Moradores do Cidade Santa Cecília, distrito no Município do Cantá, a Centro-Leste do Estado, na BR-401, se reuniram em frente à sede da Companhia Energética de Roraima (CERR), em Boa Vita, no bairro Calungá, zona Sul, para protestar contra os danos sofridos pelas constantes quedas de energia em suas casas.
Somente esta semana, as famílias passaram cerca de dez horas de interrupção de energia e tiveram mais de 30 eletrodomésticos danificados.
Representados por um grupo, os manifestantes entraram no prédio da companhia por volta das 9h de ontem e se dirigiram para a Ouvidoria com a finalidade de registrar as queixas. O movimento, que iniciou por meio de um aplicativo de mensagens intantâneas, integrou grupos sociais da região e também moradores dos municípios de Bonfim, a Leste do Estado. “Nós temos uma rede de cerca de 400 pessoas que estão tendo problemas com a falta de energia e que precisam ser ressarcidas de suas perdas”, explicou o lider do movimento, Ismarth Elton da Silva.
Ele enfatizou que, a cada nova queda de energia, tenta entrar em contato com a CERR ou pelo serviço de telefonia da empresa ou na própria sede, mas é infornado que não está havendo nenhum problema na região. “Quando eu chego aqui, me falam que só eu reclamo. Como pode isso, se eu já vi várias pessoas virem fazer a mesma coisa?”, indagou. Ele afirmou que, quando confirma o problema, a empresa culpa os moradores pela queima dos eletrodomésticos e se recusa a ressarcir os clientes.
“Os aparelhos de moradores estão queimando e a Cerr está se recusando a ressarcir. Eles alegam que o problema não é na energia, e sim na casa. Afirma que a casa que não tem aterramento, que o poste de luz não é adequado, o fio que não é bom, a televisão ou geladeira que é velha e não aguenta, mas nunca a culpa é deles”, desabafou.
Conforme Ismarth Silva, sua grangeira que tinha 70 ovos em estado de chocadeira, foi perdida. “Ficou oito horas sem funcionar e eu perdi tudo. Quando eu cheguei aqui para reclamar, me informaram que eles não tinham nada a ver com isso”, comentou.
Uma moradora do Cantá anotou todas as quedas de energia que ocorreram no local desde o dia 1º de outubro. Segundo ela, no dia 1º faltou energia por três horas seguidas. No dia 05, os moradores ficaram a tarde sem eletricidade. No dia 06, das 13h às 15h40, houve três ocilações de energia, mas sem o restabelecimento da rede. “Nesse dia, eu perdi a minha geladeira e a televisão”, afirmou Hênua Patricia Lima Andrade.
“No dia 10 faltou energia às 16h58 e queimou mais uma TV. E a energia só retornou depois das 18h”, relembrou. “Não parou por aí. Nos dias 14, 16, 18, 19 e 20 também tivemos quedas de energia, inclusive de madrugada, quando ficamos acordados no calor esperando o retorno da luz”, frisou Hênua.
CERR – Para atender os manifestantes que pediam respostas, o assessor da diretoria da Cerr, Antônio Wellington da Silva, ouviu as reclamações e afirmou que o problema das quedas de energia não pode ser solucionado de imediato, até o término da construção da rede que irá atender as regiões dos municípios de Cantá e Bonfim.
“O sistema que atende a essas regiões tem sofrido as consequências das quedas de energia, decorrentes da crise do sistema energético que o Estado enfrenta. Nós não podemos fazer nada de imediato. Contudo, a empresa já está trabalhando numa solução à parte para esta região, que é a construção da rede 69, que irá levar novas linhas de transmissão para estes locais”, informou.
Quanto às dificuldades de ressarcimento alegadas pelos manifestantes, o assessor disse que a empresa não se nega a prestar o serviço e que o consumidor está assegurado pela resolução 414 da empresa. “Todos aqueles que tiverem danos devido às quedas e entrarem com o pedido de ressarcimento, serão atendidos. O problema é que, muitas vezes, as fornecedoras dos equipamentos demoram para nos dar um retorno, por isso a demora no atendimento”, frisou. (JL)