Opiniao 28 05 2019 8276

Para começo de conversa… – Linoberg Almeida

Minha mãe sempre diz que é possível superar qualquer desafio, pois os limites só existem na imaginação. Estar vereador sendo professor é uma tentativa de fazer da cidade e sua gente uma grande sala de aula. E não ter nascido dos grupos políticos tradicionais, é uma vantagem na inversão de prioridades do papel de vereador: fiscalizar os atos do executivo municipal como meta principal, em vez de propor e aprovar mais leis.

Não posso negar que a imprensa e as redes sociais são fundamentais na democracia como meios de informação e publicidade dos atos da coisa pública. A transparência e fácil acesso a dados não são um primor na gestão municipal de Boa Vista. Então, por que não fazer do mandato experiência político-pedagógica, uma tentativa de educação política que abra olhos para o que realmente interessa?

Sabe o ProInfância? Em 2013, houve dois processos para construção de 14 escolas no total. Em 2014, após repasses de dinheiro público, as obras paralisaram. Não por falta de verba, mas empresas não deram conta de fazer e abandonaram obras por todo Brasil, inclusive aqui. Aí, já sabe a burocracia, jogo de empurra.

Veio 2016 e as obras voltaram, sete escolas de lá pra cá foram entregues. Em 2018, nova licitação e contratos para seis escolas no Cidade Satélite, Nova Cidade e Jóquei Clube no valor de R$ 10.155.433, 89 (obras em andamento). Já a obra parada do Conjunto Cidadão virou novo processo com licitação rolando. Mas, cadê a escola que estava prevista e nos portais diz “está em execução” na Rua Dico Vieira, no Caimbé? Sumiu! Nem sinal dela por lá, só curumins atrás da bola no lugar. Se faltam respostas, não nos falta vontade de seguir questionando. E se alguém souber de algo, na Capital da Primeira Infância, avise ao governo federal, pois para eles a obra seria entregue na próxima sexta-feira. Na real, quem recebeu e não entregou deve responder pelos seus atos.

Nem só de prédios se faz educação. A vida dos professores não é simples; queixam-se de sobrecarrega de trabalho, salas lotadas, assédios, saúde física e emocional abaladas, ausência de uma política de capacitação e educação continuada que valorize a carreira. Mas, a gestão preferiu gastar 7,2 milhões de reais com material didático sem a nossa cara só em 2019. Podia valorizar conteúdo local, adequar material do MEC com pedagogos daqui e construção colaborativa de metodologia. Resultado? Alunos indígenas e da zona rural não conseguem acompanhar e aprender realmente o que vem no material de fora. Escolas da periferia têm piores notas se comparadas às centrais. Os dados do IDEB mostram isso. 

E não somos contra o ensino estruturado; temos é que saber o que nossos mais de 41.983 alunos carregam dentro da mochila, tendo em mente que é possível estruturar por aqui, com saberes nossos, cuidando melhor da comunidade escolar, desde que haja participação sua na Política e no orçamento. Afinal, tudo é Política. Se você não se envolve, a propaganda parece realidade. Bom, era só começo de conversa. Boa terça e boa semana.

*Professor e Vereador de Boa Vista/ RR

Trombones para o povo – Walber Aguiar

“E cada um no seu canto, em cada canto uma dor, depois da banda passar, cantando coisas de amor.” (Nara Leão)

Era o ano de 1951. Chegava mais um homem disposto a viver e a desenvolver o Território de Roraima. Viver para alegrar a vida e desenvolver a grandeza e a sensibilidade no coração de muitos. Garimpeiro, lavrador frustrado, professor, músico, enfermeiro, juiz de paz, comissário de menor. Auxiliava a justiça, aplicava injeção, achava diamantes e ensinava o que sabia aos que pouco conheciam da vida e da história.

Genésio da Costa Aguiar ou Genésio “do trombone”, como é mais conhecido, aumentou consideravelmente seu círculo de amizades. Do tempo em que as famílias de Boa Vista, inclusive do Centro, sentavam em banquinhos na frente de casa e contavam “histórias de Trancoso”, mitos, lendas, coisas de arrepiar o cabelo.

Formado na Escola Normal Regional Monteiro Lobato, até corte e costura ele aprendeu. No tempo em que se apostava na integralidade do ensino, onde os alunos estudavam de enfermagem a Camões, de canto orfeônico a Euclides da Cunha, seu Genésio decidiu que a vida não passaria em brancas nuvens. Podia se isolar, mas, ao contrário, resolveu aparecer, se mostrar ao público que ouvia os acordes da velha banda “furiosa”.

Roraima ganhou um homem de bem, um músico, um professor, um pai de família. O Maranhão perdeu um exemplar de extrema gentileza e humildade. Dorval Magalhães dizia que se todos fossem Genésios, não haveria necessidade de polícia ou de justiça. A vida seria muito mais suportável, posto que pautada pelo ético e pela honestidade.

É óbvio que um filho tem sempre algo de bom a dizer do pai. Não apenas digo, escrevo para o presente e para o futuro, pois a história não pode ser partida, fissurada, segmentada. As coisas se completam, os “heróis” aparecem e desaparecem ao longo dos anos. Assim, nem mesmo o tempo consegue fragmentar as coisas boas, os homens de caráter, a beleza de quem vive para construir pontes e não muros.

Mas um “herói” não experimenta apenas a glória, sabe o sofrimento, passa pela dor. Mesmo tendo perdido filha e esposa, ele continuou espalhando galhardia e dignidade. Isso o mantém vivo e pulsante, nos coretos, tocatas e alvoradas da vida.

Era o dia 16 de dezembro de 2009. Mais um ano na sua coleção de primaveras. Ele acordou cedo, limpou o trombone, lembrou dos netos e levou a música para passear…

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras.

Diagnóstico correto é de fundamental importância – Marlene de Andrade

 “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. (Mateus 9:12)

Hemorroida é uma inflamação das veias que se localizam na parte final do intestino e se trata de uma doença carregada de mitos e geralmente, o portador dessa patologia se sente constrangido de ir ao médico falar desse assunto.

As pessoas que possuem esse problema preferem procurar ajuda de vizinhos e comadres, fato esse, totalmente prejudicial à saúde. Em caso de suspeita que algo errado esteja ocorrendo na região anal, o mais certo é procurar serviço médico.

E tem mais, é preciso parar de correlacionar sangramento anal com hemorroida, pois temos que ter em conta que câncer de intestino não é muito comum, mas tem crescido bastante e ele no princípio pode ocasionar sangramento que sugira um quadro de hemorroida, sem de fato ser.

O melhor que se tem a fazer é procurar um médico proctologista, pois o que o paciente pensa ser hemorroida, pode ser que não seja. Dessa forma qualquer anormalidade que apareça no ânus com presença de sangue nas fezes deve ser investigada e ninguém deve se automedicar sem consultar um médico e essa verdade cabe para qualquer doença. Se não sabe que médico deve escolher é melhor ir a um médico clínico, pois ele tratará de enviar o paciente para o especialista do assunto.

Quanto mais a pessoa ficar protelando ir
a um médico, pior será para sua saúde, portanto deixar de ir ao médico por medo ou pré-conceito é totalmente equivocado e errado. Em se tratando de hemorroida pode ocorrer da pessoa pensar que está com essa doença e quem sabe está mesmo é com câncer de intestino, ou com diverticulite ou qualquer outra patologia que leve ao sangramento anal sem ser hemorroida, portanto a presença de sangue nas fezes é uma alerta e a pessoa então deve se antenar, visto que câncer colorretal existe e deve ser tratado logo no início e mesmo que os sintomas não pareçam graves a pessoa deve procurar um médico e se informar sobre tudo que está lhe ocorrendo e ponto final sem medo e sem pânico.

Há uns três anos eu comecei a sentir grande queimação no meu estômago e fui percebendo que esse sintoma foi aumentando cada vez mais, devido ao fato procurei um gastroenterologista, o qual me solicitou uma endoscopia. Imediatamente, tratei de me submeter a esse exame, que trouxe o diagnóstico. Eu estava com H. Pylori. Fiz o tratamento corretamente e fiquei curada. Como se pode perceber não adianta ter medo e protelar o tratamento de alguma doença que está nos afligindo.

Hoje a medicina está muito avançada e se a pessoa está sentido que algo não está indo bem em relação a sua saúde deve procurar o posto de saúde mais próximo de sua residência ou ir a um médico particular, pois adiar uma consulta pode ser fatal.

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT – CRM-RR 339 RQE 431

Arapucas nacionais – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Os partidos nacionais são arapucas eleitorais e balcões de vendas.” (Afonso Arinos)

Infelizmente não temos como contestar o Afonso Arinos. Ele viveu dentro da arapuca e sabe muito bem o que está dizendo. E cabe a cada um de nós, refletir sobre isso e fazer nossa parte para mudar o ritmo da história. Ainda vivemos num mundo em queda, ribanceira a baixo. Lamento roubar seu tempo com esse assunto nauseabundo. Mas fazer o quê? Infelizmente ainda temos que viver dias que já deveriam estar no passado remoto. Já falei pra você do dia em que me encontrei com um conhecido que estava esperando sua vez para se registrar como candidato à Câmara Municipal. Quando lhe disse de minha admiração por ele querer entrar na política, ele me respondeu: “Por que não? Se todos têm direito a essa boquinha, por que eu não tenho”? 

Lamentavelmente a maioria ainda pensa assim. Ainda veem a política como a maior fonte de enriquecimento; sem nem mesmo imaginar que tal enriquecimento é ilícito. Estou tentando sair desse assunto enjoativo, mas não dá. Quando escolher seu candidato para a eleição, analise-o. Mesmo que ele se mostre como seu amigo, cuidado. Se eleito, ele pode muito bem estar fazendo de você um títere. E só muitos anos depois é que você vai descobrir, se descobrir, que ele usou você como laranja, durante o mandato dele. E isso não é tão raro, assim. E a técnica é muito simples. É só você estar ausente. 

Mas vamos nos preparar para conviver com os que não podemos deixar de conviver. Nos países subdesenvolvidos a política é vista como um meio de enriquecimento. E será assim por muito tempo até que os realmente políticos assumam, e comecem a educar a população para que possamos ser realmente um país desenvolvido. Porque só aí seremos realmente cidadãos. E nunca os seremos, enquanto formos obrigados a votar, quando deveríamos votar com a consciência de que estamos votando por dever, e não por obrigação. Numa democracia não há obrigatoriedade, e sim dever de cidadão.

Vamos tirar nossos partidos políticos dessa fanfarra de balcão de vendas. Vamos sair das arapucas, e eleger candidatos que realmente mereçam nossos votos. As cadeias estão lotadas de apolíticos alimentadores da bandidagem, com apoio de eleitores desconhecedores do seu próprio valor. Vamos nos valorizar como cidadãos, mas primeiro precisamos ser cidadãos. E não o seremos enquanto formos obrigados a eleger corruptos e larápios. Vamos nos valorizar educando-nos, já que não nos educam. E sem educação não seremos cidadãos. Vamos à luta pacífica. Nada de gritos nem balbúrdias. Apenas dever. Pense nisso. 

*Articulista [email protected] 99121-1460