Bom dia,
A narrativa publicada na edição de ontem, terça-feira (05.11), é de estarrecer e revela parte da história que se ouve, faz algum tempo, nos bastidores, e que dão conta de que pacientes morrem com frequência nas dependências do Hospital Geral de Roraima (HGR) por absoluta negligência de administradores e técnicos. A morte da adolescente Amanda Barbosa, de 16 anos, uma índia da etnia Macuxi, moradora da Comunidade da Barata (Município de Alto Alegre), não pode se transformar em mais, e apenas, uma estatística, sem consequência alguma contra os responsáveis pela saúde pública estadual.
Amanda Barbosa foi internada no começo de julho deste ano de 2019, no Hospital Geral de Roraima, e logo foi diagnosticada com um tumor cerebral que necessitava de cirurgia de urgência sob pena de agravamento de seu quadro clínico, a ponto de levá-la à morte.
Pois bem, sob a justificativa – já surrada e inaceitável – de falta de material cirúrgico e de cirurgião especializado, a garota foi deixada no HGR até que seu estado agravado ceifou-lhe a vida na última sexta-feira (01.11). Sua família ainda tentou obter junto à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) a emissão de um Tratamento Fora de Domicílio (TFD), um sistema que obriga o governo a mandar pacientes graves para tratamento em outras unidades da federação.
Apesar de a família ter conseguido decisão judicial para obrigar a Sesau a emitir o TFD, a burocracia e as velhas desculpas impediram que a garota fosse encaminhada para fora de Roraima, para o tratamento adequado. Amanda Barbosa, como se diz popularmente, morreu à míngua. E como sempre, não aparece uma única autoridade do governo, do Ministério Público Estadual (MPE) ou mesmo da Defensoria Pública do Estado (DPE) para mandar abrir processo apuratório, a fim de responsabilizar os eventuais responsáveis por esse assassinato – sim, a morte ocorreu devido à omissão de alguém, ou de alguns – e puni-los exemplarmente.
E não se trata de pedir punição por se tratar de uma indígena. Este fato tem de ser considerado, mas por se tratar de uma jovem pobre, vinda de uma família humilde e moradora de uma localidade habitada por gente pobre. A punição é igualmente importante para evitar que mortes continuem ocorrendo aos montes por falta de responsabilidade de quem ganha salários para salvar vidas, e não se empenha para fazê-lo com responsabilidade. Ou será culpa de administrações anteriores, como tem sido o mantra desses tempos atuais?
QUEM SERÁ? 1
O juiz federal Igor Itapary, titular da 2ª Vara Federal de Roraima, mandou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) providenciasse a desobstrução da BR-174, até as 21 horas da segunda-feira (04.11). Embora recomendasse moderação, o magistrado federal autorizou a PRF a utilizar a força, caso ela fosse necessária ao cumprimento da decisão judicial. Afinal, um Estado que não é capaz de exercer o legítimo direito de autoridade para fazer cumprir suas decisões, não pode mais ser chamado de Estado. Pois bem! Ontem, terça-feira, ainda durante o período da noite – mais de 24 horas depois do prazo dado para a desobstrução da rodovia – a decisão do juiz Igor Itapary Pinheiro não havia sido cumprida.
QUEM SERÁ? 2
Nas longas filas formadas por veículos à espera da liberação da BR-174 era comum ouvir reclamações dos motoristas de carros de passageiros e de caminhões de carga que atribuíam à influência de políticos, especialmente de um parlamentar federal, na demora no cumprimento da decisão execrada pelo juiz federal Igor Itapary Pinheiro. Em benefício da moderação na ação da Polícia Rodoviária Federal, é bom que se diga que o magistrado autor da decisão pediu, dentro do razoável, o diálogo com os manifestantes.
QUEM SERÁ?3
Pelo sim, pelo não, ouvimos de um motorista que havia chegado às 8h30 da manhã, e só conseguiu atravessar o bloqueio às 10h15, a seguinte narrativa: “Embora o juiz tenha determinado que fosse tomado pela PRF documentos de identificação dos manifestantes que descumpriam a ordem judicial – para eventual estabelecimento de uma multa individual de R$ 20 mil –, quando eu passei não havia ninguém sendo identificado. Quem dava a ordem para a passagem dos veículos eram os próprios manifestantes, ou seja, já então transgressores”.
ESCLARECIMENTO
De Ana Lívia Sá, assessora de Comunicação do Instituto de Previdência do Estado de Roraima (IPER), recebemos: “Em resposta à nota publicada na coluna Parabólica, na última sexta-feira (1), o Instituto de Previdência do Estado de Roraima (IPER) esclarece que os cálculos atuariais apontam que, a partir de 2036, ocorrerá um equilíbrio entre o que se arrecada do Estado e o que se gasta mensalmente com a folha de pagamento dos beneficiários. Por isso, será necessária a utilização das reservas financeiras do RPPS para o pagamento de aposentadorias e pensões. Ainda conforme os estudos atuariais realizados pelo Instituto, essas reservas poderão custear todos os benefícios previdenciários até o ano de 2093”.
ALTERNATIVA
Muitos passageiros que saem de Boa Vista para Manaus, via rodoviária, já estão com horário marcado em voos que partem desde a capital amazonense para outras cidades brasileiras. Com o bloqueio da BR-174, por garimpeiros, desde a última segunda-feira (03.11) esses passageiros perdem os voos das companhias aéreas amargando enorme prejuízo, sem que as empresas transportadoras possam fazer nada. Por conta disso, a Amatur, do empresário Remídio Monai, decidiu fazer a rota Boa Vista-Manaus através da BR-432 (Cantá-Novo Paraíso), o que aumenta o custo da empresa, mas evita que os passageiros sejam prejudicados pelo bloqueio da BR-174, apesar da decisão judicial.
INDEPENDENTE
As últimas votações na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) indicam que o chamado G-4, que se auto-intitulou “independente”, tem votado em todas as matérias com o governo de Antonio Denarium. Isso eleva a base governista para além de 15 deputados estaduais.