Opinião

Opiniao 31 12 2018 7457

O emprego em um ambiente com alto desemprego

Agostinho Celso Pascalicchio*

Luiz Antonio de Lima**

A produção depende da forma de alocar capital e mão de obra em uma sociedade. Os impostos podem colaborar na alocação ou realocação dos recursos entre os diferentes fatores de produção, por diferentes regiões ou entre os diferentes setores.

Quanto mais altos são os impostos, ou maior a tributação, os recursos da sociedade são sistematicamente transferidos para segmentos de baixa tributação. Da mesma forma, quando um desconto sobre um imposto é oferecido, ele poderá incentivar a alocação de recursos em favor do desenvolvimento de indústrias nascentes. Pode haver uma realocação de recursos de regiões altamente tributadas para as regiões com baixa tributação.

Os impostos podem mudar o padrão de produção em uma economia. A produção de bens de luxo pode ser restringida e a de bens de primeira necessidade melhorada. Um elevado imposto sobre bens de consumo luxuosos tem um impacto benéfico, uma vez que os recursos da produção desses bens serão desviados para bens essenciais ou de primeira necessidade com a baixa tributação atuando como força estimuladora. Alguns impostos, no entanto, podem provocar uma má alocação de recursos, mudando o padrão de produção de alguns setores de uma maneira socialmente indesejável. Assim, tributos e encargos incidentes sobre o emprego, se forem elevados, a geração de emprego é desestimulada e cresce o desemprego.

Os altos tributos e encargos – gerando ônus elevados sobre a geração do emprego – desestimulam a geração de novas contratações ou posições de trabalho. O aumento do emprego formal é desestimulado. As empresas contratarão apenas em situações em que a mão de obra apresentar grande eficiência produtiva. A alta tributação e os encargos geram uma alocação eficiente da mão de obra na empresa, ou seja, o trabalhador é contratado por estas empresas apenas quando extremamente necessário.

Alguns tributos podem promover uma realocação desejável de recursos se forem reduzidos e no caso das taxas e encargos sobre salários, a sua diminuição ou a eliminação de alguns dos ônus pode causar melhorias sociais. Pode gerar o esperado aumento do emprego.

Assim, não podemos negligenciar as implicações sistêmicas de longo prazo, quando os excessos tributários incidem sobre a mão de obra para as empresas que estão nascendo, para as “startups”, ao desestímulo intrínseco ao empreendedorismo, levando empresas a reduzirem as contratações ao mínimo, reduzindo a quantidade e a formação de novos empresários, gerando ciclicamente um freio ao desenvolvimento e à desejada redução do desemprego.

*Coordenador do curso de Engenharia de Produção da Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor de economia, doutor em Ciências pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo. **Professor de planejamento estratégico e logística da Universidade Presbiteriana Mackenzie, mestrado e doutorando em Administração pelo Mackenzie.

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Um novo pedaço da vida

Tom Zé Albuquerque*

“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente”.

O teor acima se refere à parte de um poema do jornalista Roberto Pompeu de Toledo, equivocadamente atribuído, por vezes, ao magnânimo Carlos Drummond de Andrade. É interessante o seu conteúdo porque permite refletirmos sobre o passado e o que pode ser alavancado num futuro imediato, gerando uma expectativa otimista de retomada. E o ano de 2019 estará envolto de expectação em face das mudanças fulcrais a ocorrerem, seja no campo da economia, da política, do reposicionamento social e tantas outras conjunturas passíveis de vivermos um novo momento.

Consideremos que 2018 foi um ano turbulento; talvez o pior das duas últimas décadas, culminado por irresponsabilidade e desonestidade de sucessivos governos, que refletiram diretamente na altíssima taxa de desemprego, no caos da saúde pública, na degradação educacional e nos inacreditáveis índices de criminalidade, frutos de modelos atrozes de governar, especialmente quando focado na segregação, com a macabra intenção de perpetuação do poder.

Vivemos recentemente numa disputa polarizada na campanha política, onde uma ala defendia uma incógnita e a outra um bandido (porquanto, ser desonesto passou a ser qualidade no Brasil após a institucionalização do crime). Como dizia o aviador alemão, Erich Hartmann: “A guerra é um lugar onde jovens que não se conhecem e não se odeiam, se matam entre si por decisão de velhos que se conhecem, se odeiam, mas não se matam”. Ideologias lineares apregoadas por personagens asquerosos da política, sob o efeito da arrogância e benesses de idiotas, desferidas à meritocracia por inúteis, nada mais que isso perdurou durante anos no país do Pablo Vittar.

Ao presente momento cabe muito mais resgatarmos o estupendo discurso do insigne Charles Chaplin, ao final do filme “O grande Ditador”, há 78 anos: “Não quero governar ou conquistar ninguém; desejamos viver para a felicidade do próximo – não para seu sofrimento. Não queremos odiar e desprezar uns aos outros. O estilo de vida poderia ser livre e belo, mas nós perdemos o caminho. A ganância envenenou a alma do homem, criou uma barreira de ódio e nos guiou no caminho de assassinato e sofrimento. Nosso conhecimento nós fez cínicos. Vamos lutar por um mundo novo, um mundo decente que dê ao homem uma chance de trabalhar, que dê um futuro à juventude e segurança aos idosos”.

E complementou… “Foi prometendo essas coisas que cruéis chegaram ao poder. Mas eles mentiram! Não cumpriram suas promessas e nunca as cumprirão. Vamos lutar por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso vão levar à felicidade de todos”. E nesse mister, que no ano que chega a sociedade brasileira volte a ser una, sem insulação pelo ódio e, principalmente, sem os apartamentos por sexo, cor, peso, raça, religião e tudo mais que fragmenta o todo social.

*Administrador

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Residências mais acessíveis

Caroline Cavalheiro*

O último Censo Demográfico do IBGE mostrou que mais de 45 milhões de pessoas convivem com algum tipo de deficiência. Portanto, empatia e consciência social são necessidades urgentes quando se trata de construção residencial. O ideal é que as novas construções adotem itens de acessibilidade ainda na fase de projeto, envolvendo as áreas de arquitetura, civil, elétrica, eletrônica, mecânica e hidráulica. 

As construtoras precisam respeitar a norma 9050 da ABNT, que estabelece diretrizes e critérios básicos para a promoção da acessibilidade, mediante a supressão de barreiras e de obstácu
los nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.

Um condomínio precisa incluir itens de acessibilidade desde a entrada, passando pelas áreas comuns, até chegar no próprio apartamento. Este deve permitir que a pessoa com deficiência física ou com mobilidade reduzida consiga se locomover com naturalidade, com circulações que permitam áreas de manobras adequadas para cadeiras de rodas. Portas adequadas, banheiros maiores, com barras de apoio, acessos que tenham pavimentação com revestimento adequado e caminhos sem desníveis ou degraus, privilegiando planos inclinados ou rampas, são itens que proporcionam mais autonomia, permitindo a circulação por todo o empreendimento.

O custo de implantação dos itens de acessibilidade é de baixo impacto, encarecendo menos de 1% do valor final da obra. Já adaptar um empreendimento pronto pode elevar o orçamento da obra em até 25%. Além disso, a adoção destas práticas favorece a questão de inclusão social, beneficiando a população e impactando em uma melhor qualidade de vida ao deficiente físico. É necessário entender a norma de acessibilidade não somente para atender uma legislação, mas como uma necessidade de inclusão social, para a construção coletiva de cidades mais humanas.

*Arquiteta e urbanista da Rôgga Empreendimentos

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A cronológica não importa

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Às damas e aos poetas não se pergunta a idade. A mocidade das damas está na beleza que apresentam. A mocidade dos poetas está nos versos que fazem.” (Gustavo Barroso)

Mais um ano se inicia. Desejo a todos os seres humanos um ano mais bem vivido, para todos nós. Que é o que devemos fazer, para que sejamos realmente merecedores de nós mesmos. Que os obstáculos que certamente virão, sejam vencidos com categoria, por cada um de nós. Vamos fazer nossa parte como ela deve ser feita. Com harmonia, sinceridade e, sobretudo, com honestidade. Vamos nos ligar mais às coisas que têm real importância para o nosso crescimento como seres humanos e cidadãos. Que prestemos mais atenção aos valores que vêm sendo jogados para debaixo do tapete, pelos que deveriam lapidá-los.

Espero com ansiedade, que nos atentemos para as mudanças políticas que desapontam o nosso querido, e infelizmente desrespeitado, Brasil. Vamos amar mais, e com sinceridade, o País maravilhoso que temos e que nos acolhe com amor. Vou enviar alguns pensamentos maravilhosos, para que não lhes pareça que estou querendo ser. Eu ainda era adolescente quando li essa pérola, num teste de datilografia, em São Paulo: “Brasil, esse colosso imenso, gigante de coração de ouro e músculos de aço, que apóia os pés nas Regiões Antárticas, e que aquece a cabeleira flamejante, na fogueira dos Trópicos. Colosso que se estendesse um pouco mais os braços, iria buscar as neves dos Andes, para com elas brincar nas praias do Atlântico.”

Vamos fazer tudo que pudermos fazer com a força que temos como cidadãos. Vamos ajudar, com parcimônia e respeito, na nova reconstrução do País maravilhoso que temos. Mas sem arrufos nem adversidades fúteis. Busquemos o que merecemos, dos que elegemos para fazerem o que necessitamos que eles façam. Mas para fazerem é necessário que cada um de nós faça sua parte. Busquemos nossa cidadania na Educação. E não iremos ajudar se não nos comportarmos educada e civilizadamente. E não será nas briguinhas comadrescas que iremos resolver os problemas que nos afligem, dentro da política. Vamos fazer valer a pena, a felicidade que brinca em nossos corações, nas comemorações de hoje. Despedimo-nos do velho e carcomido 2018. Vamos respeitar o ano que nasce e fazê-lo o melhor ano de nossas vidas. E pra você, garota, comece acreditando em você e seguindo essa orientação do Galeão Coutinho: “A mulher tem o poder de escravizar o cérebro dos homens, domesticando-os.” Desculpem-me pela brincadeira, caras, mas elas poderão fazer isso se não embarcarem nas nossas tolices políticas. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460