Boa noite,

O risco de uma crise de desabastecimento em Roraima é iminente desde que servidores públicos estaduais decidiram “fechar” o posto fiscal de Jundiá, na fronteira do estado com o Amazonas. Primeiro, os integrantes da Polícia Militar decidiram abandonar aquele posto fiscal, e no embalo os servidores civis, inclusive, os fazendários, também resolveram cruzar os braços. Sem a necessária fiscalização, os caminhões de carga que fazem o transporte de mercadorias de Manaus para o estado estão formando longas filas. Dentre eles cotam-se dezenas de carretas trazendo combustíveis, o que provocará em curto prazo, crise de desabastecimento.

Tanto os servidores militares quanto os civis alegam o atraso no pagamento dos salários, e na total falta de condições materiais para exercerem suas atividades laborais. Muitos estão com mais de três meses sem receber, e convivem diariamente com a falta de material de expediente e até de combustíveis para abastecer. E nesse sentido é difícil negar razão e justificativa para este movimento paredista, que poderá infernizar a vida de centenas de milhares de pessoas que não têm qualquer culpa pela existência deste caos generalizado que se instalou na administração pública estadual.

O que resta a explicar são os objetivos que levam os servidores a paralisar? De certo a primeira resposta é que eles pretendem chamar a atenção para suas situações pessoais e familiares. Mas, de quem eles querem chamar a atenção? Do governo do estado? Se for para isso, com certeza, estarão perdendo tempo, ao impor esse locaute. Do ponto de vista administrativo e político o atual governo do estado é um cadáver insepulto a caminho de um enterro que vai ser concretizado legalmente no dia 31 de dezembro próximo.

BLOQUEIOS

Já faz bastante tempo que a governadora do estado e o secretário estadual da Fazenda deixaram de “mandar” na execução orçamentário/financeira estadual. As contas do governo estadual estão quase que permanentemente bloqueadas por decisões judiciais. Na última sexta-feira (23.11) havia ordens de bloqueios das contas do governo estadual que totalizavam R$ 44 milhões, a maior parte por conta de transferências do duodécimo dos poderes. Esta semana, outros R$ 6 milhões foram bloqueados para saldar parte do duodécimo atrasado da Assembleia Legislativa do Estado (ALE).

ANTECIPADAMENTE

E já tem pedido, com deferimento judicial, de bloqueio de verbas do governo estadual de olho na primeira transferência do Fundo de Participação dos Estados (FPE) relativa ao primeiro decêndio de dezembro próximo, prevista para ocorrer no dia 9.12. Assim, está quase certo que o governo estadual não poderá pagar os servidores no dia 10 de dezembro como manda o calendário aprovado pela própria administração estadual. Assim, de que adianta pressionar um governo que não existe mais do ponto de vista da administração de seu orçamento?

MÁGOAS

Como a justificativa para tantos bloqueios das verbas estaduais é quase sempre atribuída à transferência do duodécimo dos demais poderes e órgãos do estado começa a tomar corpo, especialmente nas redes sociais, uma mágoa crescente dos servidores do poder executivo, contra os aparentes privilégios dos demais poderes que mantêm o pagamento dos salários de seus servidores em dia. ”Esses poderes e seus dirigentes agem na base do ‘farinha pouca, meu pirão primeiro’. É por essa razão que não se vê, ou se ouve, qualquer manifestação de parlamentares de apoio aos milhares de servidores, e suas famílias, que passam por um momento de extrema dificuldade”, disse um servidor público à Parabólica.

INDICAÇÕES

O discurso do governador eleito Antonio Denarium (PSL) continua o mesmo da campanha eleitoral: afirma que na composição de sua equipe de primeiro escalão não haverá a interferência de parlamentares federais ou estaduais. Quem analisar os nomes até agora anunciados pelo governador tem sérias dúvidas se as coisas estão sendo encaminhadas segundo o discurso de palanque. Independente do valor de cada escolhido – aliás, só quando assumirem e começarem a trabalhar é que poderão provar competência –, boa parte deles tem nítida digital de alguns parlamentares e de pessoas que apoiaram a eleição do futuro governador.

ALE

Fontes da Parabólica afirmam com segurança que o governador eleito Antonio Denarium não abrirá mão de interferir na eleição da futura Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado (ALE). As mesmas fontes garantem que o governador e as forças políticas que o elegeram não querem a reeleição do atual presidente do legislativo roraimense, o deputado estadual Jalser Renier (SD). O anúncio dessa disposição de influenciar na escolha do presidente da ALE só está demorando porque a base do futuro governo ainda não tem um nome de consenso para enfrentar o deputado Jalser Renier, considerado quase imbatível segundo levantamentos feitos até agora.

LÍDER

Alguém acreditou que era para valer quando o ainda notório senador Romero Jucá (MDB) anunciou, antes da eleição, que deixava a liderança do governo Michel Temer (MDB) no Senado Federal por discordar das medidas do governo federal para o enfrentamento da migração de venezuelanos para Roraima? Pois bem, o governo Temer continua fazendo a mesma coisa que fazia antes, mas Jucá anunciou que reassume hoje, quarta-feira (28.11), o antigo posto. Ele diz que quer ajudar a privatizar empresas públicas.