O que o código dos samurais nos ensina sobre liderança – Eduardo Shinyashiki
Imersos no caos das mudanças e desafios do contexto atual, os líderes muitas vezes se sentem deslocados e podem se equivocar sobre as estratégias a serem tomadas, os tempos de ação, as escolhas, as decisões e as atitudes.
Mas, será que isso é possível? Será que podem aprender a ser mestres na arte da liderança, conseguir os resultados escolhidos e chegar à solução ideal, sem perder a saúde e a identidade? O encontro da cultura oriental com a ocidental pode ajudar a responder essas questões e formar novas possibilidades de entendimento e ação para os líderes das empresas.
É o caso do Bushido, antigo código de honra e um estilo de vida para os samurais, que fornecia parâmetros para esses guerreiros viver e morrer com honra. Literalmente, Bushido significa “caminho do guerreiro” e nele é possível identificar alguns princípios extremamente eficazes para o “caminho” do dia a dia de trabalho e algumas respostas relacionadas à liderança eficaz.
Entre os sete princípios identificados nesse código, temos a Honestidade e Justiça, isto é, seja honesto com os outros e com você mesmo. Não espere a justiça de fora, ela tem que vir primeiramente de você.
Como é tão bem colocado no código de honra dos samurais: esconder-se como uma tartaruga na sua carapaça, não é viver. Esse é o princípio Heroico e Coragem, que tem como visão superar o medo de agir, de tomar decisões e ir além das limitações, que são desafios constantes no contexto empresarial.
Compaixão não poderia estar de fora desse código do Bushido. A força, o poder interior e o carisma que um samurai adquire no decorrer do seu treinamento e preparações são utilizados para a realização, principalmente do bem comum.
A Sinceridade também é valorizada como princípio no código. Quando um samurai exprime uma intenção de ter uma determinada ação, esta ação é, na pratica, já realizada. Para o código dos samurais, só existe um juiz em relação à Honra – outro importante princípio –: ele mesmo.
O sétimo e último princípio é o Dever e Lealdade, uma verdadeira lição. O Samurai assume a plena responsabilidade pelas suas ações. Nesse caso, lealdade é considerada também em relação aos seus próprios objetivos, a não abandoná-los na primeira dificuldade.
Seguindo essas reflexões, podemos compreender que a base para a conquista da maestria na liderança se resume na conquista de si mesmo por meio do profundo conhecimento da própria natureza interior. Para ter excelência no externo, precisa ter maestria no interno!
*Mestre em neuropsicologia, liderança educadora e especialista em desenvolvimento das competências de liderança organizacional e pessoal. Com mais de 30 anos de experiência no Brasil e na Europa, é referência em ampliar o poder pessoal e a autoliderança das pessoas, por meio de palestras, coaching, treinamentos e livros, para que elas obtenham atuações brilhantes em suas vidas. Mais informações: www.edushin.com.br
Quem tem medo da educação a distância? – Henrique Sartori de Almeida Prado
A educação a distância é diretriz e integra a base da educação brasileira como uma modalidade reconhecida. Em 2005, um decreto apresentou parâmetros de qualidade e de segurança para um meio acadêmico que já inovava, em termos de oferta e experimentações. Esta norma, que foi recentemente modernizada, já indicava a possibilidade de aplicação de processos de ensino e aprendizagem, por meio de uma mediação didático-pedagógica sempre muito demandada, pouco explorada e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, incentivada.
Desde então, a modalidade da educação a distância (EAD) no Brasil evoluiu de forma muito tímida na educação básica e de forma bem intensificada na educação superior. Nota-se ao analisar os dados dos Censos da Educação Superior que, já no ano de 2007, a base de alunos declarados nesta modalidade representava 7% dos matriculados. Dez anos depois, esta base triplicou de tamanho, alcançando 21,2%, perfazendo mais de 1,7 milhões de alunos.
Segundo dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) de 2017, a distribuição do conceito 3 (de uma escala entre 1 a 5) entre as modalidades presencial e a distância, é praticamente igual para os cursos avaliados naquele ciclo. Este indicador é calculado a partir do desempenho dos alunos e esta faixa de nota, que concentra o maior número cursos avaliados, refere-se a um atendimento dos parâmetros médios da avaliação. Os dados mostram ainda que, como fator de impacto social dos cursos de EAD, quase 80% dos alunos inseridos nesta modalidade trabalham e que 77% são mulheres, reforçando o caráter inclusivo desta modalidade.
Por mais que em uma década a modalidade tenha crescido em números que sustentam o ingresso, matrícula e permanência na educação superior, também cresce o número de atores descontentes com a oferta desses cursos superiores. Com o discurso pautado na falta de qualidade ou na preparação inadequada dos currículos dos cursos, sobretudo na área da saúde, muitos que desconhecem as regras ou até mesmo a sala de aula, investem críticas contra a modalidade, como é o caso dos conselhos de profissão regulamentada.
Falamos aqui de uma parcela diminuta da sociedade, mas que consegue, a seu modo, garantir que o debate míope contra a modalidade esteja sempre calçado na desconfiança de quem não educa, mas de quem regula o exercício de uma determinada profissão. Contudo, quando agregam valor aos seus inscritos, esses conselhos são importantes para acompanhar o desenvolvimento de seus profissionais e o combate do exercício irregular da profissão, mas quando tentam indicar os rumos da formação, confundem a sua missão de ser, principalmente quando buscam pautar esses pontos fora das devidas instâncias.
Contudo, por mais que existam movimentos que queiram desagregar a educação a distância da qualidade, é vital esclarecer que todas as regras que competem aos cursos presenciais, também se aplicam ao EaD, principalmente quanto às questões relativas às atividades práticas, estágios supervisionados obrigatórios e das disciplinas presenciais que as diretrizes curriculares nacionais de cada curso indicam, desmistificando que a liberdade do EaD esteja vinculada à falta de qualidade ou irregularidade na oferta desses cursos perante ao Ministério da Educação.
A modalidade a distância é um avanço para a educação brasileira, pois garante ao aluno, ao professor e as instituições de ensino devidamente habilitadas, a liberdade de escolha, o melhor aproveitamento do seu tempo e das tecnologias disponíveis e que, subsidia, por meio de metodologias inovadoras de comunicação e informação, um acesso mais célere e dinâmico aos currículos e conteúdos dos mais diversos cursos.
Se a educação brasileira já fez a sua escolha e se adaptou aos novos tempos, por que continuam a ter medo da educação a distância? Neste caso é melhor ter medo de quem tem medo. *Chanceler do Grupo Estácio; Foi Secretário-Executivo do MEC; Professor universitário.
Somos os responsáveis – Afonso Rodrigues de Oliveira
“No
s bancos do Parlamento, é difícil estabelecer a diferença entre os homens capazes e os homens capazes de tudo.” (Henry Berand)
O importante é que aprendamos a buscar a distinção antes de eles chegarem ao Parlamento. Afinal de contas eles não prestaram concurso para o Parlamento. Nós os mandamos para lá. E se é assim, a responsabilidade por eles, é exclusivamente nossa. E o importante é que amadureçamos para que possamos ser politicamente, civilizados. Quando nos civilizarmos na política seremos civilizados na vida pública, mesmo fora do Parlamento. O drama nauseabundo a que continuamos assistindo na nossa política continua nos envergonhando. E por que não nos corrigimos? Enquanto não nos corrigirmos, os que são capazes de tudo continuarão fazendo o que realmente sabem fazer. Enquanto nós, responsáveis por eles, não aprendemos a nos respeitar como cidadãos.
O Brasil continua na fogueira do descontrole cívico. Quando normalmente deveria tirar o descontrole do civismo. Mas não faremos nem conseguiremos isso enquanto não formos verdadeiramente cidadãos. A situação está ridícula. Já não sentimos mais vergonha do comportamento dos que elegemos para nos representarem no poder público. Vamos tentar começar pelo começo. Vamos nos mirar no nosso espelho interior e ver quem realmente somos, no que pensamos que somos e ainda não somos. Você nunca será um cidadão de fato e de direito, enquanto for obrigado a votar. Não há democracia com a obrigatoriedade do voto. O cidadão vota por dever de cidadão e não por obrigatoriedade de fantoche. Que é o que somos politicamente.
Vamos caminhar pelas veredas que nos levarão à cidadania. Comecemos entendendo que temos o que merecemos. “Todo povo tem o governo que merece.” Uma verdade, da qual não podemos esconder-nos. Se não a vemos é porque ainda não conseguimos enxergar. Ainda não entendemos que para merecermos o voto facultativo temos que nos educar politicamente. Os bons políticos sabem disso, mas nem sempre podem fazer com que entendamos isso. E isso porque os que sabem tudo não os deixam trabalhar. Nossa educação política os atrapalharia na negociata da corrupção.
Vamos sair do lamaçal político em que vivemos atolados. E só há um cidadão capaz de nos tirar desse pantanal político: é você. Mas você primeiro tem que entender isso e procurar se valorizar para que possa ser valorizado pelos políticos que você vier a eleger, no futuro. Não adianta você continuar esperneando pelas ruas, em protesto fantasioso, contra os que você considera sem respeito. Você é responsável por ele, mesmo que não tenha votado nele. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460