Bom Dia,

A grande maioria da população de Roraima, especialmente de Boa Vista, está com medo. Muito medo. Só ontem, domingo (07.07) de manhã, durante o programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3, duas narrativas dão um pálido retrato desse medo que cresce a cada episódio envolvendo ataques a pessoas indefesas por migrantes, especialmente venezuelanos, para tomar bicicletas e celulares, em quase todos os espaços da Capital roraimenses.

CEGO

Nas narrativas de ontem, a primeira de um homem que prestou socorro a um jovem de 20 anos que teve sua bicicleta tomada por dois bandidos de origem venezuelana, que lhe jogaram um produto ácido nos olhos. O jovem, de família pobre, além de ficar sem seu transporte comprado com imensa dificuldade estava, até ontem, com todos os indícios – segundo o relato do homem que o socorreu – de estar completamente cego, para o desespero da mãe, que depende dos ganhos do filho para o sustento da família. O registro da ocorrência foi feito em telefonema à Rádio Folha, pelo benfeitor.

VIOLÊNCIA

Motivado pelo primeiro relato, outro ouvinte da Rádio Folha FM 100.3, um servidor público estadual, que telefonou em seguida para narrar a violência ocorrida no começo da noite de sexta-feira (05.07) nas proximidades do campus do Paricarana, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), uma região central de Boa Vista, com sua esposa, estudante daquela instituição federal de ensino superior. Segundo a narrativa, a universitária foi à UFRR fazer um trabalho com outros colegas, e, ao sair de lá, por volta das 18h30h, foi atacada por dois migrantes venezuelanos que a empurraram de cima de bicicleta, levando a magrela – que é como muita gente chama bicicleta – deixando-a caída ao chão, com o rosto ensanguentado por ferimentos provocados pela queda.

ESPAÇO INSUFICIENTE

E se fossemos registrar aqui ocorrências criminosas envolvendo bandidos que se escondem atrás da condição de migrantes para cometer assaltos, roubos e até homicídios nos últimos tempos por esses marginais, o espaço da Parabólica seria insuficiente, mesmo que tratássemos do assunto por vários dias. O certo é que diante da absoluta inércia e ineficácia das autoridades federais e estaduais no enfrentamento concreto às mazelas trazidas pela enorme leva de migrantes que chega a Roraima, está tomando corpo entre a população roraimense um lamentável sentimento de aversão a todos os migrantes, como se todos fossem bandidos, o que está longe, muito longe de ser verdade.

CONDIÇÃO MÍNIMA

Isso é uma pena. A esmagadora maioria dos venezuelanos e das venezuelanas que cruza a fronteira vem desesperada em busca de uma condição mínima de sobrevivência, que lhes está sendo negada por uma ditadura corrupta e cruel – e incompetente – que infelizmente ainda tem o apoio de larga parcela da elite política e intelectual brasileira. São famílias, muitas famílias, com crianças pequenas, talvez as vítimas mais frágeis dessa tragédia humana. É claro, a presença massiva entre nós, com a presença de pedintes em cada espaço de nossas cidades e a ocupação de milhares de postos de trabalho que antes eram ocupados por brasileiros e brasileiras, incomoda.

OMISSÃO CRIMINOSA

Na verdade, todo nosso incômodo e insatisfação pelas mazelas trazidas pela massiva presença de migrantes em terras roraimenses devem ser canalizados através de indignação pela omissão dos governantes federais, e mesmo locais, que se recusam, criminosamente, a admitirem que estão falhando no enfrentamento do problema migratório. Ao contrário, em vez de admitirem seus erros e omissões, algumas pessoas inescrupulosas ainda pensam em tirar vantagens pessoais através de projetos políticos inconfessáveis. Está na hora da população reagir contra esses verdadeiros abutres da tragédia que se abate sobre mais de meio milhão de pessoas. 

SEM

Em entrevista concedida, ontem, domingo (07.07), ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3, o deputado federal Édio Vieira Lopes (PL) fez uma revelação surpreendente: nestes sete primeiros meses de 2019, o governo do estado não repassou qualquer centavo ao município de Mucajaí referente à arrecadação do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Como se sabe, o governo arrecada o IPVA através da Secretaria Estadual da Fazenda (SEFAZ), mas é obrigado a repassar 50% do que é arrecadado ao município, onde o veículo é registrado.

REVELADORA

Qualquer evidência de que os países desenvolvidos, e suas organizações não governamentais, mantêm um forte trabalho de resistência contra toda forma de exploração econômica da região Amazônica é logo tratado pelo aparato ambientalista/indigenista internacional como mais uma “teoria da conspiração”. Isso é feito para desqualificar as evidências. Pois bem, a matéria publicada na edição da Folha, desta segunda-feira, traz o testemunho de um personagem vivo de uma das histórias que antecedeu a demarcação da Terra Indígena Yanomami. Trata-se do geólogo aposentado Aurélio Freitas, um gaúcho que está na Amazônia faz quase 50 anos.

É POSSÍVEL?

Segundo informações da Polícia Federal, o avião monomotor que aterrissou na BR-174, entre Iracema e Caracaraí, com 470 kg de cocaína pura levantou voo desde a cidade de Pacaraima, fronteira do Brasil com a Venezuela. Aquela cidade tem presença maciça de forças federais de segurança, incluindo um batalhão do Exército Brasileiro. Fica difícil, sobretudo pelo quase inexistente movimento de pousos e decolagens no aeródromo local, imaginar que um avião decole dali, sem ser notado. É possível?