Cotidiano

PM afirma que invasores tentam tomar posse de área institucional

Uma das moradores do local que fica na região do Bom Intento fez uma denúncia à OAB alegando que os PMs estão ameaçando as famílias

O comandante da Polícia Militar coronel João Lins dos Santos Filho, afirmou que a área utilizada para treinamentos de tiro pelos policiais militares, há nove anos, está sendo ameaçada de invasão. A declaração do comandante é uma resposta à denúncia divulgada hoje (20) pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e feita por uma das moradores do local.

Segundo a denúncia feita pela funcionária pública, Deuzenir Augusto de Farias, à Comissão de Direitos Humanos da OAB, as famílias residentes na região do Bom Intento, Gleba Murupu, estão sendo ameaçadas por policiais do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope), que utilizam a área para a prática de tiro.

De acordo com Deuzenir, a área ocupada pelas famílias faz parte de um assentamento criado pelo Instituto de Terras (Iteraima). A denúncia recebida pela OAB será encaminhada à PM, conforme o presidente, Jorge Fraxe, “com pedido de providências, uma vez que a ação dos policiais está colocando em risco a vida de muitas pessoas ali residentes”.

A funcionária pública afirma que 12 famílias atualmente utilizam as terras cedidas pelo Governo do Estado para a prática de agricultura familiar. “Sempre que eles aparecem na região para disparar suas armas, depois vão de casa intimidando as pessoas, obrigando-as a desocuparem seus lotes. E já deram o ultimato: a gente terá que deixar o local por bem ou por mal”, conta a denunciante à OAB.

No entanto, o comandante da PM contesta as afirmações da denunciante e afirma, inclusive, que o grupo, liderada por Deuzenir, “já foi retirado da área anteriormente por se tratar de uma área com ocupação da Polícia Militar, por meio da Autorização de Ocupação Nº 0053.14, expedida, em 03 de fevereiro de 2014”.

“A instituição esclarece que, em momento algum, os disparos efetuados por policiais são feitos a esmo, tendo em vista que o local é devidamente adaptado para os treinamentos. A presença de policiais militares na região é rotineira, pois, o local é adaptado para treinamento. Em momento algum os moradores foram ameaçados pelos policiais militares, e sim, orientados de que a ocupação é irregular”, afirma a nota do governo.

A Polícia Militar explicou também que a área, ocupada pela Corporação, fica afastada do perímetro urbano da cidade de Boa Vista, “sendo, portanto um local adequando e conveniente para treinamento dos profissionais da PM, em instruções de tiro policial, sobrevivência, controle de distúrbios civis e das demais componentes curriculares dos diversos cursos de formação, tanto de Oficiais como de Praças, assim como de habilitação e aperfeiçoamento dos mesmos, sendo também utilizado por outros órgãos da segurança pública”.

Por fim, o comandante ressalta sobre o perigo da permanência de pessoas na área de treinamento da PM, “considerando que as atividades de instrução lá realizadas, bem como a existência de artefatos explosivos não deflagrados representa risco às suas próprias integridades físicas”.

O comando da Polícia Militar também alertou que um levantamento foi realizado pela instituição e se detectou que já “existem outros ocupantes organizados e instalados na área, supostamente sob a coordenação da senhora Deuzanir, embora a área seja de propriedade do Estado de Roraima”.

“A instituição já detectou, inclusive, significativos danos ambientais naquele local causados pela ocupação irregular, os quais serão devidamente apurados pelas instituições responsáveis. A afetação de toda a área a que se refere a Autorização de Ocupação Nº 0053.14 e a delimitação de uma área limítrofe de segurança estão em fase de finalização”, finalizou.