Um pálido ponto azul – Flamarion Portela*
Lançada em 1975, pela Nasa, em direção à fronteira do Sistema Solar, a Sonda Pioneer protagonizou um evento que entrou para a história. Quando estava próximo ao planeta Saturno, o astrônomo Carl Sagan teve a ideia de virar a nave para trás e tirar uma foto do planeta Terra (um pálido ponto azul), no que foi denominada pelos engenheiros de “Retrato de Família”.
Reproduzo aqui parte da fala de Carl Sagan que nos faz refletir sobre o que somos, quem somos e o que temos vivido, sobre nossos valores éticos e existenciais.
“A espaçonave estava bem longe de casa. Eu pensei que seria uma boa ideia, logo depois de Saturno, fazer ela dar uma última olhada em direção de casa.
Desde Saturno, a Terra apareceria muito pequena para a Voyager apanhar qualquer detalhe. Nosso planeta seria apenas um ponto de luz, um pixel solitário, dificilmente distinguível de muitos outros pontos de luz que a Voyager avistaria. Planetas vizinhos, sóis distantes.
Vista desta distância, a Terra não parece ter nenhum interesse especial. Mas para nós é diferente.
Considere novamente este ponto. É aqui. É o nosso lar. Somos nós. Nele, todos a quem você ama, todos aqueles que você conhece, todos a quem você já ouviu falar, todos os seres humanos que já existiram, viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, cada herói ou covarde, cada criador e destruidor de civilizações, cada rei e camponês, cada casal jovem apaixonado, cada mãe e pai, criança esperançosa, inventor e explorador, cada professor de moral, cada político corrupto, cada ‘superastro’, cada ‘líder supremo’, todos os santos e pecadores da história da nossa espécie viveram aqui, em um grão de poeira, suspenso num raio de sol.
A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa cósmica. Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores, para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração deste ponto.
Pensem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um canto deste pixel, contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, o quão frequente seus desentendimentos, o quão dispostos estão para matar uns aos outros, e quão inflamados seus ódios.
Para mim, ela revela a responsabilidade de nos relacionarmos mais gentilmente uns aos outros para preservarmos e amarmos esse pálido ponto azul, o único lugar que conhecemos”.
Esse texto nos leva a uma reflexão, sobretudo sobre a vaidade humana. Assim como a Terra é um pontinho azul no meio de um Universo tão grande, nós, enquanto seres humanos, somos uma porção ínfima enquanto habitantes da Terra. Isso significa que devemos ter a humildade de reconhecer que não somos superiores a ninguém e que todos temos de dar nossa parcela de contribuição para que o mundo viva em perfeita harmonia.
*Ex-governador de Roraima
PRECISAMOS DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. – PARTE 2 – Luis Cláudio de Jesus Silva*
Na “parte 1” deste artigo, publicada na semana passada, defendemos a necessidade de uma Nova Constituição Federal, frente a caduquice da Carta Magna de 1988. Recebi várias manifestações com críticas, elogios e sugestões – tudo transformado em contribuições e conhecimento. Volto ao tema trazendo mais lenha para alimentar essa fogueira e estimular a reflexão e discussão sobre tão importante matéria. Muitas das amarras constantes na nossa extensa e ultrapassada Constituição e que engessam o desenvolvimento do Brasil estão nas chamadas cláusulas pétreas – cláusulas de pedra, que são intocáveis, imutáveis ou ‘imexíveis’. Mas, se eventualmente for convocada uma Assembleia Nacional Constituinte (ANC), até essas cláusulas de pedra podem e devem ser alteradas. Podemos começar do zero e reconstruir um novo Brasil. Mas o que objetivamente poderíamos rever e mudar? Neste momento, tomo a liberdade de propor algumas possíveis alterações:
FIM DA JUSTIÇA ELEITORAL: Considere o tamanho da Justiça Eleitoral, com custo aproximado de R$ 8 bilhões por ano e realizando eleições a cada dois anos. Nos anos sem eleição, quase que exclusivamente trabalham em serviços cartorários, cadastrando eleitores e emitindo Títulos Eleitorais que não servem pra nada – nem pra votar. Numa Nova Constituição poderíamos unificar as eleições (todos os cargos) a serem realizadas a cada cinco anos. Nesse período, a Justiça Comum colocaria sua estrutura para realizar as eleições, funcionando as demais causas em regime de plantão, como já ocorre nos recessos forenses.
FIM DA JUSTIÇA TRABALHISTA E MILITAR: Enquanto a Justiça Trabalhista é a mais cara do Brasil, custando aproximadamente R$ 19 Bilhões, a Justiça Militar é a mais barata, aproximadamente R$ R$ 700 milhões. Não se justifica a manutenção de nenhuma das duas. A primeira pela ineficiência, pois, não raramente, paga de benefícios aos trabalhadores menos do que custa para se manter com o dinheiro dos nossos impostos. A segunda pela baixa demanda.
FIM DOS TRIBUNAIS DE CONTAS: Por mais eficiente que pareça ser no Controle dos gastos públicos, os Tribunais de Contas são órgãos auxiliares do Poder Legislativo – fato que dificulta estimar quanto custam para o contribuinte. Além do TCU – que tem sido relativamente eficiente – temos 27 TCE’s e 02 Tribunais de Contas Municipais, em sua maioria importantes cabides de emprego com altos salários. Uma solução seria a substituição por auditorias externas e independentes.
NOVO PACTO FEDERATIVO: Nosso modelo federativo é uma vergonha. Primeiro, concentra poder demais na União em detrimento dos Estados e Municípios. Segundo, os Estados são obrigados a pertencer a Federação o que afronta a liberdade de escolha e princípios como a auto determinação dos povos. Esse modelo justifica a existência de movimentos separatistas em todas as regiões do país. Quando diante de temas polêmicos e de grande resistência, a ANC deverá realizar plebiscitos, oportunizando ao povo expressar, de forma direta, o seu pensamento.
Este espaço é curto para debatermos todas as possíveis mudanças, porém, uma Nova Constituição deverá ser objetiva, abarcando apenas princípios gerais, direitos e garantias fundamentais, abrindo inúmeras possibilidades de debatermos, nas normas infraconstitucionais, temas capazes de destravar o Brasil rumo ao desenvolvimento. Eu, não tenho dúvida que só uma Nova Constituição Federal promoverá a mudança verdadeira que o Brasil precisa.
*Professor universitário, Doutor em Administração. [email protected]
O riso é uma força positiva – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Finalmente ria das coisas à sua volta, ria de seus problemas, de seus erros, ria da vida. “A gente começa a ser feliz quando é capaz de rir da gente mesmo.”” (Aristóteles Onassis)
Uma das maiores demonstrações de atraso racional é a queda diante dos aborrecimentos. Por que se aborrecer com coisas que estão aí para nos ensinar a caminhar por veredas ínvias? Lembra-se do lobinho Raimundinho? Então, por que se preocupar com a árvore caída, quando você pode
pular por cima dela? Não há obstáculo que não possa ser superado. Meu filho, Alexandre, é formado em Letras pela USP de São Paulo, é campeão internacional em parataekwondo, vive uma vida feliz, sem os movimentos dos braços e das mãos. E conseguiu todo esse sucesso depois da paralisia, causada pela ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica. Um exemplo de superação que deve ser seguido pelos que sabem ser superiores.
Nunca se deixe abater. Ria sempre, até mesmo das coisas mais drásticas que possam parecer invencíveis. Rir é o maior e melhor remédio para enriquecimento da mente. Nunca deixe de rir ou sorrir, com receio de parecer tolo. Porque tolo é o que ri dos que riem. Não se preocupe com os tolos. Eles fazem parte da vida, para quem sabe viver. Não sei se você se lembra de que já lhe falei da peça de teatro a que assisti, quando eu ainda era adolescente. E faz tempo pra dedéu. Foi no Teatro Carlos Gomes, em Natal, no Rio Grande do Norte. É uma peça do teatrólogo Jaime Costa, em que o personagem fala: “Não há bobo mais bobo do que o bobo que pensa que eu sou bobo.”
Sinta-se feliz com você mesmo, ou mesma. Viva a cada momento de sua vida, como preparação para a próxima vida. Ria, cante, dance e viva a vida intensamente. Todos nós vivemos num palco. Cabe a cada um saber qual o seu papel no seu aprimoramento racional. E o caminho mais trafegável é a alegria. E esta está onde estamos. O importante é que não a ignoremos e a percebamos a cada instante. Tudo que há de ruim em nossas vidas faz parte da vida. E saber viver é não dar atenção ao que não merece nossa atenção. É assim que aprendemos a viver. E a escola está no palco da vida. Os atores e atrizes somos nós, em cada um de nós. O que nos leva à compreensão do poder que temos em nossas mentes. Mantenha-se em constante contato com seu subconsciente. Mas numa união racional, para que você possa ir além dos limites, mas numa corrida à sua volta ao seu mundo de origem. “Se você acha que pode você está certo. Se acha que não pode, está igualmente certo.” Cabe a você decidir o que você realmente quer, para ser o que deseja ser. Você pode. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460