Bom dia,
Ontem, quinta-feira (24.10), foi a vez dos madeireiros que fecharam a BR-174, entre Nova Colina e Rorainópolis, em protesto à apreensão de madeira pela Polícia Federal (PF), lá em Manaus. E os madeireiros ameaçam continuar o bloqueio do único acesso rodoviário de Roraima com o restante do país. Os manifestantes alegam práticas abusivas da PF e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), cujos porta-vozes afirmam agir na forma da lei.
Noutro dia foram os garimpeiros que fecharam a mesma rodovia, nas cercanias de Boa Vista. Criaram um enorme transtorno para os usuários – tanto caminheiros que transportam cargas e ônibus que transportam passageiros quanto simples cidadãos que moram entre Boa Vista, Mucajaí, Iracema e Caracaraí – que utilizam a BR-174 todos os dias. A alegação dos manifestantes também era dirigida contra a atuação do Exército Brasileiro, Polícia Federal e Ibama na repressão à atividade ilegal de garimpagem em Terras Indígenas. Depois da BR-174, os manifestantes vieram para o Centro de Boa Vista, onde continuaram a manifestação.
Sobre essas manifestações, recebemos de um empresário um email, que transcrevemos a seguir: “Será que os políticos de Roraima ainda não perceberam que é preciso honrar o mandato que eles obtiveram. Eu sei que muitos compraram votos, mas outros foram eleitos porque parte da população acreditou que eles seriam capazes de resolver os problemas do estado. Esses movimentos nos trazem a sensação de que quase tudo é proibido em Roraima. E sem emprego, este estado não será nunca uma região onde se tenha alegria de viver. E esses políticos, por incompetência, ou má fé, não conseguem fazer valer a força do mandato que eles exercem”. Está feito o registro.
DETESTÁVEIS
Josué de Sousa foi um político amazonense que tinha algumas tiradas muito interessantes. Certo dia, no longínquo ano de 1979, no século passado, num almoço da Câmara Federal em Brasília – ele era na ocasião deputado federal –, onde se discutia corrupção na política, ele saiu-se com esta: “Eu detesto dois tipos de gente: certos tipos de beatos e algumas espécies de catão. Os primeiros porque vivem dentro de igrejas pedindo perdão a Deus dos pecados que cometem; saem de lá, e vão cometer os mesmos pecados. Já determinada espécie de gente, que acata o discurso do catão, costuma elaborar todo um discurso de moralidade e honestidade, para roubar melhor sem chamar a atenção”. Será?
SÍNTESE
O empresário Carlos Wizard fez imprimir e está pessoalmente distribuindo um panfleto onde sintetiza o que pensa sobre a questão dos imigrantes venezuelanos acolhidos em Roraima. Dentre suas observações, uma chama particularmente a atenção: A “ociosidade das pessoas nos abrigos (alguns já estão abrigados há um ano) gera prostituição, violência, crimes, envolvimento com o tráfico de drogas e xenofobia”. E pensar que mais de 500 militares e de 100 organizações não governamentais (ONGs) se dizem administradores do caos criado com a imigração em massa para Roraima.
TUDO PARADO
Faz mais de dois meses que em solenidade com certa pompa, no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) lançou a tal da segunda fase da Operação Acolhida, para anunciar o óbvio: mudar a estratégia de acolher os migrantes venezuelanos. Em vez de abrigá-los em Boa Vista e Pacaraima, a nova estratégia seria intensificar a interiorização e levá-los para outros estados brasileiros, o que de sorte, já vinha sendo pedido por quase todo mundo em Roraima. Acontece que decorrido todo esse tempo, fontes da Parabólica dizem que nada de concreto avançou nesta direção; e os venezuelanos continuam chegando às centenas, todos os dias, a Roraima.
TRANSIÇÃO.
De fato, do pouco que se sabe, a coordenação da Operação Acolhida, que tem o Exército na cabeça, está em processo de transição. O atual coordenador, o general de Divisão (três estrelas) Eduardo Pazzuelo – que está esperando a promoção para general de Exército (quatro estrelas) para assumir o Comando Militar da Amazônia, com sede em Manaus – deve ser substituído pelo general de Divisão Antônio Manuel de Barros, que hoje é o chefe do Emprego da Força Terrestre, do Comando de Operações Terrestres do Exército. Enquanto isso, a Operação Acolhida continua fazendo a mesma coisa que tem feito desde que foi criada, ainda no governo de Michel Temer (MDB).
REGULARIZAÇÃO
E o processo de regularização fundiária de Roraima continua embaralhado. Agora, o governo do estado “descobriu” que para titular as terras públicas em nome de particulares, de ocupações na chamada Faixa de Fronteira (uma linha perpendicular de 90º, com 150 km, desde a linha de fronteira) é preciso que o Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados) aprove uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e um Projeto de Lei (PL) que excepcionalizem Roraima das condições gerais que regulamentam a titulação dessas áreas. O governador Antonio Denarium escalou o senador Mecias de Jesus (Republicanos) para cuidar dos dois assuntos em Brasília.
LEGISLANDO
E como era esperado, os ministros e ministras do Supremo Tribunal Federal (STF) não concluíram a votação que define o cumprimento, ou não, das penas de réus condenados em Segunda Instância. Devido a outras atividades, inclusive sociais, nem todos votaram e a decisão fica para o mês de novembro. Entre os bons juristas há um consenso: “Triste país é o Brasil, onde os juízes, em vez de serem escravos da lei, assumem o papel de legisladores sem qualquer legitimidade para tal”. É verdade.
BASTA
Afirmação ouvida de um ouvinte da Rádio Folha FM 100.3, ontem, quita-feira (24.10), durante a apresentação do programa noticioso Bom Dia Roraima: “Para roubar o que eu já tenho, basta a fome que tenho”. O ouvinte, do Bairro Senador Hélio Campos, protestava contra a aprovação, em segundo turno, da alteração na Lei Orgânica do Município de Boa Vista que eleva o número de vereadores da Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV) de 21 para 23, com vigência já a partir da próxima eleição municipal de 2020. Será que ele tem razão?