A lição de Francisco – Walber Aguiar*
“Onde houver tristeza que eu leve alegria, onde houver dúvida que eu leve a fé” (Francisco de Assis)
No meu bairro, no velho São Francisco, conheci as ruas de barro vermelho e a simplicidade. Conheci o bar do Neir, seu Calandrino e seu Zé Niça, “Chinelão” e seu Pinheiro, Mário Carioca, filho de seu Eduardo e dona Marieta, Barbosinha, filho da professora Iolanda, Camiranga, filho de Walter Aprígio. Poderia aqui enumerar tantos outros, mas me detenho na velha, embora reformada, igreja de São francisco de Assis.
Ali, no coração do velho “Chico”, a igreja conseguiu congregar inúmeras pessoas do bairro. Lembro dos velhos arraiais, do bingo e do serviço de recadinhos. Das barracas cheias de gente e alegria. Também do campinho em que “Ribeirão” se reunia com a molecada em torno da contagiante vibração do futebol.
Camiranga, Magno velho, Francélio, Danilo Preventino, Cascadura, nego João e tantos outros participavam daquela pelada no campinho da igreja. A meninada subia no muro pra ver o desenrolar da pelada de fim de tarde.
Ora, a Igreja, com o padre Lírio Girardi, acolhia os fiéis. Lembro que minha mãe, dona Maria Messias, levava a gente pelo braço para assistir a missa. Ali era distribuído o semanário litúrgico-catequético, uma espécie de jornalzinho que dava o roteiro da ritualidade católica.
Quem queria ofertar, ofertava. Quem queria se omitir se omitia. Não havia nenhuma maldição ou castigo sobre os despossuídos do vil metal, do dinheirinho suado que cada um ganhava.
Depois que minha mãe foi embora, em outubro de 2003, fui poucas vezes à igrejinha de São Francisco de Assis.
Não me lembro de ter visto nos evangelhos ninguém cobrando para ensinar o povo, fazer milagres, ressuscitar mortos, abençoar os desgraçados e oprimidos que viviam nas regiões da sombra da morte. Jesus nunca cobrou entrada para o “Sermão do Monte”, ou para o ensino fascinante das parábolas. Nunca mercadejou a fé ou comercializou o sagrado. O que vejo é gente cobrando pela fala de um “apóstolo” de Nova Iorque, cheio de pompa e circunstância, que pede cinquenta reais por uma simples entrada num evento de pretensas “curas e libertações”. Acho que o povo que vai será “liberto” do dinheiro no bolso, pois vai depositar o resultado de seu trabalho na sacola de quem cobra para pregar qualquer coisa que atraia as multidões. Questões sobre sexo, dinheiro e saúde são um chama para quem quer ouvir, mesmo que uma simples mensagem não resolva seus problemas.
Num tempo em que um papa renuncia a muitas benesses e tenta viver como um verdadeiro discípulo de Jesus, à semelhança do santo da igreja do meu bairro; de um homem que “conversava” com os bichos e tratava as pessoas como gente, alguns evangélicos seguem na contramão da história, cobrando “indulgências” de gente ingênua e sem uma releitura do evangelho a partir de Jesus.
Naquela manhã, lembrei de minha mãe, do velho bairro e da igrejinha de São Francisco de Assis. Que saudade da grandeza e da simplicidade…
*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected]
Setembro Azul – Geórgia Moura*
É também o mês para olharmos com mais carinho e consciência para os desafios da comunidade surda brasileira. São mais de 360 milhões de pessoas que sofrem com algum tipo de surdez no mundo (esse é um número expressivo, maior inclusive que a população dos EUA). No Brasil, de acordo com o último senso do IBGE, existem 10 milhões de pessoas surdas, o que equivale a 5% da população brasileira.
No dia 24 de abril de 2002, com o advento da Lei n°10.436/2002, a LIBRAS (Língua brasileira de sinais) foi oficialmente reconhecida e aceita como a segunda língua oficial brasileira.
O mês de setembro é marcado por diversos eventos da comunidade surda. Eles são voltados para a conscientização sobre a acessibilidade e a comemoração das conquistas obtidas ao longo dos anos. A razão do azul ser a cor-símbolo tem raiz em um passado triste, mas serve como força propulsora para mudanças.
Por que Setembro?
A escolha do mês de setembro para esse movimento não foi feita por acaso. O mês tem datas importantes para a comunidade surda, sejam elas lembranças das perdas do passado ou celebrações das conquistas:
• 6/09 e 11/09: lembram o Congresso de Milão de 1880, no qual foi proibido o uso das Línguas de Sinais na educação dos surdos. Esse marco fez com que os surdos tivessem que se adaptar às línguas orais até que as línguas de sinais fossem novamente aceitas.
• 23/09: Dia Internacional das Línguas de Sinais. No Brasil, a data estimula a discussão da falta de acessibilidade em Libras tanto nos ambientes físicos quanto nos ambientes virtuais.
• 26/09: Dia Nacional do Surdo. O dia foi escolhido por ser a data de fundação do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos), a primeira escola para surdos do Brasil!
• 30/09: celebra o Dia do Tradutor, no qual são feitas várias homenagens aos Intérpretes de Libras.
Por que Azul?
Da mesma forma, a cor azul representa dois momentos distintos. Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas identificavam as pessoas com deficiência com uma faixa azul no braço, por considerá-las inferiores. E os surdos também eram obrigados a usá-la. Com o fim da guerra e o passar dos anos, a cor passou a simbolizar ao mesmo tempo a opressão enfrentada pelos surdos e o orgulho da identidade surda. Afinal de contas, apesar dos grandes problemas do passado e das barreiras atuais, a identidade surda continua forte como nunca.
Essa ressignificação do azul ficou marcada na Cerimônia da Fita Azul (Blue Ribbon Ceremony) em 1999, que lembrava os surdos que foram vítimas da opressão. Nela, o Dr. Patty Ladd (surdo) usou uma fita azul no braço pela primeira vez como símbolo do movimento. Hoje, a cor azul turquesa é usada por ser uma cor viva e vibrante que representa a riqueza cultural de uma comunidade que brilha com orgulho.
A gente sabe que essa luta não cabe em um mês só. Todos os dias os surdos enfrentam situações diferentes de exclusão e preconceito, passando despercebidos pelos ouvintes. E é aí que está a chave da questão: a deficiência não está na surdez, mas em quem se recusa a escutar a voz dos surdos. Vamos nos permitir aprender um pouquinho da LIBRAS, conhecer o alfabeto e alguns sinais? Quem mais irá ganhar com essa simples atitude seremos nós mesmos. Ganharemos conhecimento, nos sentiremos mais humanos, aumentaremos o nosso ciclo de amizades e teremos a oportunidade de conhecer novas culturas.
Muito se fala em acessibilidade, naturalmente que se faz necessário sempre, porém sem sensibilidade não teremos muitos avanços e consequentemente não teremos motivos para comemorações. De acordo com a nossa Constituição, em seu art 5°: “Somos todos iguais…”, bom mesmo seria se essa igualdade existisse em nossos corações. Mais amor, mais empatia, mais respeito e mais humanidade.
*Bacharela em Direito e Psicóloga Inst
agram: @psicologa_georgiamoura Celular: 9 91112692
Aborto litúrgico – Marlene de Andrade*
“Não permitam que se ache alguém no meio de vocês… que pratique adivinhação, ou se dedique à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria ou faça encantamentos… O Senhor tem repugnância por quem pratica essas coisas…” (Deuteronômio 18:10 a 12)
Jesus nos chama para termos com Ele uma experiência equilibrada. E tem mais: devemos entender que a sua vontade é soberana, sendo assim, se Ele quiser, faz milagres, mas se não quiser, não faz. E o interessante é que tem pessoas que afirmam que se o milagre não aconteceu, foi por culpa dela que não teve fé.
Infelizmente, algumas “igrejas evangélicas” estão se tornando cada vez mais secularizadas e repletas de rituais espíritas, como, por exemplo, o uso do sal grosso para espantar a mal, prática essa inadmissível à luz da Palavra de Deus.
Certa vez, entrei numa igreja dessas e fiquei estarrecida ao perceber um monte de estultícias, dentre elas a distribuição de fitinhas para serem colocadas no pulso a fim de que, assim, pudéssemos receber bênçãos.
De outra vez, eu estava em Copacabana quando passei por uma igreja e resolvi entrar. E qual não foi minha surpresa? Os líderes estavam vestidos de branco à moda candomblé, exorcizando pessoas possuídas por demônios, e o interessante é que eles falavam com os demônios que se apresentavam enfurecidos.
Jesus expulsava demônios, sim, todavia sem dialogar com eles. Tais práticas, como colocar copo de água em cima da televisão e tantas outras bizarrices, nada têm a ver com o cristianismo equilibrado e fundamentado na Palavra de Deus.
Há alguns anos eu estava em São Paulo voltando para Roraima quando peguei um táxi para me levar ao aeroporto. Perguntei com muito jeitinho, ao motorista se ele de fato acreditava que a figa de madeira, o dente de porco e o alho pendurado no retrovisor de seu carro tinham poder de livrá-lo do mal. Ele, muito educadamente, respondeu-me que sim.
Perguntei-lhe quem havia feito a madeira de sua figa, criado o porco e o alho? Ele, respondeu que tinha sido Deus. Perguntei-lhe então quem tinha poder: as coisas criadas ou o Criador de todo o universo? Aí, sabe o que ele fez naquele exato momento? Retirou de seu retrovisor aqueles balangandãs.
Dei para ele o meu telefone e esse senhor me ligou para dizer que foi ao culto de uma Igreja da Assembleia de Deus e que lá se converteu a Jesus. Fiquei muito feliz por esse milagre e percebi que de fato precisamos pregar o Evangelho de Cristo onde quer que estejamos. Foi muito forte essa experiência com esse motorista de táxi.
*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT- CFM –AMB – CRM-339 RQE-431
Comece agora – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“O que pode fazer, o que sonha que pode fazer, comece a fazê-lo. A audácia compõe-se de gênio, de poder e de magia.” (Goethe)
A verdade é que quem não sonha não pode alcançar. O importante é que não confundamos os sonhos com ilusão. E infelizmente ainda há muita gente que tem medo de sonhar. Falando sério. Alimente seus sonhos e procure alcançá-los. O importante é que você não tenha medo de sonhar e não perca seu tempo com sonhos tolos. Pense sempre no que você realmente quer. E tudo que você quer você pode alcançar desde que acredite no seu valor e na sua capacidade de fazer. Nunca deixe de conversar com o seu subconsciente. É nele que está o poder de que você necessita para realizar. Mantenha seus sonhos no patamar da racionalidade. Para conversarmos sadiamente com o nosso subconsciente é necessário que tenhamos equilíbrio mental. Mesmo porque seu subconsciente só está concentrado no que você quer. Ele faz com que você realize o que você quer. Se o que você quer lhe é bom o mau, é problema seu. Então seja racional para poder sonhar com racionalidade. A racionalidade é o único instrumento para livrar você do mal.
Tudo é muito simples. O importante é que você saiba o que você realmente quer. Busque sempre em você mesmo, ou mesma, o que lhe interessa para que você viva a vida com racionalidade. E todo o poder de que você necessita para viver seu dia a dia com felicidade está em você mesmo. Mantenha seus sonhos com firmeza, com contato com o poder que está no seu subconsciente. Nunca desperdice seu tempo com pensamentos negativos. Nunca se deixe levar pelo negativo. Mantenha sua mente sempre em alta. É a alegria, e não a tristeza, que vai fazer de você uma pessoa feliz. Então não perca tempo com a tristeza. Procure sua felicidade em você. Mire sempre em coisas simples e você vai encontrar a felicidade à sua volta. Mas não se esqueça de que a simplicidade não deve ser confundida com vulgaridade. São coisas absolutamente distintas.
Reflita sobre o que você deseja e quer. Não se deixe amedrontar diante das dificuldades que são o elemento natural para o engrandecimento. O sucesso não vem na facilidade. São as dificuldades que nos fazem vencedor. A vitória depende do seu valor na luta. E a glória vai depender da importância do adversário. E é por isso que devemos encarar as dificuldades como um desafio, e não como um inimigo. Valorize-se no que você é. Porque a cada momento estamos evoluindo no campo da racionalidade. E é aí que está o que procuramos para a realização dos nossos sonhos. E é necessário que sonhemos para não ficarmos presos ao presente. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460