Audit Analytics: Os primeiros passos da transformação digital na auditoria interna
Alessandro Gratão Marques*
A digitalização desafia e rompe a forma como as empresas operam suas rotinas. As ferramentas digitais invadem o ambiente de negócios, provocando mudanças significativas na forma como as companhias trabalham, comunicam e vendem. Isto deu origem a novas oportunidades e desafios, desencadeada pela transformação digital. Neste contexto, a área de auditoria das empresas enxerga ótimos benefícios oriundos da Indústria 4.0. Homens e máquinas se unem em prol da agilidade e da acuracidade dos dados.
O Audit Analytics, por exemplo, é um conceito que vem mudando o futuro das análises de informações. Mesmo que seja assunto pouco explorado no Brasil, é válido ressaltar que a prática já chegou por aqui e diversas empresas começam a aplicá-lo em suas operações com o objetivo de elevar a eficiência e a abrangência da análise, assim como para reduzir custos em horas de análises humanas e para otimizar resultados em projetos de auditoria.
Podemos vislumbrar no setor financeiro, que tem sido pioneiro em adotar inovações tecnológicas, devido à dependência de dados e informações. Serviços financeiros e seguros tornam-se a indústria mais digitalizada e os mais bem posicionados no atendimento aos seus clientes. Em especial nos bancos, ao permitirem que os auditores tenham uma visão geral das operações da organização e aprofundem nos dados, que podem ser usados ao longo de todas as fases da auditoria.
Usar Audit Analytics no campo da auditoria interna traz inúmeras vantagens, como transformar uma enxurrada de dados em informação valiosa de auditoria; facilitar a identificação, mensuração e perfil de riscos; aumentar a qualidade dos testes; prover taxa de erros verdadeiras em vez de estimativas; destacar tendências e fatores que podem não ter sido percebidos através de técnicas convencionais, ampliar a produtividade e eficiência, bem como dar sugestões com alto valor agregado à administração com foco em redução de custos.
Em meio ao volume de dados e às inovações tecnológicas, o melhor caminho é utilizar a inteligência das consultorias, que detêm conhecimento das práticas e das aplicações. A migração é fácil: primeiro as empresas precisam repensar seus processos principais dentro de uma estratégia de inovação e transformação digital. Depois, preparar e organizar dados que possam ser utilizados a seu favor, seja na elaboração de indicadores ou mesmo como insumo para aplicação de suas linhas de defesa.
Pronto! A eficácia do seu departamento de auditoria está em dia com um diferencial que trará notoriedade e exposição à governança de sua empresa.
*Líder das práticas de Forensic, Auditoria Interna e Financial Advisory da Protiviti consultoria global especializada em Gestão de Riscos, Auditoria Interna, Compliance, Gestão da Ética, Prevenção à Fraude e Gestão da Segurança.
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Saúde Pública, insensíveis de plantão
Brasilmar do Nascimento Araújo*
Os relacionamentos humanos, em todos os níveis, independentemente de classes sociais, precisam ser pautados pelo respeito mútuo. Isso é o mínimo que esperamos dentro do sagrado direito de ir e vir, em todos os lugares. Mas, nem tudo ocorre como gostaríamos que acontecesse em nosso cotidiano, sobretudo nas metrópoles, onde o estresse, a pressa e a nudez de sentimentos de alguns levam ao recrudescimento da sua própria alma. Tornam-se indivíduos indiferentes à existência humana; mesmo quando exercem funções de vital importância na vida das pessoas – como é o caso da saúde pública do nosso País.
O atendimento à população brasileira na rede pública de saúde, devido a uma pequena parcela de servidores como atendentes, enfermeiros e médicos, em muitos casos e em todas as esferas da nossa federação, é lamentável. São profissionais que entraram para área de saúde pública, não com a vocação de prestarem seus serviços com amor e espírito de abnegação ao próximo, mas apoiados única e exclusivamente por uma estabilidade financeiro-profissional contemplada pela Lei 8.112/90, do servidor público. Vale lembrar o médico e físico suíço Paracelso (1493/1541): “O mais profundo fundamento da Medicina é o amor… Se o nosso amor é grande, grande será o fruto que dele obtém a Medicina; e se é minguado, minguados também serão os frutos. Pois o amor é o que nos faz aprender a arte, e fora dele não nascerá nenhum médico”. Certamente, o rendimento dos profissionais que se dedicam com louvor na rede pública de saúde é incomparável àqueles que são apenas meros coadjuvantes. Estão ali por um acaso. Faltam aos plantões injustificadamente e por incrível que pareça são capazes de assinar seus pontos, mas em seguida vão embora sem prestar seus relevantes serviços. Suas atitudes indignas podem levar ao agravamento irreversível na saúde de inúmeros pacientes. É importante frisar que a grande maioria da classe de profissionais da área de saúde pública é digna no zelo pela vida humana!
Necessitamos de servidores públicos da saúde comprometidos de amor ao próximo. De se transportar em ser o outro na busca de soluções satisfatórias por aqueles que agonizam. Com a preocupação constante pela manutenção da vida de quem está sob os seus cuidados! Homens e mulheres a salvaguardar os incapacitados, os enfermos, famintos de atenção pelo restabelecimento da saúde depauperada. A visita inesperada nas enfermarias de zelosos enfermeiros e médicos de distintas especialidades arrancando o sorriso que ilumina a alma de ambas as partes; é um exemplo de profissionais que amam o que fazem. São esses profissionais que fazem a diferença. Estão sempre dispostos na realização de uma simples sutura para estancar um sangramento, na medicação que alivia a dor, nos exames pré-operatórios, na avaliação do risco cirúrgico e nas necessárias cirurgias! Homens e mulheres que pensam e agem muito além de um simples mortal revestidos do amor inabalável. O amor cura!
A enfermeira inglesa Florence Nightingale (1820-1910), pioneira da enfermagem mundial, deixou um legado inestimável na sua área. Verdadeiros mandamentos para todos aqueles da área de saúde pública, com uma receita simples: dedicação e amor. Assim, ela escreveu a sua história, exemplo, como voluntária da Guerra da Crimeia (1853-1856), conflito que foi travado no sul da Rússia e nos Bálcãs, da qual a Inglaterra fazia parte. Nightingale, a partir de então, passou a ser conhecida como a Dama da Lâmpada, por cuidar dos soldados ingleses apenas com uma lâmpada em noites geralmente muito frias que caracterizam aquela região. Disse ela: “Escolhi os plantões, porque sei que o escuro da noite amedronta os enfermos. Escolhi estar presente na dor, porque já estive muito perto do sofrimento. Escolhi servir ao próximo, porque sei que todos nós um dia precisamos de ajuda. Escolhi o branco, porque quero transmitir paz. Escolhi estudar métodos de trabalho, porque os livros são fonte saber. Escolhi ser enfermeira, porque amo e respeito a vida”. Toda a trajetória de Florence Nightingale como profissional da enfermagem foi pautada de capítulos norteados pela ética, estudos, dedicação e amor. Que a sua hist
ória seja o livro de cabeceira de todos os profissionais da área de saúde pública, esse universo tão nobre que é cuidar de gente!
*Articulista e Poeta.
E-mail: [email protected]
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Vamos governar o país
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Pena que todas as pessoas que sabem como governar o país estejam ocupadas a dirigir táxis ou cortar cabelos.” (George Burns)
O país que tem tudo para ser o líder da America Latina, vive nadando na maresia da pobreza política. E enquanto não formos um povo realmente educado, não sairemos desse lamaçal de ignorância política. Os comentários, na mídia nacional, que ouvimos atualmente sobre as mudanças no governo chegam a ser enjoativas. Ainda não aprendemos a viver a política, vendo-a politicamente. Críticas e comentários de pessoas que ainda não amadureceram para criticar. O Brasil já viveu momentos de terror na política nacional, desde os primórdios da chamada República. Porque os maus momentos anteriores à República já deveriam estar nas páginas da história, como História.
A política brasileira ainda está longe da perfeição. E isso, mesmo levando-se em consideração que na política nada é perfeito. E é por isso que devemos nos civilizar para podermos viver civilizadamente nos trancos da política. E devemos começar aprendendo a eleger políticos que mereçam nossa confiança. E nunca conseguiremos isso querendo fazer, como cidadãos, o que os políticos deveriam fazer. O que você conhece da política anterior à dos políticos atuais? Quem viveu os momentos políticos da era Vargas, sabe como encarar os desajustes dos governos pós-Vargas. Nada mudou. Continuamos na obrigatoriedade do voto, e nos considerando cidadãos. Poucos brasileiros têm competência para julgar a política sem o conhecimento do passado nas administrações políticas, de um País que ainda não soube respeitar a educação política como um dever de cidadania.
Vamos parar de gritar e espernear como mentes vazias em cabeças de camarão. O meio político brasileiro está no fundo do poço. O que temos de políticos despreparados nos deixa cabisbaixos. E isso porque não entendemos nada do que deveríamos entender como cidadãos. Estamos vivendo o início de uma nova época política. O que indica que cada um de nós tem o dever de fazer sua parte, educando-se para encarar os trancos, aprendendo com eles, para melhorar o poder público, com nosso poder de cidadãos: o voto. E nunca iremos conseguir isso, enquanto formos marionetes de políticos titeriteiros. Comecemos exigindo a faculdade do voto. Só com o voto facultativo seremos cidadãos. Mas para merecermos o voto facultativo precisamos nos educar politicamente. Enquanto continuarmos votando por obrigação, quando deveríamos votar por dever, não teremos uma política civilizada. Vamos fazer nossa parte colaborando, civilizadamente, com a política. Pense nisso.
*Articulista
99121-1460