O MELHOR LUGAR DO MUNDO
Paulo Nicholas*
Sempre me recordo de uma música do Jota Quest que diz que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço. É uma música que me toca, especialmente porque sempre fui um fã do poder do abraço. É algo que nos remete a mais tenra infância. Afinal, ao nascer, o primeiro lugar que nos colocam é nos braços da mãe. Vivemos os primeiros meses de vida nos braços de alguém, nem que seja para nos alimentar.
Você gosta de abraçar? Eu amo. Se você não ama, sugiro que pratique mais o ato de abraçar. Não só em seu sentido literal (abraçar alguém), mas também no sentido figurado: Abraçar sua vida como um todo. Abraçar o mundo que está à nossa volta e nos recebe com suas alegrias e suas tristezas, com suas mazelas e suas maravilhas.
Abraçar a vida é aceitar, é receber tudo que ela nos oferece de bom e de ruim, de graça e, às vezes, cobrando um preço bem alto. Mas como diz o poeta, isso é que é o viver.
E o que dizer do ser abraçado? Existe coisa melhor? Ser acolhido, ser acariciado e ser bem vindo e quisto é uma coisa que os seres humanos mais querem e mais sentem falta. Posso afirmar sem medo que uma pessoa é mais ou menos doce pela quantidade de abraços que recebe durante a vida daqueles que lhe querem bem.
Ser querido e se sentir assim é uma forma de receber e demonstrar aos outros quem você realmente é. Tem gente que diz que nada substitui o olho no olho. Pois bem, se nada substitui o olhar, o que dirá o abraço! Lembre-se que, no nascimento, antes de conseguir enxergar, sentimos os abraços.
Abraçar é uma forma ímpar de fazer amigos, conquistar e aproximar pessoas, fazê-las sentir o seu apreço e colocá-las, literalmente, no melhor lugar do mundo.
Abraçar é uma forma de aceitar, acolher, demonstrar carinho e bem querer. Experimente hoje, tente agora: Abrace a pessoa que estiver na sua frente! Mas não dê aquele abracinho frio e chocho não. Abrace de verdade (Abrace o seu abraço). Abrace as pessoas, abrace a vida e a vida, tenho certeza, abraçará você.
Sabe o porquê? Porque o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço!!!
*Advogado e escritor @pnicholas
Mais um ano eleitoral Fábio Almeida*
A cada dois anos enfrentamos um processo de ressignificação da gestão pública. No intuito de clarear o olhar do boa-vistense, o programa Agenda da Semana recebe pré-candidatos à prefeitura da nossa cidade. Ouvimos candidatos, um do PL (antigo PR) e outro do PRB, ambos imbricados com o histórico da gestão pública roraimense.
Apontam que a experiência é necessária! A reflexão dos candidatos confirma o interesse destes em manter a divisão de classes existente em Boa Vista, cidade em que a vista é permitida a alguns que se refestelam nas benesses da esfera pública, pautada em privilégios e amizades. Essa é a experiência a perpetuar-se que quer o boavistense?
Afirmam a necessidade de bom relacionamento com Brasília. Vivemos em uma federação, devemos protagonizar convívio republicano – se dependermos de seguidores das hostes ideológicas instaladas na capital federal, proponho que voltemos a ser província, pois não há sentido na eleição. A premissa busca manter as mesmas estruturas de poder, a exemplo da aquisição de fardamento escolar fora do Estado, quando poderíamos produzir através de cooperativas locais.
A geração de emprego é enaltecida, falam na ZPE. Sem energia e matéria prima como gerar emprego? Precisamos é internacionalizar Boa Vista, transformá-la numa cidade internacional de festivais culturais, uma forma barata e inteligente de gerar empregos. Podemos também ser referência em esportes radicais. Roraima, incrustrada entre três grandes centros, pode lograr voos acima das cordilheiras do Parima, de Pacaraima e para lá do Rupununi, ampliando a miscelânea de faces, vozes e sonhos, fortalecendo nosso setor de serviços e agricultura familiar.
Porém, questões objetivas da vida prática de nossos munícipes não são abordadas pelos candidatos. Me deterei em três questões essenciais que a atual gestão não interveio e que impõe, ao nosso povo, condições desumanas.
1) O descaso da falta de água em diversos bairros: Famílias não possuem água durante o período diurno, tendo que armazenar água, aumentando o risco de proliferação do Aedes aegypti. Saneamento é uma competência municipal e os pseudoadministradores não debatem o problema.
2) Outro ponto é a questão da mobilidade urbana: Boa Vista caminha ao caos. Precisamos reorganizar o transporte coletivo, construindo um sistema intermodal que permita a geração de emprego, através da prestação de serviços.
3) A saúde pública municipal é um caos: Cerca de 120 mil boa-vistenses perambulam pela cidade atrás de atendimento básico, pois inexistem equipes de saúde para atender estas pessoas. Enfrentar a reorganização da atenção básica terá que ser uma prioridade da próxima gestão. Por fim, temos que debater nestas eleições a ânsia de privatização dos espaços e serviços públicos. A zona azul consiste em um ambiente de privatização do espaço coletivo. A organização do espaço público não pode ser sinônimo de privatização. Precisamos enfrentar este tema nas eleições deste ano. Bom dia.
*Historiador e Candidato ao Governo em 2018 pelo PSOL
Quem eu sou? Gustavo H. Silva de Oliveira*
Ultimamente eu venho pensando muito na pessoa que sou. A maioridade bate à porta e começo a refletir sobre a pessoa que venho me tornando e o homem que serei no futuro. Em meio a esses pensamentos, me questionei sobre o que – ou quem – formou meu caráter e personalidade, meu senso crítico e moral e, em todas as vezes, sem exceção, meu pai me veio à mente.
Algumas memórias tomam minha cabeça, pequenos fragmentos de uma infância marcante, desde as visitas no fim da tarde às extintas locadoras de vídeo até a apresentação dos seus discos de vinil do Legião Urbana, Led Zeppelin e Pink Floyd. Sempre um cara de cultura muito rica, sempre me apresentando pensadores, teorias e artes novas – duas delas, o cinema e a escrita, que viraram minha grande paixão.
Nunca me prendeu, nunca me proibiu de conhecer a o mundo, quase pedindo pra que eu vivesse e tivesse histórias para que, no futuro, não houvesse arrependimentos dentro de mim. Dou o crédito da forma como meu pai me criou, em partes, ao meu avô. Uma das milhares de frases que o senhor Afonso Rodrigues de Oliveira me disse e eu levo para a vida toda é “Você não tem o poder de controlar seu filho, mas sim, guiar ele para o caminho certo.” e foi o que meu pai faz.
Sempre me inspirei nele, seguindo seus passos, ouvindo seus conselhos e admirando suas ideias. Por muito tempo da minha infância fiz das palavras dele as minhas e não admitia que ninguém discordasse do que, pra mim, era a verdade absoluta, afinal, se ele tinha me dito aquilo, era aquilo e ponto final. Meu pai sempre foi o homem mais admirável pra mim. Talvez não o mais esperto, mas com certeza o mais inteligente que eu conheço. Eu confesso que hoje me entristece perceber como personalidades e pessoas são formadas e influenciadas por ídolos e celebridades na
tela de um celular. Era previsível que isso ocorresse, é fato. A tecnologia na mão dessas pequenas esponjas traria suas consequências, e isso me faz voltar novamente ao começo.
A minha maioridade vem chegando, a vida adulta e as responsabilidades. Hoje eu decido quem sou nesse mundo e, é quase que a imediata a resposta na minha mente. Eu quero ser meu pai. Quero ser admirado pelo meu filho como eu admiro meu pai. Quero poder guiar meu filho como ele me guiou e quero ensinar pra ele os pequenos gestos e valores que me moldaram. Hoje meu pai completa cinquenta e sete voltas ao redor do sol e eu gostaria de, por meio desse pequeno texto, expressar todo meu agradecimento pelo que ele fez na minha vida.
Obrigado, pai, por me ensinar a ser o homem o qual eu sempre quis ser.
[email protected] (95) 98116-4039