Bom dia,

Estaria Rodrigo Maia (DEM), o presidente da Câmara Federal, com muitos problemas pessoais por conta da prisão do padrasto de sua esposa, o ex-ministro Moreira Franco (MDB), e por isso estaria atrasando a reforma da Previdência, como insinuou, por redes sociais, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL)? Ou o atraso na tramitação daquela reforma estaria ocorrendo por falta do governo formar uma base parlamentar, até agora indefinida pela falta de articulação do presidente Jair Bolsonaro, que no dizer de Rodrigo Maia estaria até agora “brincado” de governar o Brasil?

Mesmo que os dois estejam certos, ou ambos errados, ou que apenas um deles tenha razão, o certo é que essa troca aguda de farpas resultou num tombo homérico (caiu 3,5% na quarta-feira) do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), o principal indicador da saúde do mercado de capital brasileiro. Também reflexo dessa desavença política (Jair Bolsonaro versus Rodrigo Maia), a cotação do dólar já batia ontem (quinta-feira), no meio da tarde, R$ 4,00/1 Dólar, a maior do ano. É seguramente a ultrapassagem de um recorde que pode influenciar psicologicamente a flutuação da moeda norte-americana pelas próximas semanas.

Esse bate-boca entre os dois políticos cariocas – apesar de Bolsonaro ser paulista e Maia ter nascido no Chile, ambos fizeram carreira política no Rio de Janeiro – parece não se explicar muito por desavença de ordem ideológica, em virtude de ambos pertencerem a partidos políticos de direita, embora um (o Democratas) ser mais liberal que o outro (o PSL). Seria uma disputa de liderança política no espectro da direita? Estaria Bolsonaro desconfiando que Maia deseja disputar o seu lugar na eleição de 2022? Ou, o contrário, Maia de olho no Palácio do Planalto, quer desgastar seu futuro adversário de 2022? Ou, ainda, a desavença teria ligações com as eleições de 2020, ou 2022, no Rio de Janeiro, quintal político de ambos?

Sejam quais forem as razões da desavença entre os dois presidentes de Poderes, evidentemente o Brasil e os brasileiros não merecem isso. Parece um consenso entre as pessoas, sem amarras ideológicas ou interesse pessoal/corporativista, que se algo não for feito para conter o endividamento público o Brasil, que já está na UTI respirando por aparelhos, quebrará inapelavelmente. E a quem interessará governar uma massa falida? Evidentemente, só àqueles que fazem uso da função pública para roubar o dinheiro do contribuinte.

ACONSELHANDO

Acólitos e empregados do ex-notório senador Romero Jucá (MDB), que para não sair da ribalta utiliza de redes sociais para aparecer assando mal um pedaço de carne, andam utilizando suas emissoras de comunicação para dizer que o patrão é sempre procurado por ministros de Bolsonaro, que lhes pedem orientação de como governar. Se for verdade, é bom que o atual ocupante do Palácio do Planalto preste atenção ao que aconteceu a seu antecessor, Michel Temer (MDB), que foi parar na cadeia, enquanto o notório Jucá continua rindo da Justiça, comendo churrasco como se estivesse comemorando a impunidade. Talvez por isso a correligionária de Jucá, a prefeita Teresa Surita (MDB), continue, como nos tempos de Temer, recebendo muito mais dinheiro do governo federal que o governo estadual de Antonio Denarium (PSL).

TRÊS PATETAS

A conduta para lá de dúbia do governo de Jair Bolsonaro em relação ao notório Romero Jucá tem dificultado a vida de seus possíveis aliados em Roraima. Na eleição, Bolsonaro mandou vídeo para cá dizendo que Jucá não teria coragem de chegar à antessala de seu gabinete. Agora, aceita que seus ministros sejam orientados pelo ex-líder de Michel Temer e isso chega a ser deslealdade para com seus possíveis aliados locais. E essa dubiedade encoraja o notório Jucá a chamar de três patetas os senadores de Roraima: Telmário Mota (PROS), Chico Rodrigues (DEM) e Mecias de Jesus (PRB), todos da base parlamentar de Bolsonaro no Senado Federal.

ASSEDIADOS

Para formar a tal da base de apoio na Câmara e no Senador Federal, o governo de Jair Bolsonaro negocia a possibilidade dos novos parlamentares (deputados e senadores) eleitos na eleição passada também apresentarem emendas individuais ao Orçamento Geral da União, já em execução neste exercício fiscal de 2019. O valor dessa emenda seria de 50% (hoje R$ 7,5 milhões) do valor das emendas já aprovadas, e sairia através da abertura de crédito suplementar. Por conta dessa possibilidade, os novos deputados (são quatro) e senadores (são dois) estão sendo procurados por prefeitos e dirigentes de órgãos federais no Estado, que querem receber alguma parte dessa grana nova. 

ANDANDO

Embora nada mais tenha sido informado à imprensa, parece que as negociações em torno do pagamento da Roraima Energia ao governo do Estado, decorrente da indenização dos ativos da Companhia Energética de Roraima (Cerr), avaliados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em R$ 296 milhões, continuam andando bem. É o que transparece depois que foi marcada para terça-feira (02.04) a entrega definitiva da Hidroelétrica de Jatapu, da Cerr, para os novos donos, a Roraima Energia. A usina foi avaliada pela Aneel em R$ 29 milhões. Só para reformar as antigas e acrescentar novas turbinas, o governo estadual diz ter gastado mais de R$ 20 milhões.