Opinião

Opiniao 06 06 2019 8335

Pai, começa o começo! – Flamarion Portela   Na semana passada, recebi de um amigo um vídeo pelo aplicativo WhatsApp, que me levou a uma grande reflexão sobre a influência e a importância que nossos pais, da Terra e do Céu, têm na construção da nossa vida, nos dando a segurança necessária para crescermos sendo capazes de enfrentar as dificuldades que a vida nos impõe.

Transcrevo aqui a mensagem do vídeo, escrita por Gilson Castilho, para que você leitor, possa refletir e tirar suas próprias conclusões.

“Quando eu era pequeno e pegava uma tangerina para descascar, corria para o meu pai e pedia: – Pai, começa o começo!

O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.

O meu pai já faleceu e eu não sou mais criança. Mesmo assim, sinto um grande desejo de tê-lo de volta ainda ao meu lado para, pelo menos, ‘começar o começo’ de tantas cascas duras que eu encontro pelo caminho.

Hoje, minhas ‘tangerinas’ são outras. Preciso ‘descascar’ as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas do núcleo familiar, o esforço diário e a construção do casamento, os retoques, as pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos bem educados e felizes e, então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.

Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis…

Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo pai quando lhe pedia ‘pai, começa o começo?’ era o que me dava a certeza de que eu conseguiria chegar até o último pedacinho da casca e saborear a fruta.

O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me levaram a pedir ajuda a Deus, o meu pai do céu, aquele que nunca morre e sempre está ao meu lado.

Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus e diga: ‘Pai, começa o começo’.

Ele não só ‘começará o começo’, mas resolverá toda a situação para você.

Eu não sei que tipo de dificuldade você está enfrentando ou que eu você vamos encontrar pela frente. Eu sei apenas que vou me garantir no imenso amor de Deus para pedir, sempre que for preciso: ‘Pai, começa o começo”.    *Ex-governador de Roraima

O TABU DO PAGAMENTO DE MENSALIDADES NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS – Luis Cláudio de Jesus Silva

Toda minha formação educacional foi em instituições públicas de ensino, estudei do antigo jardim de infância ao doutorado sempre com educação gratuita e de qualidade. Não poderia ser diferente, sendo filho de família humilde e sem posses para pagar escolas particulares, o ensino gratuito era a única alternativa de estudo. Fiz do ensino a minha profissão, desde 1993 frequento a UFRR, inicialmente como aluno e depois como professor. Desde o início, aprendi que, para a evolução do pensamento científico, as dúvidas, as interrogações e a dialética são mais importantes que a certeza absoluta, os dogmas, os tabus, os assuntos proibidos. Por isso, me surpreende que alguns docentes abominem de forma tão radical qualquer menção ou discussão quanto a cobrança de mensalidades nas universidades públicas.

Desde que aceitamos o ‘contrato social’ de Rousseau, que sabemos o peso de viver em sociedade e que o ‘Estado’ que criamos para bem servir ao povo, precisa ser financiado pela sociedade. Alguém já assentou que não existe almoço grátis, e que as políticas públicas demandam recursos. Com a educação não é diferente. Sou favorável à cobrança e, como ponto de partida para o debate, sugiro que os alunos oriundos de escolas particulares, que tiveram sua formação básica e fundamental em escolas particulares, paguem mensalidades nos cursos de graduação e pós-graduação nas universidades públicas. Devendo os recursos dessas mensalidades serem destinados para o financiamento da abertura de novas vagas no ensino superior e assim, ampliarmos as oportunidades para alunos de baixa renda, os quais continuariam tendo um ensino superior gratuito, porém com mais oportunidades de acesso. Antes de resistir a essa proposta inicial, alerto que esse modelo não foi testado em nenhum lugar e portanto, não deu certo e muito menos errado.

Não estamos defendendo uma competição mercadológica entre Universidades Públicas e as caríssimas faculdades particulares. O objetivo da cobrança de mensalidades nas instituições públicas de ensino é o financiamento de novas vagas e para isso uma média de 2 para 1 seja bem razoável. Ou seja, 2 vagas pagas geraria 1 nova vaga gratuita. Na evolução deste debate também cabem as diversas possibilidades de financiamento e facilidades de crédito para custeio dessas despesas pelos alunos. O Estado já financia o ensino privado com diversos programas e poderíamos discutir um FIES para alunos de instituições públicas. Por que não?

As experiências negativas do Chile, como gostam de mencionar os esquerdistas, devem ser consideradas e servir para ao reformularmos nossas propostas de cobrança, não incidirmos nos mesmos erros. Nossa Constituição Federal garante, no artigo 206, o ensino público e gratuito em todos os níveis e instituições públicas de ensino. E qualquer modificação nesse sentido dependerá de uma proposta de Emenda Constitucional o que já ensejará um grande debate em torno do tema. Já existem setores do governo Bolsonaro dispostos a tal propositura e, desde 2017, decisão do STF criou precedente ao permitir a cobrança de mensalidades nos cursos de especialização lato sensu. Ou seja, você concorde ou não, esse tema virá a debate, é bom que seus tabus sejam derrubados e você pesquise e, sem mimimis, sem histerias ou palavras de ordem, se prepare para o debate e possível mudança.

*Professor universitário, Doutor em Administração. [email protected]

A VIDA E A ESCOLHA – Maria Félix Lopes da Rocha   A vida é feita de escolhas, e pode-se dizer que sem essa possibilidade ela perde o seu verdadeiro sentido e significado. Todos nós escolhemos e tomamos atitudes diante das coisas e das circunstâncias ao longo da nossa existência, isso é estar vivo, mas também é viver e ser livre. No meio de tantas opções, somos sempre levados a escolher; fazemos escolhas certas, mas também fazemos escolhas erradas, é por isso escolhemos novamente e voltamos a escolher enquanto vivermos, afinal, a vida é uma escolha e ela é movida pelas escolhas que cada um faz. Assim, enquanto é possível escolher, é possível também viver, por isso que a vida é uma escolha e viver é escolher. 

No entanto, apesar da vida ser uma escolha, e nós somos livres para escolher entre várias opções possíveis, devemos ter consciência que em todas as nossas escolhas, nós somos os únicos responsáveis por elas, isto é, ninguém deve responsabilizar o outro pelas escolhas que fez. Assim, se não queremos ser prisioneiros ou vítimas das nossas próprias escolhas enquanto vivermos, prec
isamos então escolher com cuidado e atenção. É preciso, portanto, que se escolha bem para que seja possível viver no mínimo em paz e livre. Cada escolha errada pode ser um passo atrás ou simplesmente um empecilho no caminho da vida, mas cada escolha certa é, sem duvida, uma chance de iluminar o próprio futuro e de tornar a vida mais bela e significativa.

Portanto a vida é uma escolha, e a boa escolha faz bem à vida, pois ela poderá determinar o nosso amanhã para o bem ou para o mal, dependendo do nosso compromisso com ela. É por isso que todas as escolhas devem ser feitas de forma livre e refletir não o momento ou o motivo pelo qual ela foi feita, mas sim quem nós somos verdadeiramente. Escolher é, sem dúvida, viver, mas também é mudar alguns rumos desta mesma vida; cada decisão tomada é uma mudança que se aproxima. Todos os dias temos a oportunidade de escolher, e cada vez que deixamos de fazer a escolha, estamos parando um momento da nossa própria vida. A vida é certamente nossa, apesar dela não ter sido escolhida por nós, temos toda a liberdade e condições de escolhermos o que fazer a respeito dela.  

  *Estudante do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

Reações comadrescas – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Somos o único caso de democracia que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.” (Joaquim Barbosa)

Ainda bem que não somos o único caso de democracia que os que se sentem ofendidos e prejudicados vão às ruas protestar sem saberem por quê. É bem verdade que ainda não somos realmente cidadãos. Mas tudo bem. Nosso avanço democrático depende de cada um de nós. Se continuarmos marionetes de titeriteiros, nunca seremos cidadãos. Então vamos fazer nossa parte para que alcancemos nosso horizonte. E aí descobriremos que não necessitamos de ir para as ruas sem saber o que realmente queremos. 

Mas só há uma saída quando estamos em ruelas. E, queiramos ou não, é onde nos encontramos, há muito tempo. E só há uma saída. Ou a encontramos, ou continuaremos encurralados pela ignorância. E a única saída é a Educação. Está lembrado do Miguel Couto? Faz quase cem anos que ele nos advertiu: “No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo.” E fim de papo. Mas não vamos continuar imitando os brasileiros do passado, que ficavam tentando imitar os europeus, tendo-os como civilizados. 

Nada de blá-blá-blá, vamos fazer o que devemos fazer como deve ser feito. E a raiz da Educação não está nas escolas nem nas universidades. E é com a raiz que ninguém se preocupa. Continuamos sem saber educar nossos filhos para o mundo em que eles irão viver. Vamos refletir sobre isso antes de irmos espernear e gritar, pelas ruas, sem saber que estamos fazendo balela. Vamos pensar. Mas não o conseguiremos enquanto ficarmos dirigidos pelos pensamentos dos que nem mesmo sabem pensar. Nossos direitos estão no que merecemos. Você nunca será respeitado enquanto não se respeitar. E é simples pra dedéu. 

Um dos maiores problemas que continuamos enfrentando é não sabermos o quanto merecemos o que queremos. Vá fazendo uma reflexão sobre isso. Busque seus direitos cumprindo seus deveres. E só os cumpriremos quando começarmos a respeitar os direitos das outras pessoas. Ou respeitamos os direitos ou tiraremos a venda dos olhos da justiça. Ainda não entendemos por que ela tem os olhos vendados. E a venda não está errada nem deve ser retirada. Mas é necessário que sejamos suficientemente civilizados para entender por que ela deve ser mantida. E só conseguiremos isso com a Educação.

Você já está se preparando para as próximas eleições? Já observou quais os candidatos que já estão começando a cumprimentar você? E você está caindo na gangorra? Tome cuidado. Você está se preparando para mandar alguém para o poder público para trabalhar por você e pra você? Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460