Opinião

Opiniao 04 06 2019 8318

Usar as redes sociais no trabalho. Pode? – Fernando Elias José

Internet no computador, no celular, no notebook, no tablet… Cada vez mais pessoas estão conectadas durante 24 horas, não importa o lugar onde estejam. E as redes sociais têm ocupado bastante espaço em nosso tempo de navegação: segundo a Comscore, empresa norte-americana de análise da internet, o Brasil é o 5º país que mais acessa as redes no mundo. De acordo com o Facebook, 13 milhões de brasileiros já usam a rede, um crescimento de 119% nos últimos seis meses. Mas será que tanta interação pode atrapalhar os estudos e a carreira?

É inegável o uso cada vez mais significativo das mídias sociais para o compartilhamento de informações e para a obtenção de valiosos dados na esfera profissional. Além disso, fazer parte das redes pode ser um fator determinante na contratação ou até na demissão de um funcionário. Contudo, o uso exagerado, principalmente na escola, no cursinho e no ambiente de trabalho, pode atrapalhar a produtividade.

Quando um paciente relata que tem dificuldade em se desligar da rede, inclusive no trabalho, avaliamos juntos se há uma conexão psicológica com o fato. Hoje em dia já consideramos a compulsão pela internet como uma patologia, mas existem alguns critérios que são examinados antes do diagnóstico. O psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, referência na área e coautor do livro “Dependência de Internet – Manual e guia de avaliação e tratamento”, coordena o programa Dependentes de Internet, do Hospital das Clínicas (SP). Ele trabalha com a estimativa de que 10% dos usuários acabam se tornando dependentes. No site do programa, é possível fazer um teste para detectar quem sofre do problema.

Como na maior parte das vezes, o bom senso deve prevalecer – passar mais de 30 minutos do expediente interagindo nas redes sociais prejudica a produtividade, principalmente no que diz respeito ao cumprimento do horário de trabalho e aos prazos estabelecidos para a entrega de tarefas. E, se você está à procura de um emprego, saiba que muitas empresas pesquisam o nome do candidato nas redes sociais para observar de que forma ele se comunica, quais as suas opiniões e interesses, e verificar se há compatibilidade com o perfil da empresa. Última dica: interagir mais virtualmente do que pessoalmente não é saudável. O contato interpessoal será sempre necessário, independente do uso da internet. Por isso, procure alimentar a sua relação com os colegas de trabalho e faça disso uma atividade quase que obrigatória em seu dia a dia.

*Mestre em psicologia pela PUCRS e há mais de 20 anos dedica-se a pesquisa em Ciências Cognitivas direcionada à preparação emocional de candidatos para provas, vestibulares e concursos.

O bom paraibano – Walber Aguiar

“Alguém é tanto mais santo quanto mais humano seja.” (Caio Fábio)

Três horas da tarde. O primeiro passou de largo, o segundo afastou-se, o terceiro estendeu a mão e tocou as chagas do ferido. Os homens da religião, sacerdote e levita, estavam apressados demais para se aproximar do que fora vitimado pelos ladrões de estrada. Os homens públicos também.

Aqui também eram três horas da tarde. Homens caídos à margem. Gente vitimada pelos ladrões de gravata, pelos bandidos de colarinho branco; aqueles que fazem grandes saques, que desviam o dinheiro público, que compram votos, que agem com cinismo e tripudiam sobre os miseráveis; que engordam seus corações em dias de matança.

Ora, sacerdotes e levitas modernos fazem parte da religião institucionalizada. Vivem do legalismo, inventam doutrinas, louvam a estupidez numérica, as grandes massas humanas manipuladas em nome do sagrado. Preocupam-se apenas com o grande guarda chuva denominacional. Assim, para não chegarem atrasados, desprezam os desgraçados desse mundo.

Da mesma forma, outras instituições passam de largo. O legislativo não vota assuntos de interesse dos “párias”, do povo que vota e se mantém encurralado por quatro anos. O executivo abandona a patuleia quando elabora esquemas de lavagem de dinheiro, licitações viciadas, concursos de fachada e não cuida da segurança, da saúde, da educação e da cultura. 

No entanto, ainda existem bons samaritanos e bons paraibanos. Gente que deixa seus afazeres, que ainda consegue parar e pensar no humano que carrega no peito. Sem toga, capa ou manto religioso, eles “perdem” tempo com os caídos e marginalizados, com aqueles que o sistema esqueceu e a vida empurrou para um canto.

Nos dias de Jesus temos o bom samaritano, nos dias atuais o bom paraibano. Rocelito Vito Joca, defensor público, usou o remédio jurídico que conhecia para tocar as feridas do detento, do desprezado, do homem esquecido pelo braço institucional. Parou seu incansável percurso jurídico e resolveu que, antes de se importar com o papel frio e sem vida, se importaria com o indivíduo estigmatizado pela dor e pela injustiça.

Quanto mais santo mais humano, “quanto mais cabra mais cabrito”, como diz o Rocelito…

*Poeta, advogado, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

A verdade não tem várias interpretações – Marlene de Andrade

“E conhecereis a verdade, e a vos verdade os libertará”. (João 8:32)

Reverendo Augustus Nicodemus explica que um dos grandes desafios dos cristãos de nossos dias é saber como se portar frente ao relativismo cultural, que vem sempre acompanhado de adversidade religiosa. Nesse viés, ele ainda asseverou que cada vez mais ficam comuns frases como: “Cada um tem a sua verdade e o que é certo para mim pode não ser certo para o outro”.

Augustus ainda assegurou que nos tempos atuais da pós-modernidade o relativismo vem tomando conta da sociedade e isso é verdade mesmo, pois é tanta aberração que fica impossível acreditar que uma mulher casou com ela mesma, vestida de noiva conforme manda o figurino e que já teve mulher casando com cachorro e que em alguns países crianças menores de dez anos também se casam.

A sociedade está perdendo os valores e toda e qualquer perversão vem se tornando social a ponto de acharem que o assalto tem uma lógica e assim nesse tom afirmam os relativistas que cada um tem o direito de seguir sua vida do jeito que quiser. Então quer dizer que toda verdade é relativa, ou seja, alguém casar com um cão é normal e, por exemplo, assaltar tem lógica?

Para dar um colorido todo especial, inventaram o tal do politicamente correto e daqui a pouco vai ser mais do que certo o pai se casar com a filha de 18 anos e viver debaixo do mesmo teto com a esposa e mãe da moça, porque para relativistas tudo, obviamente, é relativo. E não duvido que daqui a um tempo dizer que Deus existe e que Ele é o Criador dos céus e da terra vai se tornar crime porque tal assertiva é uma desconsideração para aqueles que não creem em Deus.

Nicodemus faz a seguinte pergunta em relação ao relativismo: “Se eles dizem que não existe uma única interpretação e que cada um tem a sua própria, então por que alguém deveria ler um livro que defende o relativismo e ainda tendo de aceitar a interpretação do autor? Nossa essa foi bombástica, até porque ele também afirmou que o pensamento pós-mod
erno relativista é hipócrita e questionou o porquê das pessoas se darem ao trabalho de escrever livros e mais livros afirmando que não há interpretação verdadeira se, na realidade, querem que as pessoas leiam seus livros e concordem com suas ideias, isso tem lógica, pergunto eu? E nessa linha de raciocínio Augustus ainda afirma que podemos questionar ao relativista se o pensamento dele também é relativo. Nessa diagonal me lembrei do seguinte versículo bíblico que nos afirma o seguinte: “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” (Provérbios 14:12)

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho / CRM-339 RQE 341

Quem manda aqui? – Afonso Rodrigues de Oliveira

“O homem superior faz o que é adequado à posição que ocupa; ele não deseja ir, além disso.” (Confúcio)

Sua superioridade não está no que você faz, mas como você faz. Muitas vezes navegamos em águas turvas por não saber escolher a maré. E isso é muito mais comum entre os mandantes. É quando eles pensam, e acham que os outros têm que fazer o que eles mesmos deveriam fazer. Talvez isso seja por uma ineficiência mascarada. Normalmente assistimos a isso, ouvindo orientações de pessoas que não estão tão orientadas assim. E por isso pouca gente entende quando digo que os seguranças das ruas estão bem treinados, mas num padrão fora dos padrões. O segurança mais bem treinado está sendo treinado para ir para as ruas combater o marginal. Quando ele deveria ir para proteger o cidadão.

O absurdo está quando vemos frequentemente especialistas irem à televisão, alertar as mulheres a segurarem suas bolsas na frente do corpo, e prestar mais atenção a quem está se aproximando dela. Porque pode muito bem ser um assaltante, ou coisa assim. Quer coisa mais ridícula? O que o “orientador” está dizendo é que a Segurança não está sendo capaz de proteger o cidadão, ou cidadã, mantendo a ordem nas ruas. O que indica que está passando para o cidadão o dever de se proteger. Reflita sobre isso. 

Quando o Alexandre estudava na USP de São Paulo, certo dia ele participou de um evento da USP, numa apresentação numa praça. Mas ele teve dificuldade na mudança de trajes e acabou perdendo sua carteira, com seus documentos. No dia seguinte ele foi até a delegacia fazer um BO por causa dos documentos. Voltou pra casa decepcionado. Além de perder muito tempo na espera para ser atendido, teve que ficar um tampão ouvindo, do Delegado, orientações para nunca participar de eventos nas praças; nunca se ariscar a sair de casa para participar de eventos, mesmo que sejam da Universidade. 

Ainda nos anos sessenta, fui dar uma manzinha para o meu cunhado, num evento de fim de ano, num clube, em São Paulo. Na passagem do dia, as luzes foram apagadas, na comemoração. O dinheiro para pagar a conta, estava sobre a mesa. Quando acenderam as luzes, o dinheiro tinha sumido. Foi um furto. Em seguida fomos à delegacia registrar o incidente. Enquanto o cidadão registrava a ocorrência, parou, olhou pra mim e comentou sisudo: 

– Você está muito calmo para quem foi roubado.

Ele continuou me olhando como se estivesse duvidando da queixa. Enquanto isso eu fiquei buscando uma resposta que não causasse um desentendimento. Finalmente respondi: 

– Por quê? Eu deveria estar chorando?

Reflita sobre isso. Pense nisso

*Articulista [email protected] 99121-1460