Opinião

Opiniao 06 08 2019 8693

Quando eu crescer, quero ser… – Rodrigo Alves de Carvalho*

A criançada brinca no parquinho como se o dia nunca fosse acabar.

E correm… Como correm essas crianças! Tão pequenas com seus pulmõezinhos tão pequenos, e nunca se cansam.

Encontra-se com outras crianças, misturam-se, não importa a cor, a raça ou classe social. “É criança?” Então pode juntar-se para brincar, e brincar, e brincar sem parar.

E a tal bola? Esse objeto redondo que enfeitiça e hipnotiza a criançada. A bola é perseguida, chutada, jogada e amada. Quanto amor uma criança pode ter por uma bola? É claro que nem toda criança gosta de bola, principalmente meninas, mas se tiver uma bola por perto, nem que seja apenas para apanhá-la, apalpá-la, apertá-la contra o peito, a criança não resistirá. É um amor incondicional.

E tem criança de todo tipo: As arteiras que comandam as brincadeiras e se impõem não têm medo de nada e geralmente aprontam estripulias. Já os quietinhos somente acompanham, esperam sua vez para brincar e a qualquer sinal de confusão ficam preocupados e até se entregam por isso. E por último os birrentos. Esses não querem saber. Se forem contrariados põe a boca no mundo e choram como ninguém, ou melhor, fazem isso por querer, só para desarmar outras crianças e na maioria das vezes os adultos. Os birrentos são os que dão mais trabalho.

No parquinho há crianças de todo tipo… E brincam, brincam e brincam sem parar.

A bola cruza o céu e uma tropa de meninos corre em disparada como num arrastão de alegria…

Como é bom ser criança! No meu caso, como foi bom ser criança. E na verdade a gente acaba voltando à infância quando estamos perto da criançada brincando e sorrindo. Isso é bom. Faz-nos recordar a melhor época de nossas vidas.

Eu e meu sobrinho de sete anos todo suado e sujo de areia de tanto brincar estávamos indo embora do parquinho naquela tarde e ele me disse todo alegre: – Tio… Quando eu crescer, vou querer ser jogador de futebol!

Achei a escolha boa, se bem que um tanto comum para um menino de sete anos. Depois pensei um pouco na conjectura de voltar à minha infância e sair de um parquinho de mãos dadas com meu tio e se fosse para escolher meu próprio futuro iria dizer:

– Tio… quando eu crescer, vou querer ser criança.

*Nascido em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.

Histórias do tio Zé – Walber Aguiar*

Eu ponho fé é na fé da moçada, que não foge da fera e enfrenta o leão. (Gonzaguinha)

Podia ser um dia qualquer naquele verão. Podia fazer quarenta graus. Mas ele estava lá. Homem honesto e trabalhador. Homem que tirava um fio de bigode na hora de honrar a palavra dada. Muito melhor que o cartão de crédito e o cheque especial. Garimpou, desceu nos barrancos, tentou encontrar a riqueza de forma inusitada. Pedras e pepitas brilhavam em suas mãos quando se tratava de sustentar a família. Lapidou o caráter como quem transforma pedra bruta em pedra de anel. Passou por muitos reveses na vida, mas conseguiu sobreviver a todos eles. Um dia a barra da vida se desprendeu. Mesmo assim, ele resistiu bravamente.

Lembro da tarde em que ele achou um pedaço de pau e uma gilete dentro de um pão. Peregrinou pela cidade com esse “presépio”, com todos esses artefatos. Foi à TV Roraima, que depois fez uma reportagem completa em sua casa, na velha Coronel Mota.

Ele podia ter ficado calado diante desse acontecimento estranho, mas resolveu denunciar em nome da saúde, do bem estar coletivo. 

Tio Zé também cuidou de canteiros. Teve paciência para semear e colher. É tanto que semeou muita gente por aí. Gente que não se acha num canteiro qualquer da vida. Casado com Dona Zélia, lapidou Paulo, menino que se deixou esmerilar pela força do Sagrado, do princípio bíblico. Outra riqueza deixada por ele foi Magno David dos Santos, o tricolor que seguiu na esteira de Paulo Freire, que se deixou envolver pela educação e seu enorme poder de transformação da realidade. No garimpo da existência ele deu brilho a tantas outras pedras. Deusdete, o “Deusin”, Amadeu, o pedagogo, Nadir, a ternura em pessoa, Necy, a menina espontânea e cheia de amor pra dar. De Zé Chico também descendeu Nádia, a educadora, Nair, a funcionária pública, e Nelândia, a nossa “Nequinha”. Doninha também faz parte dessa extensa prole, de onde a vida parece não terminar nunca.

Todos nós vamos sentir saudade daquele banquinho debaixo do pé de coco onde o vento batia com força, onde “Camiranga” tomou sete copos de cachaça, onde a turma se reunia para conversar coisas deste e do outro mundo. Sentiremos falta do babaçu e das mangueiras enormes, do cafezinho bom e do chiquerador feito de couro de boi. 

Era um dia quente, um dia de verão, um dia para amar e sentir saudade. Adeus tio Zé, um dia a gente vai sentar debaixo de um coqueiro, tomar um café bem quente e lembrar de tudo o que valeu a pena…

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras.  [email protected]         

Universidade não é lugar de baderna – Marlene de Andrade*

“Discipline seu filho, pois nisso há esperança; não queiras a morte dele.” (Provérbios 19:18)

O que ocorre hoje dentro de algumas escolas e universidades públicas é um desrespeito à ética, à moral e aos bons costumes. Há indícios de que alunos, até mesmo com 15 anos, vão para a escola conduzindo automóvel, armado, com história de ser usuário de drogas e de agredir os colegas e professores a socos e pontapés. Segundo o que se vê nas mídias, as crianças, em sua grande maioria, não têm noção do que é viver em sociedade e devido ao fato, transgridem as normas com muita facilidade.

Adolescente com esse histórico e que não respeita as regras do bem viver em sociedade, que é bagunceiro em sala de aula, péssimo aluno em matéria de comportamento, é um perigo ingressar na universidade. E os espancamentos e até assassinatos que alguns deles cometem, podem cair no esquecimento?

Já chega de desfile de nudez dentro das universidades, aberrações essas já tão rotineiras como a que ocorreu na USP com o tema “’oficina’ de masturbação feminina e ‘gaymada’”. Esse evento nessa Faculdade de Medicina foi uma barbárie e quebra todo e qualquer protocolo da moralidade.

O Governo Federal deveria tomar uma posição mais radical a fim de acabar com essas desgraças e destemperos que vêm ocorrendo dentro de algumas Universidades Federais do Brasil. Chega dessa história de que aluno está furtando e matando devido a problemas familiares e de sua saúde mental, pois essas desculpas são muito equivocadas.

Aluno baderneiro e criminoso tem que ser punido e se os pais não souberam disciplinar seus filhos, cabe à justiça ensinar esses desvai
rados a se conduzir em sociedade. É inadmissível que alunos do ensino superior se portem como vândalos.

Quanto aos professores de várias escolas e universidades por esse Brasil afora, por seu turno, não podem colaborar com essa desordem, a qual se instalou nos centros educacionais de nosso país, ensinando a filosofia de Antônio Gramsci, COMUNISTA e falecido em 1937, o qual queria que a revolução não ocorresse pelo uso das armas, até aí tudo bem, mas sim, pela destruição da cultura e moralidade cristã, o que de fato vem ocorrendo já faz muito tempo.

Algo de caráter prevencionista deve ser feito e os alunos dentro das universidades brasileiras devem ir para as aulas focados nos estudos, a fim de crescer profissionalmente e não para fazer balburdia, pois educação começa de berço e não na escola.

*Especialista em Medicina do Trabalho/ ANAMT- AMB- CFM – CRM/RR-339 RQE- 431

Ensinar é simples – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Devemos ensinar aos homens como se não estivéssemos ensinando. As coisas ignoradas devem ser apresentadas como coisas esquecidas.” (Alexandre Pope)

Nosso velho amigo conhecido em Roraima como um dos mais ativos artesãos, Moisés Hause, me disse logo que nos conhecemos: “O bom exemplo é a melhor didática”. A dificuldade em ensinar está em não usar o exemplo como exemplo. E basta isso. Não podemos ensinar a criança a se comportar como uma pessoa civilizada, se não nos comportarmos civilizadamente. Simples pra dedéu. Ensinar como se não estivesse ensinando dá bom resultado. É só usar o exemplo no bom comportamento. Quando aprendemos sabemos que as coisas não representadas devem ser consideradas inexistentes. E nem precisamos esquecê-las se não as conhecemos nem as vivemos. 

Vamos ensinar aos nossos futuros descendentes com o melhor que pudermos fazer para vida e o futuro deles. “Varre, varre vassourinha. Varre, varre a bandalheira…” Musiquinha usada nas campanhas eleitorais do Jânio Quadros. E não está fácil varrer a bandalheira na política brasileira. Mas vamos fazer nossa parte. Vamos fazer o que devemos fazer para ensinar aos nossos filhos, netos e bisnetos, como devemos viver como cidadãos. E tudo está escudado na Educação. Então vamos cuidar mais da nossa Educação. E comecemos dentro dos nossos lares. E não precisamos ir buscar fora do lar o que temos dentro dele. A responsabilidade de ensinar. Porque quando ensinamos o que devemos realmente ensinar, educamos.

Mas não vamos confundir. O que devemos ensinar com exemplo, é fazendo da melhor maneira que devemos fazer o que deve ser feito para o progresso da humanidade. Já que fazemos parte dela, devemos conhecê-la. E só conseguiremos isso dedicando-nos ao crescimento do saber. E cada um de nós tem o poder de fazer o melhor no que faz. Porque é assim que damos o exemplo que deve ser dado. 

Valorize-se no que você é para ser o que você deseja ser. E deseje sempre o melhor. Você sempre alcançará os seus sonhos se realmente acreditar neles. Seus erros não devem ser maiores do que seus acertos. Então não perca seu tempo martirizando-se com erros cometidos. Ao contrário, use-os como lição do que você não deve fazer na próxima tentativa. Seja sempre um exemplo de qualidade no que você faz, não importando o que você faz desde que seja em benefícios da humanidade. Você estará ensinando, fazendo sempre o melhor no que faz. E é muito simples. É só você não complicar. Viva sua vida como ela deve ser vivida, e não como dizem que você deve vivê-la. A responsabilidade por você é sua, e de mais ninguém. Pense nisso. 

*Articulista [email protected] 99121-1460