Aposte na geração de capacitação técnica
Maurício Canineo*
Que o mercado de trabalho não está fácil, estamos fartos de saber. Os índices de desemprego ainda estão altos, apesar de a economia ter reagido timidamente nos últimos meses. No setor automotivo, não tem sido diferente. Após drásticas quedas nas vendas e produção de veículos novos no Brasil, o mercado está crescendo novamente segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
A indústria automotiva tem investido cada vez mais em tecnologia e o mercado anseia por novidades que farão a diferença na mobilidade do futuro. Entretanto, na mesma velocidade que o setor se desenvolve, há uma carência de profissionais especializados. O número de exportações deve bater o recorde histórico do país, com mais de 740 mil veículos produzidos. O número de carros emplacados também teve um crescimento no primeiro semestre deste ano, mesmo que tímido. A venda de carros usados continua movimentando a economia do setor. O mercado de autopeças teve um bom incentivo com o Inovar-Auto e agora deve manter esse crescimento.
Quanto mais cedo e mais rápido buscarmos essa atualização, mais chances temos de entrar e atingir o sucesso no setor automotivo. O profissional desse ramo deve ser, acima de tudo, mais que apaixonado por carro; deve ser fissurado em aprender. Como disse anteriormente, o número de tecnologias que chegarão às ruas exigirá níveis de conhecimentos técnicos altíssimos para que sua manipulação seja feita de maneira correta e precisa.
Mas para que esses profissionais sejam treinados e consigam atender à demanda, as companhias do setor automotivo precisam capacitar pessoas para trabalhar com as tecnologias que as próprias fabricantes criam. Atenta a essa questão, a Campneus lançou no final de julho um projeto que contempla jovens de Campinas com aulas teóricas e práticas de mecânica, preparando-os para o mercado de trabalho.
E qual o principal benefício deste programa? Além de transformar a vida destes jovens, gerando renda para suas famílias e comunidade de baixa renda, e apresentá-los a um mundo cheio de oportunidades, o principal benefício é treinar e capacitar profissionais aptos a atenderem às solicitações do setor automotivo. Ter uma frota circulante segura, tecnológica e com um time capaz de suprir toda a sua manutenção é o futuro do mercado. Mas, para isso, é importante gerar oportunidades. E quem sairá ganhando nessa história? Toda a sociedade.
*CEO da Campneus desde novembro de 2015, Graduado em Engenharia Mecânica (FEI Engenharia) e detentor de certificados nos programas de Gestão Avançada (IESI Espanha).
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Cortar na própria carne
Flamarion Portela*
O Estado de Roraima passa por uma das maiores crises financeira, política e social de sua história. Nesses 30 anos constituído como Estado, nunca se havia visto um caos tão grande, que tem afetado diretamente a população, que é quem está na ponta e carece de receber serviços de qualidade em contrapartida aos impostos que paga.
Na esteira desse problema, temos um novo governo estadual que foi eleito com a promessa de mudança, de reforma administrativa, de atração de investimentos e de corte de gastos. Mais do mesmo. A maioria dos gestores prega esse tipo de medida. O problema é colocar em execução tudo isso, ainda mais quando temos um Estado quebrado e engessado para o desenvolvimento.
Uma das medidas propostas pelo novo governo é a redução do duodécimo dos Poderes. Para o leitor mais leigo, explico que o duodécimo é uma norma constitucional, inscrita no art. 168 da nossa Carta Magna, revestida de caráter tutelar, que foi concebida para impedir o Executivo de causar, em desfavor dos Poderes, um estado de subordinação financeira que comprometa a própria independência político-jurídica dessas instituições.
Pois bem! O atual governo propõe que seja feito um pacto com os Poderes para que haja uma diminuição no percentual do duodécimo repassado a cada um deles.
Entretanto, quando o Governo apresentou os dados das contas públicas na Assembleia Legislativa aos representantes dos Poderes, não mostrou nenhum indicador de que a culpa pela atual crise financeira do Estado tenha correlação com o percentual do repasse do duodécimo, que hoje representa pouco mais de 17% do Orçamento Estadual.
A intenção do governador já foi motivo de notificação recomendatória por parte do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), por intermédio da Procuradoria-Geral de Justiça, para que ela cumpra a Constituição Federal e se abstenha de adotar qualquer ato unilateral de redução dos duodécimos ou embaraços ao repasse das quotas devidas ao Legislativo e Judiciário, Ministério Público do Estado, Defensoria Pública, Tribunal de Contas e MP de Contas. O MP solicitou ainda que o governador apresente um relatório da auditoria realizada nas contas do Estado, bem como planilha detalhada do montante da dívida pública.
Ainda como interventor federal, o atual governador declarou estado de calamidade financeira em Roraima, porém ainda não apresentou nenhuma medida concreta para reverter a situação. Embora tenha dito que faria uma reforma administrativa, deu posse na última sexta-feira (4) a 37 cargos de primeiro escalão (de acordo com release da Secretaria de Comunicação). A maioria dos estados brasileiros ficou com número de secretarias abaixo de 20. Até o momento, ainda não foi feito o enxugamento do quadro de pessoal, com a exoneração de cargos comissionados.
Antes de culpar os Poderes pela crise, o governador deveria “cortar na própria carne”, apresentando medidas que realmente vão levar o Estado a sair dessa crise.
*Ex-governador de Roraima
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50 ANOS DE LIONS CLUBE EM RORAIMA
Ranior Almeida Viana*
Esta é uma semana de festa para os companheiros Leões, pois amanhã, 11/01/2019, o Lions Clube completa 50 anos em Roraima, fundado em 11/01/1969, tendo como fundador Dorval de Magalhães.
Outro dia indaguei a atual presidente do Lions Clube Boa Vista Centro, Iracyrema da Costa Neves, como é presidir novamente em ano muito especial para o Movimento Leonístico em Roraima? E ela responde: – “é o respeito que os demais companheiros Leões, tanto masculinos quanto femininos, têm pela minha pessoa, que é o mesmo que tenho por eles. Convivi com o nosso poeta saudoso Companheiro Leão Dorval de Magalhães sócio 01, fundador do nosso Movimento Leonístico em Roraima. Li os objetivos e o Código de Ética, estavam dentro dos meus princípios, daí foi casamento de ideias.”
Cita os mais antigos com quem tanto aprendeu: “com os Companheiros Leões Airton Rocha de Souza e Raimundo de Souza Pantoja, em várias Convenções Distritais, Nacionais e Internacionais a do Servir Desinteressadamente à Humanidade, a Flora e a Fauna, sintetizando a Ecologia. Tenho acompanhado os serviços realizados pel
o nosso Clube Master, o Lions Clube de Boa Vista Centro, muito antes de ter sido presidente do referido Clube Ano Leonístico 2006/2007.”.
O Lions contribuiu na fundação e ajuda da Liga de Combate ao Câncer, Pastoral da Criança, Serviços Humanitários, Projeto Cataratas, Campanhas para os Indígenas, Cursos Comunitários, Corte e Costura, Pintura em tecidos, Construção de Aviário na Cadeia Pública, arrecadação de livros para implantação da biblioteca da Cadeia Pública, Intercâmbio Brasil e Guiana, Irmanação Brasil-Venezuela, colocação do busto de D. Pedro I na divisa Brasil/Venezuela e vários outros serviços.
A Companheira Yrá (como é carinhosamente chamada) também ocupou o cargo de Governadora do Distrito LA-1 formado pelos Estados Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima. E afirma: – “Sinto-me uma Companheira feliz e orgulhosa Leonísticamente de representar o meu Estado de Roraima, uma vez de ter sido a primeira Governadora do Lions Clube de Boa Vista Centro, clube este que está completando 50 anos de fundação no dia 11 de janeiro e mais orgulhosa de estar como presidente pela segunda vez liderando o maior e melhor Clube de Lions do Distrito LA-1 com o Lema; “Nós Servimos no Cinquentenário com Amor e Alegria”.
Parabéns ao Lions Clube de Boa Vista Centro no Cinquentenário. Lembrando sempre o lema do Lions Internacional: “ONDE HÁ UMA NECESSIDADE, HÁ UM LEÃO PARA SERVIR!”
*Sociólogo – CRP 040/RR.
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Criar para o mundo
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma. Eles vêm através de vós, e não de vós. Embora vivam convosco não vos pertencem.” (Gibran Khalil Gibran)
Uma das tarefas mais difíceis na educação dos filhos é acompanhar o desenvolvimento deles. Quase sempre nos perdemos na ilusão de que são os filhos que estão se perdendo. Sempre foi assim. O que dificulta a escolha do futuro. E a dificuldade está nas diferenças de visão do mundo entre pai e filho. E só quando a idade vai chegando, os caminhos vão se abrindo. É simples pra dedéu. Difícil é os pais se adaptarem à modernidade, sem confundi-la.
Ontem, precisamos ir à Prefeitura de Ilha Comprida, buscar algumas orientações. Pegamos a senha e nos sentamos, a Salete, o Alexandre e eu. Na cadeira à nossa frente, estava um casal com uma criancinha. Sou um fracasso para calcular idade de crianças, mas aquela era bem criança. Fiquei observando a intimidade da criança com a Salete. A mãe da criança estava sempre meio sisuda. O pai tentava interferir, educada e civilizadamente, na “conversa” das duas. Mas não conseguia. A criança, sorrindo alegremente, gritava com ele e às vezes batia levemente no rosto dele. Eu olhava para o grupo, olhava para o mar e começava a navegar nos pensamentos. Como teria sido o comportamento do meu pai, ou de qualquer outro pai daquela época, se seu filho se comportasse como aquela garotinha? Diverti-me.
Os pais da garotinha foram atendidos antes de mim e saíram. E não consegui sair com eles, tirando-os do meu pensamento. Como será o comportamento daquele pai quando aquela garota estiver penetrando na caverna da idade? Porque você até pode achar que estou navegando em piroga furada. Mas não estou. Meus pensamentos não estão em casais que caminham com filhos pequenos, mas na humanidade. Será que estamos progredindo racionalmente na educação que estamos dando aos nossos filhos? Será que estamos preparando-os para o mundo em que eles irão viver sem nós? Você já observou que já não há mais chororô nos velórios? O que indica que já estamos caminhando para um nível de racionalização.
Fomos atendidos na Prefeitura, saímos caminhando pela praia e viemos para casa, cuidar do almoço. Continuo preocupado, não fora da racionalidade, mas pensando em como ainda temos que caminhar para chegarmos ao grau de evolução de que necessitamos para voltar ao nosso mundo de origem, de onde viemos e para onde voltaremos, mais cedo ou mais tarde. E o tempo vai depender da nossa evolução na preparação da humanidade do futuro. Tarefa de cada um de nós. Pense nisso.
*Articulista
99121-1460