Opinião

Opiniao 30 01 2020 9700

Inconsistências no Enem frustram sonhos de milhões de brasileiros

 Flamarion Portela*

 

O sonho de milhões de estudantes de entrar numa faculdade pública ou particular em 2020 foi adiado mais uma vez. As inconsistências nas notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em cerca de seis mil provas trouxeram consequências para os demais candidatos, devido à suspensão pela Justiça dos resultados do Sisu (Sistema de Seleção Unificada).

Muito embora o controverso ministro da Educação Abraham Weintraub tenha declarado repetidas vezes que o primeiro Enem sob sua gestão foi o “melhor de todos os tempos”, o que vimos foi mais um desastre na organização, frustrando milhões de estudantes que esperavam o momento de ingressar numa faculdade.

O ministro chegou a culpar até mesmo integrantes de partidos de esquerda de estarem disseminando informações erradas em redes sociais, mas, até agora, não houve uma solução definitiva para consertar as notas do Enem, liberando as inscrições no Sisu. Até mesmo o Prouni (Programa Universidade para Todos), cujas inscrições começariam na última terça-feira, 28, já teve suas inscrições suspensas pela Justiça enquanto não houver a correção final das notas do Enem. Só para lembrar, o Prouni garante vagas em faculdades particulares para aqueles que não conseguiram ingressar numa universidade pública com as notas do Enem.

O presidente Jair Bolsonaro chegou a falar até mesmo em sabotagem e afirmou que o governo vai apurar se houve um erro de gestão, falha humana ou outro problema nas notas do Enem. Até agora, o governo já responde a pelo menos 18 ações na Justiça, após o MEC assumir ter divulgado parte dos resultados com erro.

Até mesmo os dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior estão preocupados com o atraso na divulgação correta das notas do Enem e na liberação das inscrições no Sisu, visto que isso pode fazer com que as vagas não sejam preenchidas suficientemente para um começo adequado das aulas. 

Mas, os maiores prejudicados nessa história toda são os quase 4 milhões de pessoas que se dedicaram a estudar e apostaram todas as suas fichas na conquista de uma das mais de 237 mil vagas em 128 instituições públicas de ensino superior do País, ou mesmo em uma faculdade particular, e estão vendo seus sonhos adiados.

Mais uma vez, o Ministério da Educação não consegue encerrar o processo do Enem dentro do seu cronograma e, mais uma vez, aparecem problemas que prejudicam os candidatos a uma vaga no ensino público superior. 

Já foi anunciada para este ano a realização da primeira edição do Enem Digital. Com tantas falhas na realização das provas de forma convencional, fica a dúvida se o governo tem estrutura adequada para sua realização. É esperar para ver!

 

*Ex-governador de Roraima

UM GOVERNO DE FALÁCIAS E POLÍTICAS NA CONTRAMÃO DA EFICIÊNCIA DA GESTÃO EM RORAIMA

Luis Cláudio de Jesus Silva*

Em outra publicação, neste mesmo espaço, sob o título de “DENARIUM: GOVERNO QUE SE CALA, FALHA!”, afirmei que o principal problema do atual governo de Roraima seria a falta de comunicação. Pois bem, as últimas iniciativas do governo no trato com os servidores públicos, me fez repensar minhas afirmações e o otimismo com que acreditava no caminho proposto. Depois da proposta imoral e desproporcional de aumento para os delegados, na total contramão da alardeada crise financeira do estado, só se justificando pela submissão a chantagens de uns e fraqueza de caráter de outros; depois do governo permitir que a greve dos funcionários da saúde perdurasse por mais de 30 dias, prejudicando a população e humilhando os servidores e seus familiares, para só então admitir a legitimidade do movimento e propor um acordo (que acredito não será cumprido); agora o governo envia projeto de lei propondo a redução de 100 para 60% do valor do cargo em comissão quando seu ocupante for servidor efetivo ou cedido. Menciono só esses três casos, pois existem outros, para valer-me da expressão usada pelo Barão de Itararé, quando afirmou que “não é triste mudar de ideia, triste é não ter ideias para mudar”. Um governo que dissimula conceitos e verdades para justificar o injustificável, em prejuízo dos servidores efetivos, sem calcular os resultados prejudiciais para a administração da máquina pública, não está preocupado com a população e caminha a passos largos para a construção de mais um desastroso mandato.

Ao enviar o projeto de lei reduzindo o percentual da gratificação paga aos servidores efetivos e cedidos, o governo, ao tentar justificar sua pretensão falseando a verdade, demonstra completa aversão e desprestígio aos servidores efetivos e desconhecer as consequências do seu ato – ou não se preocupar com estas. Como justificativa o governo alega “difícil realidade orçamentária e financeira”. Pois bem, e quanto ao aumento de mais de 47% aos delegados? E quanto ao aumento da arrecadação estadual em 2019? É difícil acreditar em justificativa falaciosa. Usar como exemplo os percentuais pagos pelos poderes Judiciário e Legislativo, ignorando a disparidade entre os valores das gratificações pagas nestes poderes, é mais uma leviandade. Se o governo pretende igualdade e isonomia entre servidores do Executivo e demais poderes, comece igualando os vencimentos e depois os percentuais. O que justifica um servidor do Executivo que exerça a mesma função de um servidor do Legislativo ou Judiciário, ou que exerça seu cargo no mesmo nível de escolaridade que os demais, sendo ambos servidores do Estado de Roraima e recebendo salários originários da mesma fonte de receitas, receberem salários tão diferentes? Não é que os salários e gratificações do Judiciário e Legislativo sejam melhores, é que nestes se valorizam os servidores e sabem da importância deste reconhecimento em favor da sociedade, por isso estes poderes apresentam melhores resultados quando comparados aos Executivo.

Este é mais um Projeto de Lei que desprestigia os servidores efetivos, que tiveram o mérito da aprovação em concurso público e estão a serviço do estado, e não do governante do momento. Infelizmente, com essa iniciativa o governo pretende se servir de servidores asseclas subservientes, sem qualificação, que fingem que trabalham enquanto o Estado finge que remunera adequadamente. A gestão pública precisa ser capaz de atrair bons profissionais, de manter em seus quadros e, principalmente, nos cargos de liderança e chefia, servidores qualificados, responsáveis e com elevado co
mpromisso com a coisa pública e com a sociedade, para tanto, precisam ser respeitados e valorizados. Espero que os parlamentares tenham o discernimento de não aprovar uma proposta tão irresponsável, originária de um governo que está perdendo o rumo.

*Professor universitário, Doutor em Administração. [email protected]

Na vereda do desencontro

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo.” (Miguel Couto)

Ainda não nos preparamos para a vida, como deveríamos estar, como seres civilizados. Ainda lutamos com problemas primitivos em termos de educação. Ainda é imensurável o número de maus exemplos com os quais nos defrontamos no nosso cansativo dia a dia. Ontem pela manhã, saí para comprar o pão para o café. Enquanto a atendente preparava o pão, o dono do mercado me chamou, de lado, e me mostrou, no seu celular, um dos exemplos mais notáveis do mau exemplo, dentro do profissionalismo nada profissional.

Dois garis, um homem e uma mulher varriam o asfalto, junto da calçada. Enquanto o homem, parado e apoiado no cabo da vassoura, conversava com a mulher, ela jogavam lixo para dentro do bueiro. E olha que era muito lixo. Rimos enquanto comentávamos o disparate. O despreparo do poder público para o cumprimento de suas obrigações no zelo pela segurança da população que o mantém. Aqueles dois garis não receberam nem recebem nenhuma instrução para o trabalho simples, mas importante para o bem da população, da qual faz parte sua família.

E, boa-vistense, não se preocupe, porque estou falando do que vi sobre o trabalho de garis aqui na Ilha Comprida, em São Paulo. Embora esse problema seja comum em todo o nosso Brasil. Infelizmente ainda não temos alternativas. Ainda não nos preparamos para sermos um povo civilizado. Ainda não conseguimos levar para o poder público, assim como para, lamentavelmente, a maioria das empresas particulares. Ainda não amadurecemos para entender a importância da educação para o controle da qualidade, não só no âmbito profissional, mas também no familiar.

Vamos fazer nossa parte dando mais atenção a episódios degradantes como o mostrado pelos garis que varrem o lixo para dentro dos bueiros. São coisas simples, mas que têm uma importância muito grande no nosso crescimento social. Ou nos civilizamos ou não crescemos. O mundo gira. Mas isso não quer dizer que devemos ficar girando como folhas secas em terrenos sujos. Vamos nos valorizar e procurar selecionar mais os nossos políticos para que eles façam o que devem fazer nas coisas como elas devem ser feitas. E tudo se torna fácil quando valorizamos a educação.

“A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira.” Quando entendermos isso entenderemos que devemos ser criteriosos nas escolhas. É quando sabemos analisar a qualidade da madeira, na qual estamos esculpindo nossa obra na política. Vamos nos preparar para que possamos ser os cidadãos que merecemos e queremos ser. Pense nisso.

*Articulista

a[email protected]

99121-1460