Chuva no Horizonte
Impossível não ficar chocado com as mortes e o cenário de destruição em Belo Horizonte, resultado do alto volume de chuvas em curto espaço de tempo e da incapacidade do poder público em enxergar o óbvio há tanto tempo. Um dia a conta chega para esse jeito de fazer planejamento urbano copiando o que já deu errado, desrespeitando nossas características, canalizando e concretando tudo por questões políticas e econômicas.
Os milhões investidos em Boa Vista não significam que estamos no rumo certo. O desenho urbano influencia diretamente na drenagem da cidade, ou seja, o controle e gerenciamento dos projetos urbanísticos impactam no desempenho final da rede de infraestrutura, especificamente de águas urbanas. Olha a Santos Dumont, a Brigadeiro, a Deco Fonteles, a Bento Gonçalves…
Não dá pra acreditar que depois de transformar igarapés em valas, de esconder o igarapé Santa Teresa, naturalizar o cheiro de fossa no bairro São Francisco, menosprezar os igarapés Carapato, Caranã, Grande, realmente estejamos imunes às forças da natureza. Temos que trocar a intervenção pela reabilitação. E trocar políticos que se aliam a empreiteiras do concreto em detrimento ao Plano Diretor.
Saneamento Básico é abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza, drenagem e respeito às águas. Olha o Guandu no Rio. Aqui, temos a ausência de soluções sustentáveis: põem em lei redução de áreas verdes em condomínios, desestimulam a plantação árvores, liberam cortes e podas erradas a torto e a direito. Educação ambiental, cadê? Parece que o subdimensionamento dos sistemas de drenagem se alimentam num jeito míope de ver a cidade e seus contratos e licitações sempre às sombras.
Até o jeito que pavimentamos e fazemos calçadas influencia. Que tal piso e asfalto adequado, capaz de durar e sufocar esse tapa-buracos sem fim? Canalização aumenta temperatura, mata peixes e acaba com leitos depressões e soleiras, sendo melhor parques lineares valorizando a mata ciliar. Não é falta de opção. Qual a melhor forma de preservar um igarapé que vive dentro de uma área urbanizada? É unir mobilidade e urbanismo no uso do espaço fazendo preservação ambiental junto das pessoas.
E não é de hoje que falo disso. Plano Diretor é o instrumento essencial para o desenvolvimento dos centros urbanos. O de Belo Horizonte foi descaracterizado pela ação de quem se preocupa com a especulação imobiliária e deu no que deu. Um documento remendado. O de Boa Vista está vencido, e luto para sua atualização desde 2016. Nada aqui, nos últimos anos, tem base legal adequada.
A função social da cidade foi subvertida por interesses privados. Leis que liberam ocupações, jeitinhos ampliam distorções históricas. Pedi em sete leis orçamentárias algo estrutural e quando achei ter vencido esse mar cosmético, e que o 1,1 milhão de reais apareceria para atualizar o Plano Diretor, o processo licitatório dele foi revogado sem justificativa pública plausível. Os interesses da administração pública nem sempre são os reais interesses da cidade.
É possível envolver universidades, pesquisadores e você para avaliar os efeitos da urbanização sobre nossa rede de drenagem. É possível um diálogo republicano entre executivo e vereadores para que a sustentabilidade não seja só um substantivo de efeito discursivo. É possível não deixar lixo nas praias, não entupir bocas de lobo. É só eleger outras prioridades antes de ir tudo pelo ralo.
Linoberg Almeida Professor e Vereador de Boa Vista
AS VANTAGENS DE CONHECER A METODOLOGIA SCRUM
Leonardo Costa*
Em meados dos anos 80, Hirotaka Takeuchi e NonakaIkujiro definiram uma estratégia flexível e completapara o desenvolvimento de produtos, onde o time de desenvolvimento trabalha como uma unidade, para alcançar um objetivo comum. Takeuchi e Nonaka propuseram que o desenvolvimento do produto não deve ser como uma sequência de corrida de revezamento, mas sim semelhante ao jogo de rugby em que o time trabalha em conjunto, passando a bola para frente e para trás, movendo-se através do campo como uma unidade. O conceito de rugby em “Scrum” (onde um grupo de jogadores se reúne para reiniciar o jogo). Assim, o desenvolvimento do produto deve envolver “o movimento de Scrum campo abaixo” (moving the Scrum down field).
Mas foram Ken Schwaber e Jeff Sutherland que desenvolveram o conceito do Scrum e sua aplicabilidade para odesenvolvimento de software em uma apresentação durante a conferência Object-Oriented Programming, Systems, Languages & Applications (OOPSLA) em 1995, em Austin, Texas. Desde então, vários profissionais, especialistas e autores do Scrum continuam a refinar o conceito dessa metodologia.
Nos últimos anos, o Scrum tem crescido em popularidade e é agora o método de desenvolvimento de projetos preferido por muitas organizações, no mundo inteiro.
Por ser uma metodologia de adaptação com alta interatividade, rapidez, flexibilidade e eficiência, ela garante a transparência na comunicação e cria um ambiente de responsabilidade coletiva e progresso contínuo para o desenvolvimento de produtos e serviços em todos os tipos de indústrias e em qualquer tipo de projeto, independentemente de sua complexidade.
Um dos pontos fortes do Scrum está na utilização de times multifuncionais, auto organizados, que dividem o trabalho em ciclos curtos e concentrados, chamados de Sprints.
O ciclo do Scrum começa com uma Reunião do Stakeholder, durante o qual se cria a Visão do Projeto. O Dono do Produto, em seguida, desenvolve um Backlog Priorizado do Produto que contém uma lista de prioridades de requisitos de produtos e de negócios, descritos na forma de História de Usuário.
Cada Sprint começa com uma Reunião de Planejamento do Sprint durante o qual as histórias de Usuário de alta prioridade são consideradas para a inclusão no Sprint. Um Sprint normalmente dura entre uma e seis semanas e envolve o Time Scrum trabalhando na criação de entregas potencialmente utilizáveis ou melhorias de produtos.
Durante o Sprint são realizadas Reuniões Diárias, curtas e altamente focadas, onde os membros do time discutem o progresso diário. Perto do final do Sprint, uma Reunião de Planejamento do Sprint é realizada, na qual o Dono do Produto e os Stakeholders recebem uma demonstração dos entregáveis. O Dono do Produto apenas aceita os entregáveis se os mesmos cumprirem os Critérios de Aceitação pré-definidos. O ciclo Sprint termina com uma Reunião de Retrospectiva do Sprint, onde o time apresenta maneiras de melhorar os seus processos e o seu desempenho, à medida que avançam para o próximo Sprint.
Como sabemos, os projetos são afetados pelas restrições de tempo, custo, escopo, qualidade, recursos, capacidade de organização e outras limitações que os tornam difíceis de planejar, implementar, gerenciar e, finalmente, de alcançar o sucesso. No entanto, o sucesso da implementação dos resultados de um projeto concluído oferece benefícios significativos para uma organização. Portanto, é importante que as organizações selecionem e pratiquem uma metodologia de gerenciamento de projeto adequada e o Scrum é, sem sombra de dúvida, uma excelente ferramenta para se conhecer e utilizar.
*Professor especialista em planejamento estratégico e análise de ambientes e negócios digitais. E-mail: [email protected]
Se achar que pode, pode
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Você será capaz de qualquer coisa que não for contrária aos princípios estabelecidos pela mente universal.” (Samuel Dodson)
O andamento da carruagem na preparação para o trabalho, atualmente está preocupan
do. O relacionamento humano no trabalho não está tão adequado à época em que vivemos. A população do Brasil triplicou nos últimos quarenta anos. E não demos atenção a isso. Nossa educação caiu, desabou, no barranco do descaso. A indústria cresceu, desenvolveu-se e está encontrando dificuldade em selecionar operários, por exemplo. E não só a indústria, mas todos os setores que empregam pessoas. Não estamos dando a atenção que isso merece. O desemprego cresce e o desespero nos leva ao barranco.
Você, que está procurando emprego, deve estar preparado para o emprego que procura, ou qualquer um lhe serve. Infelizmente essa é a realidade que vivemos. Se prestarmos atenção, veremos que o que procuramos não é um emprego, mas um trabalho. Vamos nos preparar para que possamos melhorar nossa condição social. Fale com seu chefe ou seu patrão, sobre a necessidade dos estudos sobre Relações Humanas no Trabalho. Os órgãos preparadores de funcionários, pelo que me parece, não estão tão interessados no assunto. Mas, na verdade, empresas e órgãos públicos deveriam estar mais empenhados no assunto. Não vamos permitir que tenhamos que construir mais robores para substituírem humanos despreparados para a função. Nada contra os robores, claro; eles são necessários. Mas vamos fazer nossa parte no que nos interessa realmente.
Vamos nos preparar para o futuro que é amanhã. O tempo está correndo e nós estamos caminhando a passos de tartarugas. Não importa o que você faz. O que realmente importa é como você faz o que faz. Lembre-se do que o Swami Vivecananda já nos disse: “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, e sim pela maneira de ele executá-la.” Quando estiver procurando um emprego, procure o que realmente lhe interessa, como profissão. Mas para isso você tem que se preparar como profissional. Mesmo sabendo que a profissão você só a aprende, mesmo, no trabalho. É o que chamamos de Universidade do Asfalto.
Ame o que você faz. E para isso você precisa aprender a fazer o melhor no que faz. Não se esqueça de que você está sendo observado a todo instante. Logo, esteja sempre alerta para com você mesmo, ou mesma. Conhecemos um zilhão de exemplos de pessoas que progrediram pela sua posição, seu comportamento no ambiente de trabalho. Você é capaz, se achar que é. Nada é impossível para quem crê no possível. Acredite em você e você vencerá. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460