Bom dia,

É claro, enquanto sociedade ainda somos um mosaico de gente das mais variadas matizes culturais, de valores morais, éticos e sociais. Enquanto povo, falta ao roraimense, de um modo geral, a existência de uma história comum, de lutas comuns e de crenças mais ou menos assemelhadas. Tudo isso resulta que, gostemos ou não de ouvir, somos um amontoado de gente sem elo cultural, de costumes e de história comum. Por isso, decididamente não temos uma identidade própria que nos torne diferentes das outras populações estaduais, algumas das quais com forte elemento identitário, que as faz possuir folclore próprio, musicalidade própria, culinária própria e modo muito próprio de encarar o mundo e suas múltiplas facetas.

Essa falta de identidade tem desdobramento na esfera política – basta ver a facilidade com que aparecem políticos eleitos sem qualquer vínculo histórico e cultural com o estado, na elite dirigente do estado; quantos  ocupam cargos na hierarquia de poder local sem qualquer histórico de contribuição ao desenvolvimento do estado –, bem como nas outras dimensões de nossa vida. Muitas vezes, é possível dizer que a sociedade roraimense carece de “filtros” para separar o joio do trigo. Por conta disso, é muito comum por aqui ver espertalhões galgarem rapidamente ascensão da vida política, pública e empresarial em velocidade de tempo que repugna os que verdadeiramente amam e projetam viver a vida inteira em Roraima.

Esta falta de identidade, e suas consequências, é que permite o silêncio sepulcral, conivente e criminoso de toda a sociedade local frente a esses assassinatos trágicos de moradores de ruas em Boa Vista. A sucessão deles – foram quatro assassinatos cruéis nos últimos seis meses e outra vítima segue internada em estado grave no HGR – indica a existência de uma ação deliberada e organizada para cometer esses crimes. Apesar da brutalidade inexplicável, nenhuma autoridade pública; nenhum político; e pasmem os leitores, nenhuma organização da sociedade civil esboçou qualquer conduta para combater esses criminosos. Parece até que a população e suas organizações estatais e da sociedade civil querem mesmo matar essa pobre gente.

TAPAS E BEIJOS

Pois é, o deputado estadual Jânio Xingu (PSB) anunciou que as tratativas para a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2020 teriam o condão de estabelecer um novo patamar na relação entre a Assembleia Legislativa do Estado (ALE) e o governador do estado, Antonio Denarium. A decisão da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), de acionar a Justiça para acabar com a natureza de duodécimo dos repasses do governo para a Universidade Estadual de Roraima (UERR), parece indicar que nem tudo vai caminhar sem solavancos na relação entre o Palácio Senador Hélio Campos e o Palácio Antônio Augusto Martins. Tudo indica que ainda termos alguns episódios do tipo entre tapas e beijos.

BASTIDORES

Ruídos que puderam ser ouvidos das conversas entre o governador Antonio Den arium e os deputados da Assembleia Legislativa do Estado indicam que um dos pontos de mais dura negociação foi a aprovação do limite para que o Poder Executivo possa alterar o orçamento. Denarium queria que os deputados lhes concedessem a autorização para alterar até 20% do orçamento por decreto. Já os parlamentares mais críticos do governo desejavam eliminar qualquer alteração da LOA/2020 via decreto, o que obrigaria o governador a pedir autorização da ALE para qualquer alteração. Entre tapas e beijos, restou o acordo para estabelecer em 10%, a autorização para que o governador possa alterar o orçamento sem pedir autorização dos deputados estaduais. 

MUDANÇAS

Sem muito alarde, os deputados estaduais aprovaram uma emenda à Constituição Estadual que tornou impositivas – o Executivo tem de executar o que a ALE aprova – as chamadas emendas Coletivas. E tem mais: quando o parlamentar apresenta sua emenda individual para a realização de uma obra num município específico, o governo do estado é obrigado a transferir os recursos à prefeitura. Ou seja, agora, a execução das emendas individuais ao orçamento do estado será de responsabilidade das prefeituras. É uma boa grana que deve entrar no cofre de algumas prefeituras durante o ano eleitoral de 2020.

LIDERANÇA

Os deputados estaduais já entraram em recesso e só voltam a trabalhar em meados de fevereiro do próximo ano. Quando os trabalhos legislativos voltarem, o governador Antonio Denarium terá de decidir sobre a indicação do novo/nova líder da bancada governista. É claro, Denarium poderá reconduzir o deputado estadual Soldado Sampaio (PC do B) ao posto de líder governista na ALE, mas observadores da política local apostam que ele, deputado estadual Sampaio, não está muito confortável como líder da bancada governista depois dos últimos acordos entre o governador e o deputado estadual Jalser Renier (Solidariedade). Afinal, ele foi para o embate direto quando o governador quis ir para o enfrentamento contra o presidente da ALE.

RÁPIDAS

E o ano de 2019 já praticamente acabou, mas ninguém sabe nada sobre a construção do Linhão de Tucuruí. Os parlamentares federais, que chegaram a fazer festa quando o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto tornando a obra estratégica para o desenvolvimento e segurança nacional não disseram mais nada sobre o assunto. Por que, hein? ### E o Orçamento Geral da União (OGU), aprovado ontem pelo plenário do Congresso Nacional, estima em R$ 1,2 bilhões a verba para subsidiar o diesel que vai ser queimado em 2020 nas usinas termoelétricas que abastecem de energia elétrica o estado de Roraima ### Quase todos os índios guianenses que trabalham no Brasil, fora das comunidades indígenas, ainda acreditam piamente que as “macumbeiras” podem “estragar” uma pessoa. E pagam cerca de R$ 50,00 por sessão em que as “rezadeiras” tentam tirar o “trabalho” feito. Em pleno Século XXI.