Bom dia,
As recentes escaramuças protagonizadas no âmbito do próprio presidente da república – que demite auxiliares em entrevistas coletivas depois readmite os demitidos em cargos semelhantes, alimenta o desgaste de ministros com os quais está em discordância e ainda desautoriza ministros sem qualquer conversa com eles – está criando um cenário pouco previsível para o Brasil neste início de 2020. A repercussão desses episódios deve ficar maior com a volta do funcionamento do Congresso Nacional na próxima semana, que poderia estar focado na discussão e votação das demais reformas – tributária e administrativa –, mas é quase certo que muita discussão será feita em torno desses últimos episódios.
Isso é muito ruim. Apesar de termos começado 2020 com muito otimismo, parece que ele está aos poucos se esvaindo em decorrência da situação interna, a que se somam as nuvens negras que estão se formando para indicar uma redução das expectativas de crescimento da economia mundial. Sem dúvida, este pé no freio da economia mundial já trouxe uma queda generalizada dos preços internacionais das comodities, agrícolas e minerais, base de nossa exportação.
E aí, fecha o círculo da pasmaceira que tanto nos tem afligido nos últimos 10 anos: o consumo das famílias não cresce por conta da concentração de renda e do desemprego; o investimento privado não cresce, apesar da queda na taxa de juros, por conta da crise na confiabilidade do governo; e as exportações empancam por conta da redução no ritmo de crescimento da economia planetária.
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PROTAGONISTA 1
A Parabólica noticiou na edição de ontem, quinta-feira (30.01), que correligionários de Jair Bolsonaro (sem partido) estariam programando para o próximo dia 08.02, um sábado, um evento para marcar a adesão de simpatizantes para o Aliança pelo Brasil, o partido que está sendo organizado pelo próprio presidente, depois que ele rompeu com o PSL, sigla pela qual se elegeu. A nota afirma que a coordenação do evento estaria sendo feita por Geilson Bolsonaro, carioca que adotou o nome do presidente e que tem ligação direta com ele. Por outro lado, na forma como a notícia veio à redação da Folha, o nome do governador Antonio Denarium (sem partido) não aparecia como protagonista do evento.
PROTAGONISTA 2
Ontem mesmo, o governador Antonio Denarium enviou mensagem, via WhatsApp, dizendo que a nota publicada na Parabólica “Não corresponde com a verdade!!! Estou trabalhando na coordenação para a formação do Aliança pelo Brasil”. O governador fez acompanhar da nota cerca de 10 fotografias onde aparece, em ocasiões diferentes, juntamente com o presidente Jair Bolsonaro. Entre elas algumas em eventos políticos de lançamento do Aliança pelo Brasil. Denárium também afirmou que foi o primeiro governador do Brasil e aderir ao novo partido que está sendo criado por Bolsonaro. O governador também ressalta o papel da primeira-dama, Simone Denarium, na formação do Aliança pelo Brasil.
VISITA
O general Antônio Manoel de Barros, coordenador da Operação Acolhida, visitou ontem a redação da Folha. Acompanhado do coronel Carlos Cinelli, chefe do Estado-Maior da Operação Acolhida, ele falou por mais de uma hora sobre as ações que devem ser levadas a efeito neste ano de 2020. Entre outras metas, como já foi noticiado pela imprensa, o desejo de todos os que estão empenhados no acolhimento de imigrantes o de adotar como principal estratégia – mas não a única – a interiorização para outros estados brasileiros. Barros informou ainda que o governo já destinou uma verba de R$ 280 milhões para serem aplicados em 2020. Além disso, outras contribuições poderão engordar um pouco mais o orçamento da Operação Acolhida.
TODOS
O general Barros disse estar consciente de que apesar de estar sendo exemplo como estratégia de acolhimento humanitário para o mundo inteiro, a Operação Acolhida não será a panaceia para resolver todas as mazelas trazidas com a intensa imigração de venezuelanos para o Brasil, hoje o maior deslocamento de nacionais do mundo. O coordenador diz que esse enfrentamento é tarefa de todos: do Estado, nos seus três níveis (federal, estadual e municipal); das organizações sociais envolvidas no acolhimento; e até mesmo da população. É nessa perspectiva que ele diz entender seu papel como coordenador da Operação Acolhida.
REDUÇÃO
Justiça seja feita ao governo Bolsonaro. Apesar de todas as pressões, e da necessidade de ter de atender com liberação de recursos para parlamentares por conta das negociações em torno da aprovação da Reforma da Previdência, o governo federal conseguiu fechar o ano com um deficit primário de R$ 89 bilhões, no primeiro ano da administração Bolsonaro. O orçamento de 2019, aprovado ainda pelo governo de Michel Temer (MDB), previa um rombo bem maior: R$ 139 bilhões. Quem conhece um mínimo da precária situação das contas públicas sabe que essa redução do deficit deve ser comemorada.