Bom dia,
Os brasileiros e as brasileiras se acostumaram com o tipo de governo de coalizão dos últimos presidentes, desde Fernando Henrique Cardoso (PSDB), passando por Lula da Silva e terminado com Michel Temer (MDB). Tendo que governar sob uma constituição com forte influência dos constituintes simpatizantes do regime parlamentarista, esses presidentes criaram uma espécie de coalização tupiniquim que combinava a liberação de recursos do Tesouro Nacional para atender pedidos de parlamentares em troca de votos no Parlamento; com a nomeação de apaniguados de deputados e senadores para chefiar grande parte dos cargos da burocracia federal. O resultado de tudo isso foi o surgimento do maior esquema de corrupção de que se tem conhecimento na história republicana brasileira.
Jair Bolsonaro (sem partido) elegeu-se presidente da República com o discurso de que acabaria com esse tipo de coalizão, prometendo compor sua equipe a partir de critérios de competência e de probidade. Na composição do ministério fez pouca concessão política, mas teve de ceder na liberação de dinheiro federal para ajudar na aprovação da reforma da previdência. Mas seu governo nunca conseguiu, após um ano de mandato, compor uma maioria estável, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal, embora tenha afinidade ideológica com a maioria dos parlamentares que compõem as duas casas do parlamento federal.
E Bolsonaro está longe de compensar a falta de uma base parlamentar sólida no Congresso Nacional com forte apoio dos governadores estaduais, que antes eram os grandes líderes de suas bancadas em Brasília. Levando em conta as escaramuças públicas e os “chutes na canela” nos bastidores, Bolsonaro tem apoio de menos de 10 dos 27 governadores estaduais e do Distrito Federal. Mesmo assim, o presidente ainda parece estar pouco se ligando para este apoio e, inclusive, fustiga os mandatários estaduais ao responsabilizá-los pelo custo dos combustíveis no Brasil. Não é fácil entender politicamente o governo Bolsonaro.
APROFUNDAR 1
O site Antagonista publicou que a Lava Jato vai cruzar novos dados repassados pelo doleiro Álvaro Novis com conversas de Skype de uma transportadora com seus emissários para aprofundar as investigações do inquérito que apura se Romero Jucá e Renan Calheiros receberam suposta propina, de R$ 10 milhões, da Odebrecht. Os dois teriam favorecido a empreiteira na aprovação de medida provisória com vantagens tributárias. Os dois negam as acusações.
APROFUNDAR 2
Técnicos da Procuradoria-Geral da República (PGR) analisaram o sistema de propinas da Odebrecht e concluíram que documentos obtidos no Drousys indicam pagamentos no montante de R$ 10 milhões destinados ao codinome “EXPORTAÇÃO”, que segundo executivos e funcionários da Odebrecht referem-se à Jucá. As informações de Novis vão servir para os investigadores analisarem se confirmam os pagamentos de vantagens indevidas, a forma e contexto em que se deram aos políticos. Jucá e Renan negam envolvimento no esquema, e na velocidade dessas investigações, se alguma coisa for provada, o crime já prescreveu.
RESPOSTA 1
De Victor Seabra Barbosa, analista de comunicação social da Procuradoria-Geral da República de Roraima, recebemos: “Envio este e-mail para discordar do termo utilizado sobre o Ministério Público Federal na coluna Parabólica de hoje, 05 de fevereiro. Ao citar a situação dos Yanomami que migram para Boa Vista, vocês utilizaram o termo/frase “sob o olhar indiferente do MPF”. Acontece que a afirmação falta com a verdade ao omitir a atuação do órgão ministerial sobre o tema da migração/abandono dos Yanomami”.
RESPOSTA 2
“O MPF tem procedimento sobre o tema há cerca de três anos. Desde então vem tentando por meio de reuniões, recomendações e ações extrajudiciais a resolução do problema. Já havíamos enviado algumas notas para vocês sobre o tema. Não alcançando os resultados previstos, o MPF teve que entrar na Justiça em setembro do ano passado… O MPF já acionou a Justiça algumas vezes para dar urgência e celeridade ao processo e para que obriguem os órgãos responsáveis a tomar algumas medidas”. Está feito o registro e, como jornalistas/cidadãos, ficamos alegres em levar aos nossos leitores que os Yanomami não estão abandonados.
RÁPIDAS
A prefeita Teresa Surita (MDB) retorna esta semana a Boa Vista. É possível que comecem as discussões em torno da indicação do candidato de seu grupo político para a eleição de outubro. ### Dentro da nova metodologia que vem sendo adotada pelo coordenador da Operação Acolhida, o general Antônio Manoel Barros e sua equipe esperam o retorno da prefeita de Boa Vista para conversar sobre a participação da prefeitura no esforço de acolhimento dos imigrantes, especialmente venezuelanos. ### Decididamente o presidente Bolsonaro não foge da polêmica: num só dia fustigou os governadores e encaminhou ao Congresso Nacional sua polêmica proposta de abrir as Terras Indígenas para exploração agrícola e mineral. ### E tome polêmica: tanto Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, quanto Davi Alcolumbre, presidente do Senado Federal, já disseram que não pautariam projetos que alterem direitos indígenas.