Opinião

Opiniao 26 07 2019 8630

A reforma da previdência e o jogo entre Executivo e Legislativo no Brasil

O trâmite para aprovação do projeto de reforma da Previdência, que ocorreu na última semana, antes do recesso parlamentar, marcou o fim do primeiro semestre do período legislativo da Câmara dos Deputados de 2019. Como principal resultado dessa fase, após ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, bem como na Comissão Especial da Reforma da Previdência, o projeto de emenda constitucional (PEC 6/2019) passou com larga margem de aprovação no plenário da Câmara.

O trâmite da PEC indica, para além de seu trajeto formal, o perfil do jogo entre o Executivo e o Legislativo no Brasil no atual governo. Como uma pequena amostra do que essa relação tem sinalizado, constata-se: I) a formação de uma coalizão parlamentar permanente de apoio ao Executivo, como era característica do presidencialismo de coalizão clássico, encontrado nos primeiros governos pós-redemocratização. Essa coalização cedeu espaço para uma composição temática, que demanda ser reordenada a cada projeto de lei; II) maior espaço para atuação do parlamento em relação ao poder de agenda do presidente da república, derivado desses vazios que se abrem a cada novo projeto de interesse do Executivo; III) o aumento do apoio popular à mudança na previdência, com claro impacto sobre o comportamento parlamentar; IV) a resposta do Executivo às exigências de negociação dos parlamentares, o que pode ser verificado pela liberação das emendas orçamentárias aos deputados.

Para o segundo semestre, ainda restam a aprovação em segundo turno no plenário da Câmara e a tramitação no Senado, com processo idêntico ao exigido na Câmara baixa. O que está em aberto, entretanto, é se os municípios e os estados vão ser inseridos na emenda constitucional, já que o relatório final do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) acabou excluindo as subunidades federativas da reforma. A inclusão dos estados e municípios na nova previdência é um dos pontos mais delicados da negociação entre o Executivo e Legislativo e foi retirada para poder ser aprovada na Câmara. A reforma da previdência parece sinalizar uma mudança de relação entre o Executivo e o Legislativo no âmbito do processo decisório nacional. Se o presidente prefere não formar uma base de apoio regular e distribuir cargos ministeriais em troca de apoio parlamentar, permite que lideranças parlamentares atuem decisivamente alterando o conteúdo das reformas. Essa estratégia leva o presidente a transferir parte dos custos de negociação ao parlamento sem, no entanto, abrir mão de reivindicar os méritos das vitórias. Entretanto, essa estratégia passa por mais ativismo do Legislativo, mais barganhas políticas e, consequentemente, maior demanda por recursos orçamentários aos parlamentares.

Autores:

André Frota é membro do Observatório de Conjuntura e professor do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter.

Luiz Domingos Costa é professor dos cursos de Ciência Política e Relações Internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter.

Meu filho não sai do celular, o que fazer?

Brincar na rua, pular corda, soltar pião, jogar bolinha de gude, andar de carrinho de rolimã, soltar pipa…. Ah, as brincadeiras da infância! Que tempo bom! Para quem foi criança na década de 70, como eu, essas eram algumas das opções que a criançada tinha para se divertir. Apesar dos horrores que o país vivia, o nosso mundo era mais ou menos assim: brincar na rua, subir quando a mãe chamava, ir à escola, assistir TV… Hoje, fico imaginando se a nossa geração não foi a última a viver esse “dolce far niente”. 

O fato é que com o advento da internet e dos dispositivos eletrônicos e inteligentes a vida mudou — e mudou rápido demais! Tão rápido que não deu tempo de nos prepararmos para essa geração que já nasce com o celular na mão! Aliás, as maternidades mais modernas já oferecem aos pais o acompanhamento em tempo real da chegada do herdeiro para os familiares e amigos. Sim, são novos tempos!

Pais e filhos estão vivendo esse novo momento na sociedade, mas (como tudo que é novo) isso gera medo. Afinal, como lidar com essa avalanche de tecnologia que invade os nossos lares e os quartos dos nossos filhos trazendo o melhor e o pior do mundo para eles? Como garantir que eles vão ter uma infância saudável, alegre e cheia de amigos? Dá para lutar contra toda essa modernidade e os riscos que ela traz para a saúde física e mental dos nossos filhos? Dá para protegê-los das baleias azuis e das Momos? 

Sinceramente, não sei se existe uma receita pronta para isso, mas acredito que mesmo pertencendo a um outro século ou época, cabe aos pais orientar os filhos a terem bom senso e equilíbrio em tudo na vida, inclusive na forma como utilizam essas novas ferramentas tecnológicas. A proibição do uso de celulares e tablets, na minha opinião, é uma perda de tempo e energia, tanto para pais como para os educadores, mas isso é assunto para outro texto.

Como educadora e mãe de dois filhos que já são adultos, a minha sugestão é que os pais estabeleçam limites no uso desses aparelhos. Nunca entendi bem por que uma criança que está na educação infantil precisa ter um celular de última geração! Agora, no momento em que a criança começa a ter outras atividades fora de casa, além da escola, e já tem alguma autonomia para andar sozinha, aí sim, o celular pode ser uma opção bastante útil para que elas possam manter os pais ou responsáveis informados. Agora, se são os pais que levam e buscam na escola todo dia, pra que celular? Se acontecer alguma coisa mais grave, a escola fará o contato com os pais e vice e versa. Já tive turmas de crianças de 10, 11 anos em que os pais ficavam mandando mensagens perguntando se estava tudo bem! Além de atrapalhar a aula, ainda distraía a criança. Totalmente desnecessário!

Nunca me esqueço do dia em que atendi um casal de pais numa escola de horário integral onde dava aulas. Eles chegaram muito preocupados com as notas do filho, que estava quase perdendo o ano. Era um menino tranquilo, mas passava a manhã toda dormindo na sala ou estava sempre meio desligado, aéreo. Perguntei aos pais como era a sua rotina quando chegava da escola e eles disseram que ele jantava e ia para o quarto jogar. Quando perguntei até que horas, os pais não souberam responder, porque eles iam dormir, “pois tinham tido um dia cansativo”. O problema começava nesse momento: o menino ia para o quarto, não incomodava ninguém, mas passava a noite jogando. De manhã, acordava às 6 horas para entrar às 7h30 no colégio e ficar até as 18h. A minha sugestão foi pedir aos pais que retirassem a TV e o computador do quarto do menino e que estipulassem um horário para que ele desligasse o celular e o entregasse aos pais. Isso seria mantido até que as notas melhorassem. O remédio foi amargo, mas rendeu bons resultados e o pequeno recuperou as notas, conseguindo finalizar o ano. Claro que cada caso é um caso, mas nessa situação específica, a participação dos pais foi fundamental para que a criança não saísse prejudicada. 

Um ótimo parâmetro para os pais saberem como estipular o tempo de uso de celulares e outros aparelhos é se basear na idade da criança. Ou seja, quanto menor a criança, menos tempo de celular, mais atividades variadas e, se possível, ao ar livre, para enriquecer os sentidos, ver o que
está acontecendo ao seu redor e participar disso. Já vi muitos bebês passeando de carrinho no parque num dia lindo de sol, mas com um tablet quase do tamanho deles preso na frente do carrinho passando desenho animado! A minha pergunta é se essa é uma necessidade da criança ou dos pais? O passeio pode ser um excelente momento para pais e filhos aproveitarem um tempo de qualidade entre eles, observando o trajeto e aprendendo coisas novas. Sendo assim, nada de tablets nesse momento, por favor!

Agora, à medida que a criança for crescendo, estabeleça o tempo de uso desses aparelhos e, se eles já forem capazes de entender, explique os motivos, mas lembrando que a última palavra é de vocês, os pais. Combine horários e faça valer o que ficou decidido. Fique atento à hora de dormir das crianças. Elas vão tentar driblar as regras, mas cabe a vocês manterem o que foi combinado. “Ah, mas eles vão insistir, chorar, dizer que é só mais um pouquinho! O que a gente faz?” Nada! Já diz o ditado: o combinado não é caro. Se for período de aulas então, nem pensar em deixar os pequenos acordados pela madrugada afora correndo o risco de dormirem na sala de aula no dia seguinte! No caso das férias, pode haver uma flexibilidade maior, mas não permita que as crianças passem a madrugada jogando! As crianças precisam de no mínimo 8 a 10 horas de sono de qualidade para se desenvolverem bem. Com isso em mente, siga em frente! Vocês estão fazendo o melhor por eles!

Mas lembre-se de deixar outras opções de atividades para a criança fazer como jogos, livrinhos, caixa de lápis, massinha, papel, filmes, desenhos, artesanato, etc. Ter outras opções ajuda bastante e facilita a interação familiar. 

Os tempos são novos e outros e todos, pais e filhos, precisamos encontrar formas de usar os novos recursos tecnológicos com equilíbrio, tirando o melhor dessas ferramentas que estão à nossa disposição. 

Autora: Maristela Gripp é professora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter, doutora em estudos linguísticos e pós-graduada em psicopedagogia.

Em meio às guerras – Afonso Rodrigues de Oliveira

“A política é uma guerra sem derramamento de sangue; a guerra é uma política sangrenta.” (Mão Tse-Tung)

A importância da política em nossas vidas é incomensurável. E é por isso que não a devemos vilipendiar, ridicularizar ou coisa assim. Tudo que se passa nela é responsabilidade nossa. Quando não nos preparamos para a política, ou agimos açodadamente, ou não agimos. E estamos aí causando, ou uma guerra pacífica ou sangrenta. Quem teve como eu, a oportunidade de viver intensamente o período da Segunda Guerra Mundial, sabe a que me refiro. E nem precisa saber, basta analisar os acontecimentos atuais, na política, proveniente de descasos, em despreparos. E despreparo de quem? Analise e vá em frente.

Está lhe parecendo que estou querendo alguma coisa na política? Claro que estou querendo. Estou preocupado com as mudanças que nos parece nada mudar. A impressão que estamos tendo é que o mundo está de cabeça para baixo. Mas se considerarmos que a Terra é redonda, ficaremos mais calmos. Não podemos, nem devemos, misturar os acontecimentos globais, em relação à política. A população mundial cresce desordenadamente. Uma desordem que coincide com a desordem educacional. E isso porque não há como acompanhar a desordem num mundo que há poucas décadas não conhecia, nem mesmo o celular. 

A política sempre foi a mesma em todas as eras sobre a Terra. Suas ações é que estavam, e estão, de acordo com o crescimento no conhecimento do ser humano. O Tratado de Paz, no Egito, foi concluído no ano de 1278, Antes de Cristo, pelos Estadistas e Teóricos Políticos, Egípcios e Hititas. E que paz tivemos e temos hoje? Uma questão meramente política. Então vamos encarar a política como uma necessidade para o desenvolvimento humano. O que exige de cada um de nós, a responsabilidade de preparar o mundo para nossos descendentes futuros. Vamos parar de gritar e espernear, e lutar pacificamente para o progresso e desenvolvimento da humanidade. Cada um de nós tem o poder de fazer sua parte independentemente de ações aparentemente políticas.

Ainda há pouco dei uma paradinha nesse papo e fui até a varanda, atraído pelo “barulho” das crianças nos brinquedos da Praça. Olhei para o Espaço Cultural e o movimento era grande. Uma preparação para as apresentações do fim de semana. Teatro, dança, e outras apresentações culturais. Parte da cultura que fortalece a política. Mas não significa que devemos receber os eventos como uma demonstração, senão do desenvolvimento cultural na política. Política é coisa séria e deve ser vista como tal. Não podemos levá-la no carrossel do rouba, mas faz. Pense nisso.

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