Cotidiano

Reivindicação de alunos acaba em confusão e agressões

No final de tudo, servidores foram até a Polícia registrar boletim de ocorrência e estudantes encaminhados para a DDIJ.

O que era para ser apenas uma reivindicação de alunos em busca de melhorias para as escolas da rede estadual de ensino acabou em uma confusão generalizada na sede da Secretaria Estadual de Educação (Seed), na tarde de hoje (22).

Com os ânimos alterados, de um lado estavam alunos e alguns professores, do outro, servidores e policiais militares. Houve um desentendimento entre eles e até agressão física foi registrada nos distritos policiais da capital, por ambas as partes.

Os alunos alegam que foram à Secretaria apenas para protocolizar documentos reivindicando melhorias para as escolas, como ar condicionado, merenda escolar e água gelada nos bebedouros, além de tentar uma audiência com a secretária Selma Mulinari.

A secretária, por sua vez, alega que o houve, na verdade, foi uma invasão por parte de alunos na Seed, no horário de expediente interno, e que foi isso que acabou desencadeando toda a confusão entre servidores e estudantes. Por conta disso, a secretária resolveu acionar a Polícia Militar.

Os estudantes mostraram para a imprensa os rostos machucados, um deles com sangramento, e denunciavam que tinham sido agredidos por servidores da pasta. Os funcionários da Educação, por sua vez, também apresentaram ferimentos e disseram ter sido os alunos que iniciaram as agressões.

No final de tudo, cinco alunos foram encaminhados para a Delegacia de Defesa da Infância e Juventude (DDIJ) e servidores da Educação se dirigiram ao Distrito Policial para prestar queixas e fazer exames de corpo delito.

Mas antes disso, um grupo de estudantes se reuniu do lado de dentro do portão, que fica nos  fundos do prédio da Secretaria em protesto ao que tinha acontecido dentro da Seed e denunciavam para imprensa e professores os rostos machucados.

Depois de quase uma hora de bate boca, outra confusão aconteceu do lado de fora entre alunos, professores e policiais militares do Grupo de Independente de Intervenção Rápida (Giro). Bombas de efeito moral foram jogadas para dispersar o grupo. Os alunos que estavam do lado de dentro da secretaria resolveram sair depois disso.

Dessa vez, estudantes universitários foram levadas para o 5º Distrito Policial e os alunos que tinham participado do início da manifestação foram encaminhados para a DDIJ.

 

 

 

 

 

 

 

Estudante que mostra o rosto sangrando e alega que foi um funcionário da Seed que o agredi

Os cerca de 60 estudantes que estavam na Secretaria de Educação hoje à tarde receberam o reforço de professores grevistas, que estavam na praça e se deslocaram para a Seed, depois que souberam da suposta agressão contra alunos da rede estadual. Os manifestantes afirmaram que o único propósito deles ali era apenas buscar melhorias para quem está ponta que são os estudantes.

O representante do grupo, Leomário de Souza, explicou que o movimento foi organizado para questionar a Secretaria de Educação quanto às reivindicações de melhorias na infraestrutura das escolas, que é uma das pautas dos professores grevistas.

“Apesar disso, os professores estão na iminência de acabar a greve porque conseguiram melhorias salariais, mas nós vamos continuar com salas sem ar condicionado, com água quente em bebedouros e uma merenda escolar sem nenhuma qualidade”, explicou.

Segundo ele, apesar de mais de dois meses de paralisação da categoria, o Governo não aproveitou esse tempo sem aula para melhorar a estrutura das escolas. “Por que não aproveitaram esses 72 dias para instalar as centrais? Por que não aproveitaram para melhorar o local onde estudamos. Isso nos deixou indignados e por isso resolvemos reivindicar”, concluiu.

A professora Gisele Bispo que chegou para apoiar a manifestação ficou revoltada com o fato de alguns alunos terem sido levados para a DDIJ. Segundo ela, os servidores da Seed que teriam agredido os estudantes deveriam ter sido encaminhados também para a delegacia.

“Por que só um lado tem que ser punido? Se os alunos erraram, como eles estão dizendo, tudo bem, mas porque somente os estudantes são detidos? Os agressores dos alunos teriam que ser levados também. Por que o cara que deu o soco no estudante não vai ser punido?”, questionou a professora bem assustada com o incidente que aconteceu minutos antes.

 

Servidor da Educação que acusa estudantes de agresão no rosto

Em entrevista à Folha, a secretária de Educação, Selma Mulinari, afirmou que a Polícia Militar encontrou na mochila dos estudantes que estavam na linha de frente da manifestação três armas brancas e pedras. Ela explicou que foi a localização de uma arma branca com um dos alunos que levou a secretária a chamar a PM.

Segundo ela, os estudantes não chegaram de forma pacífica na secretaria e que empurraram o vigilante e servidores e por conta dessa atitude dos alunos foi iniciada a confusão. “Aqui não temos segurança, temos vigia e ele foi empurrado. Os servidores que estavam na frente da secretaria tentavam conter a situação até porque o expediente à tarde é interno. Não é aberto ao público”, explicou.

Sobre os alunos que mostraram os rostos machucados e que alegavam terem sido agressivos por servidores da Educação, Selma disse que também tinham servidores com marcas de agressão também. Segundo ela, alguns deles estavam com machucados pelo corpo e mostrou imagens deles com o rosto e a costela machucada.

“Tinha senhoras aqui, uma grávida e quando começou o empurra empurra, uma servidora foi pisoteada. Eles falaram palavrões para os servidores. Enfim, não partiu daqui as agressões. Eles começaram a empurrar desde o portão e o vigilante e eram em um número muito grande”, contou.

Por enfim, Selma afirmou que durante um episódio dessa natureza é difícil identificar a autoria dos agressores, mas o que existe, segundo ela, é também servidores agredidos.

“Meus funcionários estão machucados e vão fazer exame de corpo de delito, eles tem que fazer alguma coisa. Eu reuni com os servidores e eles disseram que não machucaram ninguém e que eles apenas ficaram na resistência. O fato é que numa confusão dessa, a gente não tem como dizer o que aconteceu”, explicou.