O esperado “Feliz 2019”
Celso Tracco*
Mais do que nunca a normal manifestação de fim de ano, bem desgastada e protocolar, este ano se reveste de um sentido bem especial e muito significativo. Precisamos urgentemente, não de um, mas, de muitos anos felizes para nossa pátria.
Precisamos resgatar nossos valores éticos e morais já há muito desgastados pelos larápios, ladrões, assaltantes do dinheiro público, transvertidos de políticos, funcionários públicos, burocratas, executivos de empresas privadas e estatais que tiram o que é do povo em benefício próprio, deixando-o à míngua sem segurança adequada, sem transporte público decente, sem escolas aparelhadas. Como uma nuvem de gafanhotos insaciáveis, destroem tudo, incluindo a dignidade humana de mais de 50 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza.
Precisamos ter acesso a empregos qualificados, não sermos uma nação de informais e de subempregados sem nenhuma seguridade social. O emprego é o direito natural de todo cidadão de bem. O trabalho dignifica o homem e a mulher para o necessário sustento de sua família. A corrupção, a má gestão e a desigualdade social ceifaram milhões de cargos de trabalho nos últimos anos.
Precisamos olhar o futuro com esperança e acreditar nas boas oportunidades para nossos filhos e netos. O país tem uma riqueza imensa, uma biodiversidade a ser explorada, belezas naturais que poderiam trazer muita felicidade para os que querem trabalhar e colaborar com a grandeza de nossa sociedade. Bastaria que alguns não quisessem tudo para si. Mas, infelizmente, não receberemos nada disso como presente de Natal! Isso precisa ser conquistado, com luta diária e incessante. Precisamos vigiar e afastar de nossa casa comum as ratazanas que infestam nossos órgãos públicos quer sejam federais, estaduais ou municipais, quer sejam do executivo, do legislativo ou do judiciário. Como diz a Bíblia “a messe é grande e os trabalhadores são poucos”…. Se, os cidadãos e cidadãs de boa vontade e honestidade não se unirem, os canalhas e ladrões continuarão a tomar e roubar não apenas nosso presente, mas também nosso futuro. O preço da liberdade é a eterna vigilância. Sejamos diligentes e vigilantes porque os ladrões não dormem. Que o Brasil encontre seu grandioso futuro já em 2019.
Um Feliz Natal para todos e um 2019 totalmente renovado e próspero. Veremos o que o futuro nos reserva. Forte abraço.
*Economista e autor do livro Às Margens do Ipiranga – a esperança em sobreviver numa sociedade desigual.
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É festa de Natal! Tensa, mas é festa
Tom Zé Albuquerque*
Hoje, boa parte dos servidores do Estado de Roraima que agonizaram por 81 dias sem receber suas remunerações irá ter paz na noite natalina. Não pelos excessos gastronômicos, nem pelos exageros etílicos, mas pelo remanso de se poder, finalmente, honrar os inúmeros e atrasados compromissos financeiros.
Algo, porém, é preocupante nesse contexto, e coerente questionar: o tamanho da dívida do Estado vai permitir a manutenção dos salários subsequentes, a partir de 2019, em dia? Ora, um caos da proporção atual não foi arqueada num súbito, em apenas um, dois ou quatro anos, mas das disparatadas causas trazidas de más gestões várias, aliadas ao descontrole e falta de zelo nas gestões subsequentes, geraram consequências calamitosas que somente ao longo dos anos vindouros será possível contornar, e retomar o Estado aos moldes naturais e, a partir daí, alvoroçar o desenvolvimento almejado.
Algumas medidas são impreteríveis para o delineamento de uma nova realidade. Primeiro, a elaboração e a efetivação do Planejamento Estratégico para o Estado. Ao contrário do que inúmeros gestores, imprudentemente, pensam, mas planejar estrategicamente não é acompanhar o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual. Esses mecanismos, aliás, são ficções, instrumentos faz de conta para qual o executivo (em todas as três esferas) destina, o legislativo aprova e os dois esquecem, com veloz efeito, suas reais atribuições, suas funcionalidades e, principalmente, o escopo.
Como o Estado de Roraima deve estar daqui a, por exemplo, duas décadas? Quais suas identidades econômicas? Quais as potencialidades porventura exploradas? A tecnologia teria subsidiado o crescimento econômico-social? Estaria Roraima uma Unidade da Federação desenvolvida com base na inovação? As políticas públicas estariam alinhadas com os objetivos ora traçados? Mapas de riscos existiriam? A administração pública estaria alicerçada em produtividade; transparência; mensuração de desempenho dos servidores; geração de valor ao cidadão; micro, meso e macrogovernanças seriam tidas como regras inarredáveis, através do desenvolvimento de lideranças, infiltração da equidade, aplicações efetivas da acoountability e compliance?
Para um Estado se desenvolver, inconteste é não haver espaço para amadorismo, nem para agasalhamento de facções políticas, em especial aqueles que em épocas pretéritas contribuíram para a destruição estrutural, patrimonial, econômico-financeira e moral da Unidade Federativa, por vezes sem sintonia das formações profissionais com os ambientes trabalhados. Quanto mais se permitir a infiltração de raposas da política, de políticos profissionais, de parasitas que nada de resultado venham a gerar, de escolhas sem lastro técnico e sem carreira sedimentada, alimentados por discursos herméticos e promessas mirabolantes no intuito de mais definhar a coisa pública que mesmo ascendê-la, quanto mais estará pavimentado o caminho para o fracasso.
O que os milhares de servidores públicos estão passando deve servir de referência (não necessariamente exemplo) para que o enxugamento das contas públicas e o rígido controle sejam máximas intocáveis e blindadas para uma gestão por resultados eficaz. É o que toda a sociedade vislumbra. É o que se desenha, pois. Pensemos… Como será a festa de Natal em dezembro de 2019 para a maioria dos servidores públicos de Roraima?
*Administrador
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O mistério da criação
Oscar D’Ambrosio*
Um dos maiores desafios de quem trabalha com arte, seja na literatura, na pintura na música ou em qualquer outra expressão, é mergulhar nos mistérios do processo criativo. Afinal, como uma ideia vai progressivamente ganhando corpo até se tornar uma obra? E como, posteriormente, se torna um sucesso, no sentido de ser compartilhada e amada por incalculáveis pessoas?
O documentário ‘Ed Sheeran: songwriter’ caminha nessa direção ao mergulhar na criação do álbum ‘Divide’ do cantor e compositor britânico. Filmado por Murray Cummings, primo do artista, o filme coloca o foco justamente na maneira como se dá a composição de diversas músicas.
O processo é mostrado desde as primeiras notas, a decisão de uma batida e a construção de uma letra até toda a caminhada que inclui os arranjos, a gravação e a masterização. É muito interessante acompanha
r como cada um dos profissionais envolvidos traz a sua contribuição e como detalhes sugeridos por cada um, nas diferentes fases da jornada, colaboram para o conjunto.
Ao ouvir uma canção pronta, poucas vezes paramos para pensar como houve palpites e escolhas durante toda a caminhada. E o mais fascinante é que para cada direção tomada outras foram descartadas. Saber ouvir diferentes opiniões, por exemplo, é fundamental, pois é da diversidade de opiniões, compartilhada de forma respeitosa, é claro, que as grandes soluções aparecem.
Como bem conta o Sheeran, compor é como abrir uma torneira enferrujada. Muita coisa, principalmente do início da carreira ou de uma ideia precisa ser descartada até que se chega às formas mais apuradas e depuradas. Assim nascem as melhores obras, aquelas em que a linguagem individual se torna coletiva. As obras-primas ganham assim a sua própria voz e contagiam multidões.
*Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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Na riqueza da alma
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Qualquer coisa na vida vale a pena, se a alma não é pequena.” (Fernando Pessoa)
Dependendo da grandeza da nossa alma, os obstáculos tanto podem nos arruinar quanto engrandecer. Estamos iniciando mais uma semana de luta. Até mesmo quando estamos deitadinhos na redinha, podemos estar lutando contra o nosso futuro. Não há vitória sem luta. E é na derrota que devemos nos preparar para a próxima luta. Cair é muito simples, levantar é que exige força, coragem, e determinação. Só os fracassados ficam no chão depois da queda. Inicie sua semana com determinação. E não precisa ficar com o arco estendido, esperando o inimigo. O inimigo pode estar, e está, dentro de você.
Os vencedores sabem que o reino de Deus está dentro de cada um de nós. Ele só não nos traz resultados quando não acreditamos nele. O mais difícil para um perdedor é acreditar no sucesso. Mas vamos maneirar um pouco. Não fique esperando milagres, faça-os. Você pode se achar que pode. Os milagres na sua vida vêm do resultado do seu trabalho. E não há necessidade de esforços desmedidos. O que importa mesmo é como você desempenha e faz o seu trabalho. Sempre é bom repetir o Swami Vivecananda: “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, mas pela maneira de ele executá-la.”
Comece sua semana fazendo o melhor que você puder fazer no que faz. Não importa o que você faz, o importante é que o faça bem feito. E a tarefa pode muito bem ser o desenvolvimento do seu ser; o aprimoramento da sua alma, na caminhada da evolução racional. E esta é uma tarefa única e exclusivamente sua. Não conte com o poder das outras pessoas para que você se sinta feliz ou infeliz. Só você pode fazer isso por você. Você e mais ninguém. Então, manda brasa. Vá em frente. Faça sua parte no tatame da vida. E este é imenso, grotesco e inconfortável. Está reservado somente para os realmente vencedores. Cabe a você entrar nele, e vencer a competição.
“A deusa da minha rua tem os olhos onde a lua costuma se embriagar. Nos seus olhos eu suponho que o Sol em doirado sonho, vai claridade buscar.” A rua é sem graça. E daí? O que importa é a Deusa que passa. E esta pode muito bem estar na florzinha silvestre, e você não deu a menor bola pra ela. E nem percebeu que quem saiu perdendo foi você, que não soube ser feliz por, pelo menos, alguns minutos. Comece a ver a vida como ela é. Uma peça de teatro na qual você é o ator. O desempenho no seu papel vai depender de sua capacidade de atuar. Valorize-se no que você é. Os resultados vêm da sua capacidade de viver. Então viva intensamente, cada minuto de sua vida. Pense nisso.
*Articulista
99121-1460