Queimadas continuam a atingir Roraima – Flamarion Portela* E a história se repete. Sempre nos primeiros meses do ano, período em que já temos a pior fase do verão, com um forte calor e estiagem, ainda temos que conviver com as queimadas, que ocorrem em sua maioria no interior, mas que também atingem a zona rural de Boa Vista, trazendo muita fumaça e fuligem para a cidade.
Esse “fenômeno” histórico das queimadas em Roraima advém de uma questão cultural que os produtores têm de queimar a vegetação para que possam usar o solo para a agricultura. O maior problema é que, muitas vezes, por falta de uma programação adequada, esses incêndios acabam se propagando e atingindo áreas que não deveriam, muitas vezes se tornando em grandes incêndios florestais, como os ocorridos em 1998 e em 2003.
Essa cultura local colocou Roraima na liderança de um ranking negativo: o Estado é o primeiro do País em números de queimadas, tendo registrado mais de três mil focos nos três primeiros meses deste ano. Em um só dia de março, foram registrados 130 focos de incêndio, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Os dados do Inpe apontam ainda que sete entre os dez municípios onde mais teve queimadas no Brasil estão em Roraima. Somente Caracaraí, município de maior extensão territorial do Estado, registrou 819 focos de incêndio de janeiro a março. Em termos municipais, só perde para Corumbá, no Mato Grosso do Sul, que registrou 559 focos.
Outros municípios, como Mucajaí, Iracema, Rorainópolis e Amajari, também têm registrado um grande número de focos de queimadas, sendo que Amajari chegou a decretar situação de emergência devido aos problemas ocasionados pela grande quantidade de incêndios na região.
A Defesa Civil estadual já considera o cenário alarmante e compara a situação com os anos de 2010 e 2013, períodos mais críticos dos últimos dez anos.
Devemos lembrar que, além dos problemas ambientais que essas queimadas indiscriminadas causam, elas também trazem complicações para a saúde e até mesmo para o cotidiano das pessoas.
É comum nesse período aumentarem as doenças respiratórias, sobretudo em crianças, devido à grande quantidade de fumaça que se espalha pelo ar.
Outro transtorno é a fuligem que é trazida com o vento e acaba invadindo as residências, provocando sujeira até mesmo dentro de casa.
Sabemos que a queimada, para muitos pequenos produtores, é a única alternativa para facilitar o processo de preparação do solo para a agricultura, mas é preciso que se tenha o cuidado adequado para não prejudicar o meio ambiente e a própria saúde das pessoas. *Ex-governador de Roraima
Tudo como dantes! – PARTE I – Selma Mulinari*
“Tudo continua como dantes no quartel-general de Abrantes”! Não estamos na tranquilidade de Abrantes, em Portugal, mas podemos reproduzir esse dito popular para comparar com o marasmo em que nos encontramos. Somente uma coisa mudou: o general agora é o Mourão e o presidente é um capitão. No caso do vice, ponto para ele, que está se mostrando um cara popular, educado, atencioso e bonachão. Já o mesmo não pode ser usado para o nosso presidente.
Como cidadã, estou até agora esperando as mudanças prometidas e os choques de gestão que foram amplamente anunciados e defendidos pelos candidatos eleitos. Parece que fazer campanha eleitoral e resolver problemas no campo das falácias é fácil, quero ver, na realidade nua e crua do dia a dia, achar soluções viáveis para os problemas e principalmente cair na real.
Quando se está em cima do palanque, tudo pode. São promessas e mais promessas, acusar o opositor de má gestão é incrivelmente fácil. É só se municiar de algumas palavras de ordem e usar velhos jargões políticos que sempre voltam à tona nesses momentos, que só servem pra acirrar as lutas e apimentar as disputas eleitorais. Como sabemos, depois das urnas tudo vira pó e nada se resolve, afinal os políticos não têm uma varinha mágica.
Enquanto isso, o povo, que se tornou o expectador dessa grande orquestra, é o primeiro a sentir na pele o fiasco das promessas não cumpridas. É o primeiro a perceber que o maestro faz o que quer com a batuta, afinal é ele que comanda. Mas, gosto de pensar que todo povo tem o governo que merece e que nesse momento da realidade nacional temos representantes bem atuais, fenômenos da nova mídia – WhatsApp, como o nosso presidente BBB.
Assim sendo, temos que aceitar que mesmo sendo um craque nas redes sociais, o novo presidente não entende nada de gestão pública. Sem contar que quando abre a boca deixa toda a equipe de governo com os cabelos em pé, sem saber o que vai aprontar. Até porque usar WhatsApp como meio de comunicação de um governo é, no mínimo, estranho.
Então, vamos padecer com a imaturidade de governantes inexperientes, presunçosos e inconstantes do ponto de vista decisório. Vamos tolerar as ingerências dos políticos de carreira que ajudaram na eleição e agora querem o seu quinhão. Vamos lidar com equipes de governo inexperientes, com a demora em se tomar decisões que não podem esperar, afinal, até o sujeito que está sentado na cadeira aprender a fazer o serviço o barco já verteu água.
Aqui em Roraima não foi diferente. Vivemos o mesmo processo e vamos igualmente pagar o preço dos fenômenos midiáticos. Vamos padecer do mesmo erro que o Brasil padece: mudam-se alguns nomes, mas as estratégias se repetem. Para clarear ainda mais, mudam-se alguns políticos, mas as estratégias são as mesmas de antes…
Então, não podemos reclamar, pois sempre foi uma escolha do povo, e se se tornou uma máxima dentro do nosso Estado e no nosso País, é por não termos aprendido a votar. Portanto, não podemos esperar que mudanças repentinas surjam do além, que problemas que necessitam de planejamento e investimento rápidos aconteçam ou que São Jorge apareça montado em seu cavalo e salve a pátria do dragão.
Dentro dessa premissa, como vamos acreditar no que as forças que hoje mandam nesse País têm em mente para construir um projeto para tirar o Brasil dessa inércia que já nos assola há bastante tempo? Como ressurgir das cinzas num Estado, quando vemos tanta inexperiência e desconhecimento do funcionamento da engrenagem que move a máquina administrativa?
Já vimos esse filme quando o fenômeno Collor de Melo aportou em nossas vidas. Já vimos esse filme quando a estrela do Lula ascendeu e nem quero falar da Dilma e do Michel. Tudo é uma grande reprise, a história brasileira está cheia desses fenômenos eleitoreiros que afundam cada vez mais o Brasil. No governo do novo fenômeno eleitoral BBB, nós vemos nitidamente anunciados a conformação de um desastre, fala-se muito e faz-se pouco.
No outro lado dessa moeda, encontramos espalhada por todo o Brasil uma avalanche de fenômenos que se beneficiaram do artifício de “entrar na onda do novo”, para também chegar ao poder. Acredito que só se esqueceram de combinar com o presidente BBB que se incluem no mesmo barco e que esperam que Brasília resolva todos os problemas do Brasil a fora. Roraima está inserido nesse contexto, resta saber quando a ficha vai cair e a equipe de governo vai arregaçar a man
ga para trabalhar.
Falando de governo e de equipes técnicas, vamos nos ater aqui a alguns casos acontecidos nesses quase três meses de mandato do presidente BBB, onde só a nomeação e a (des)nomeação de alguns ministros já causaram grande alvoroço. Outro processo que causa estranheza é saber o papel de cada um nesse governo. Além das declarações do filho que é senador, mas fala como presidente.
Continuamos essa conversa no próximo artigo…
*Mestra em História Social; Conselheira do CEERR [email protected]
Os milagres – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Milagre é aquilo que se realiza fora das leis naturais.” (Arthur Rikdel)
Não sei por que as leis naturais são conhecidas como naturais desde que permitem que aconteça algo fora delas. Se é natural, não pode ser atingida. Mas deixemos essa discussão para outra hora, quando eu estiver mais equilibrado sobre ela. Mas já que falamos em milagres, vamos treinar para fazê-los. Deve ser muito simples. Acho que é só você acreditar que é capaz de fazê-los. E o difícil mesmo é acreditar. Daí creditarmos nossos milagres aos outros. Acho que é por isso que existem tantos santos. É bem mais simples que peçamos a eles que façam, para nós, o milagre que nós mesmos poderíamos fazer. Simples pra dedéu.
Agora, vamos falar sério. Aqui na Ilha Comprida está fazendo um dia extraordinário. Tão extraordinário que me aconteceu a coisa mais difícil de minha vida: estou sozinho em casa. Cara, você nem imagina o alívio. Verdadeiro milagre. Minha família, irmãos, irmãs, sobrinho e tudo o mais, é toda em São Paulo. E ontem vieram me visitar. E como nossa residência ainda está em construção, ainda estamos morando em pousadas. Deu pra sacar o rebu que está acontecendo aqui? Terminamos de almoçar e todos foram visitar, para conhecer nossa próxima morada. E adivinha quem ficou em casa cuidando do Joaquim, meu cunhado, com noventa e dois anos de idade. E adorei a idade dele. Porque só um milagre faz com que essa idade dê tranquilidade. O cara está dormindo o tempo todo. Aí aproveitei pra bater esse papo com você.
Novamente, vou tentar sair da brincadeira para uma conversa séria. Mas é difícil pra dedéu, quando estamos felizes. E eu estou. E isso, atualmente, parece mais um milagre. A felicidade está batendo à sua porta a todo instante, mas nem sempre você está ouvindo as batidas. Aí ela acaba indo embora e você continua ouvindo a barulheira incomodante dos centros urbanos. E como é possível ser feliz quando não se dá atenção ao milagre da felicidade? Então, vamos ser mais sensatos. Vamos parar de sair por aí procurando a felicidade. Ela está dentro de cada um de nós. É só aprendermos a fazer o milagre. E este é muito simples. É só você querer ser feliz, e pronto. Ninguém pode fazer isso por você a não ser você mesmo, ou mesma.
O barulho do mar está passando lá fora e me fazendo feliz aqui dentro de casa. Nada pode lhe trazer mais felicidade do que seu poder na sensibilidade de entender seu estado de espírito. É quando entendemos que ninguém tem o poder de nos fazer feliz se não estivermos a fim. Então, faça, todos os dias, o milagre de se fazer feliz. O universo está à sua disposição. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460