá ao STF, a suprema Corte, dirimir a questão. Destarte, a Jurisdição é o poder que o Estado detém para aplicar o direito a um determinado caso, com o objetivo de solucionar conflitos de interesses e com isso resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei.
Assim, o Presidente Michel Temer aprovou parecer da AGU e transformou decisão do Supremo sobre Raposa Serra do Sol em regra de cumprimento obrigatório pela administração pública.
Nesse sentido, o STF estabeleceu 19 diretrizes para demarcação e ocupação de terras indígenas que foram adotadas na íntegra por Temer ao aprovar o parecer da AGU, que podem trazer solução ao conflito.
As diretrizes fixadas pelo STF, recepcionadas no parecer aprovado, estabelecem que o usufruto das terras pelos índios não se sobrepõe ao interesse da política de defesa nacional, nem à atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal; permitem a instalação de equipamentos públicos, redes de comunicação, estradas e vias de transporte nas terras indígenas; vedam a ampliação da terra indígena já demarcada; não comprometem a administração de unidades de conservação ambiental pelos órgãos federais competentes; essa medida, portanto, curvando-se à jurisprudência do STF, reiteradamente pronunciada, alinha-se com os demais procedimentos adotados pela Advocacia-Geral da União.
Não bastasse isso, o Estado também buscou guarita no STF ao interpor Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5905 que pede a suspensão da consulta dos índios Waimiri Atroari, para a construção do Linhão de Tucuruí na reserva, atitude que o Ministro Luiz Fux entendeu ser de “grande relevância” para segurança jurídica e ordem do país. O Ministro ainda determinou que a ação corresse em rito abreviado para solução do conflito com brevidade. A governadora pede ainda que, se o STF entender ser a norma (Convenção da OIT) constitucional, que a consulta aos índios sejam executadas através do seu órgão representativo, a Funai.
No mesmo período os indígenas autorizam entrada da Funai para estudo ambiental na TI e deram uma declaração no mesmo dia ao jornal Folha de Boa Vista esclarecendo que não se tratava de autorização para construção do Linhão, mas apenas estudo para avaliação do impacto ambient
al na reserva com a construção das torres. A reunião ocorreu em setembro e basicamente foi concedida pelos índios a possibilidade de se realizar um estudo de plano de trabalho que resultará em um plano básico ambiental (PBA).
A solução então estará nas mãos do STF ao analisar a tese da Procuradoria-Geral do Estado de Roraima que aponta que as exigências da OIT violam pelo menos 20 dispositivos constitucionais, a tese cita as 19 diretrizes fixadas pelo STF em especial a de número 5: O usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da Política de Defesa Nacional para a instalação de bases, unidades e postos militares e demais intervenções militares, a expansão estratégica da malha viária, a exploração de alternativas energéticas de cunho estratégico e o resguardo das riquezas de cunho estratégico a critério dos órgãos competentes (o Ministério da Defesa, o Conselho de Defesa Nacional) serão implementados independentemente de consulta a comunidades indígenas envolvidas e à Funai.
A decisão está nas mãos do Estado ao exercer sua função jurisdicional, todavia, se buscará legitimar a atuação no Supremo Tribunal Federal, no exercício da jurisdição constitucional que exerce.
Isto posto, essa Corte Suprema Guarda a Constituição Brasileira, tendo por conseguinte, a solução dos conflitos das garantias tanto de índios, como de não índios, submetida ao judiciário para a efetiva prestação jurisdicional realizada no final do conflito em questão, questão essa, que precisa ser resolvida com urgência, para viabilizar o crescimento econômico do Estado de Roraima e a solução para os altos preços na tarifa de uma energia elétrica oscilante e que não inspira a menor confiança!
*Advogada, Juíza Arbitral, Personalidade Brasileira e Personalidade Amazônica. Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia – WhatsApp 9111-3740. Acesse: Dolanepatricia.com.br
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A evolução do conhecimento
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Nossos conhecimentos aumentam sempre, através dos nossos atos, em qualquer hora e lugar em que nos manifestamos.” (Waldo Vieira)
Nossa evolução está na evolução dos nossos pensamentos. E isso está na nossa condição de expressão, comportamento e ação. Na verdade, nunca evoluiremos se não aprendermos a pensar sempre positivamente. E pensar positivo é viver a vida na evolução racional. Senão nunca agiremos com racionalidade. Mantenha seus pensamentos sempre na direção do universo onde você pretende viver. Você nunca chegará lá se não for capaz de manter seus pensamentos na direção desejada. E só você tem o poder de dirigir sua vida. Porque se permitir que alguém a dirija, você será apenas uma marionete.
Você é o timoneiro do barco que é a sua vida. O comandante apenas orienta você sobre que direção você deve tomar. E seu pensamento é seu comandante. É através das mensagens que os seus pensamentos transmitem ao seu subconsciente que este vai levar você aonde você quer chegar. A escolha é sempre sua. O que indica que você deve estar sempre atento no que pensa. Nunca desperdice seu tempo pensando em coisas do passado, que devem ser esquecidas. Do que passou só deve ficar na sua lembrança os bons momentos. Os momentos ruins fazem parte de um passado que deve ser esquecido.
Nunca se sinta inferior. Veja qual a sua reação diante do seu cliente. Você o está vendo como um ser igual a você, ou como algo inferior? Se você o vê como inferior é porque você está sendo inferior. Está fugindo da realidade que nos mantêm no nível de igualdade, como seres humanos. Procure ver seu cliente com o respeito que você quer que ele veja você. Você só será superior se respeitar a superioridade das outras pessoas. Quando respeitamos que somos todos iguais nas diferenças, não vemos diferenças. Porque estas são anuladas pelo respeito, da mesma maneira como a horizontal anula as alturas.
Somos o que pensamos. Um pensamento quase sempre confundido pelos que não sabem pensar. A Cultura Racional nos diz que o ser humano é o mais hediondo animal sobre a face da Terra. E isso não é o absurdo que está parecendo ser. Porque se não fosse assim não precisaríamos nos aperfeiçoar para sermos iguais. Viva cada momento do seu dia, hoje, como uma caminhada para sua perfeição como ser de origem racional. E isso não depende da cor de sua pele, do formato do seu cabelo, nem de sua aparência física. Tudo está em você mesmo, ou mesma. O importante é que você seja e se sinta o dono do seu destino. Seja seu timoneiro e siga seu rumo, na direção do que você realmente quer. Pense nisso.
*Articulista
99121-1460