Bom dia,
E o Brasil passou o dia de ontem a analisar as razões, as consequências e desdobramentos da prisão do ex-presidente da República Michel Temer (MDB) e de seu poderoso ministro de Minas e Energia Moreira Franco (MDB). Este último é sogro do atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), o mais forte aliado do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a aprovação da reforma da Presidência que já foi encaminhada para discussão no Congresso Nacional. Por conta desses laços familiares, não faltaram insinuações de que poderia ter motivação política – divergências entre Maia e o ministro da Justiça, Sérgio Moro – no cumprimento do decreto de prisão emitido pelo juiz federal Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Verdadeiras essas insinuações, em parte ou no todo, o certo é que em seu desdobramento não é possível ignorar o surgimento de mais dificuldades na aprovação da reforma da Previdência, que sem isso, já enfrentava enorme resistência de deputados e senadores. Aliás, esta semana que termina hoje, não foi nada positiva em se tratando daquela reforma. Na quarta-feira (20.03), o presidente da República levou pessoalmente a reforma da Previdência dos militares que, desidratada, – a economia esperada em 10 anos caiu de R$ 100 bilhões para R$ 10 bilhões – desagradou muitos parlamentares e deve receber várias emendas. Agora, a prisão de Temer é mais um ingrediente para complicar sua aprovação.
LIDERANÇA 1
Como você está lendo hoje, na edição impressa da Folha, o deputado estadual Coronel Gerson Chagas (PRTB) entregou ao governador Antonio Denarium (PSL) o cargo de líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Na prática, o parlamentar não chegou a exercer a liderança do governo, uma vez que desde a volta do recesso foram poucas as votações importantes na ALE de matérias de interesse do Executivo. Em quase todas elas, a maioria dos deputados estaduais votou contra a manifesta vontade do governo. Foi assim na derrubada do veto à Lei de Reposição Florestal e a rejeição do nome de Airton Cascavel (PRB) para a presidência da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh).
LIDERANÇA 2
Na verdade, e isso já era esperado, a situação de desconforto do deputado estadual Coronel Gerson Chagas como líder do governo Denarium na Assembleia Legislativa caminhava para este desenlace (saída da liderança) em virtude dos constantes anúncios de cortes de benefício a servidores públicos estaduais, inclusive, que afetaram diretamente os policiais militares, histórica base de apoio do parlamentar. A Parabólica chegou a divulgar a informação de que a persistência do atual governo em praticar uma política de corte em benefícios de servidores poderia resultar em baixa na sua base parlamentar na ALE, pela vinculação de vários deputados e deputadas com a classe de servidores.
LIDERANÇA 3
Outro ponto de atrito entre o deputado estadual Gerson Chagas e o governo Antonio Denarium era o tratamento dispensado pelo governador e outros secretários ao irmão do parlamentar Gefster Chagas, nomeado secretário de Administração e Gestão Estratégica, logo no início da atual gestão. Correligionários chegaram a dizer que Denarium vinha amadurecendo a ideia de demitir Gefster Chagas, aproveitando a reforma administrativa que vem sendo coordenada pelo secretário-chefe da Casa Civil, Disney Mesquita. E no governo havia assessores do governador pedindo que a exoneração fosse antecipada.
LIDERANÇA 4
E não paravam aí os pontos de fissura entre o deputado estadual Gerson Chagas e o governo Antonio Denarium. A família do parlamentar tem entre seus negócios o transporte escolar, setor que está em confronto aberto com o atual governo, a ponto de ocupar, como fez no governo de Suely Campos (PP), todo o Centro Cívico como estacionamento de seus veículos. Os empresários querem receber faturas atrasadas e o cumprimento residual dos contratos ainda vigentes, e não têm sido ouvidos pelo governador. A questão do transporte escolar já foi judicializada pelos empresários, que conseguiram na Justiça decisão que proibiu ao governo a realização de contratar novas empresas sem licitação.
LIDERANÇA 5
Depois do anúncio de que o deputado estadual Coronel Gerson Chagas havia entregado a liderança do governo na Assembleia Legislativa, começaram as especulações sobre a indicação de seu substituto. Na bolsa de apostas, o nome do deputado estadual Soldado Sampaio (PC do B) era o mais falado para assumir a liderança do governo na ALE. Para os que o sondaram sobre essa possibilidade, Sampaio disse que precisava conversar com seus colegas de Parlamento e também com sua base de apoio político, deixando a entender que recebera realmente o convite do Palácio Senador Hélio Campos.
LIDERANÇA 6
Especialistas ouvidos pela Parabólica dizem que Sampaio terá do ponto de vista político igual dificuldade para defender o governo na ALE. Com origem no movimento sindical do funcionalismo público – ele presidiu o Sindicato de Cabos e Soldados da Polícia Militar de Roraima – o parlamentar tem como principal base eleitoral os servidores do Estado, especialmente, os da PMRR. É possível que uma possível aceitação do convite feito pelo governo ao parlamentar comunista possa ser justificada pela mudança da política do governador Antonio Denarium em ralação aos servidores estaduais. O deputado estadual terá que resolver questões ideológicas junto à direção nacional de seu partido, o PC do B.
NÃO MUDOU Essa é para rir: dizem que o erro de Temer que resultou na sua prisão foi não ter mudado a fisionomia para enganar a Polícia Federal.