Bom dia,

Parece cada dia mais evidente que o governo de Jair Bolsonaro não terá força congressual para implementar uma nova política ambiental do governo federal para a Amazônia. As evidências – o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (Democratas-RJ), já havia anunciado que não pautaria matérias que, no entender dele, firam direitos indígenas; e agora reafirmou sua decisão – e o capital político do presidente pode ter muito desgaste em função do pífio resultado da economia brasileira após o primeiro ano do governo, com perspectivas pouco animadoras para o presente ano de 2020.

Por conta disso, está na hora de começarem negociações com ambientalistas e indigenistas – que sabemos estarem fortemente ligados ao aparato internacional – no sentido de ceder nalguns pontos, sem nunca renunciar ao direito legítimo da população amazônica ao desenvolvimento. Isso é possível, desde que tenhamos a capacidade de fazer boas proposta que sejam irrecusáveis, inclusive com a tal da sustentabilidade que eles tanto cantam em prosa e verso. E a estratégia pode começar a partir da proposta deles mesmos, para que não digam que a pretensão nossa seja a destruição da Amazônia.

O engenheiro florestal Virgílio Viana, que preside a organização não governamental Fundação Amazônia Sustentável (FAZ) é um dos mais prestigiados e financiados representantes do aparato ambientalista/indigenista internacional que atua na região amazônica. Esquecendo um pouco suas vinculações internacionais, faz algum tempo, ele escreveu um artigo no jornal paulista Estado de São Paulo, chamado “Caminhos para uma Amazônia Sustentável”, onde defende sete eixos principais para desenvolver a região, é claro, sob a ótica internacional.

De qualquer forma, dentre as sete propostas existe uma que poderia ser perfeitamente assumida pelo governo de Roraima. Trata-se da proposta de desmatamento líquido zero, que consiste no estabelecimento de normas que obriguem que para cada hectare desmatado na Amazônia, seja outro reflorestado. Quem conhece a imensa superfície já desflorestada no estado, sabe que nalgumas áreas onde se fez desmatamento, inclusive ao arrepio da lei, poderiam ser objetos de reflorestamento, desde que houvesse financiamento adequado para tanto.

Com certeza, ao assumir esse tipo de compromisso, o governo estadual estaria tomando a dianteira na região, e se fosse feito de maneira tecnicamente competente – sem estar amarrado a interesses menores de grupinhos –, com certeza daria para negociar com ambientalistas e com o governo federal um grande projeto de desenvolvimento estadual, inclusive com base na agroindústria e pecuária altamente tecnificada. É tudo uma questão de vontade política e de inteligência.

RÁPIDAS

E por falar no aparato internacional ambientalista/indigenista a votação da Medida Provisória Nº 901, que disciplina a transferência de Terras da União Federal, não foi votada até agora – e certamente não será mais-, esta semana como previmos aqui na Parabólica. ### O deputado federal Édio Lopes (PL), que foi relator da 901, diz que apesar das pressões de ambientalistas e indigenistas contrárias, a matéria deverá ser votada logo depois do recesso branco do Carnaval. ### Uma das emendas à MP 901, de autoria do senador Mecias de Jesus (Republicanos) cria facilidades para que imóveis rurais nos estados de Roraima e Amapá possam utilizar até 50% das áreas florestadas. Essa emenda assusta os ambientalistas, que dizem ser um precedente, que mais tarde vai ser reivindicada por outros estados amazônicos. ### Ao reclamar contra as pressões do Congresso Nacional para controlar o orçamento da União, o general Augusto Heleno disse que isso atenta contra o regime presidencialista. “Se quiserem o Parlamentarismo que mudem a Constituição”, disse ele. E tem muita razão. ### Não dá para entender o mundo da política de hoje. Um dia depois do governador Antônio Denárium (sem partido) e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Jálser Renier (Solidariedade) cantarem loas à união entre os poderes, um correligionário de Jálser, o deputado estadual Renato Silva (Solidariedade) criticou duramente -com direito a acusações sérias-, um auxiliar do governador, o chefe da Casa Civil, Disney Mesquita. ### E o novo Coronavírus já deu as caras por aqui na Amazônia. As indústrias do Parque Industrial de Manaus (PIM) que fabricam celulares com componentes vindos da China vão ter dificuldades para continuar normalmente a produção. O produto pode faltar no mercado. ### O forte calor dos últimos dias em Roraima, segundo especialista ouvido pela Coluna, é indício de que as próximas semanas em Roraima serão marcadas pela ocorrência de grandes incêndios no lavrado e nas florestas de Roraima. É a velha história da tragédia anual, que se repete sem que haja uma reação estatal na medida, e no tempo certo. ### E o preço do milho em Roraima, hein? Pulou de R$ 40,00/saco de 50kg para R$ 55,00.