Intolerância Alimentar
Marlene de Andrade*
“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1ª Coríntios 10:31) Muita gente tem intolerância ao leite de vaca, inclusive eu estou nesse barco, mas temos que ficar atentos porque é possível desenvolver intolerância alimentar a vários outros alimentos como, por exemplo, crustáceos, cenoura, carne de frango, pepino, tomate, milho, trigo, couve, azeitona, alho, aveia, carne de vaca e de porco, glúten, maçã, atum e por aí afora.
E aí, fazer o quê? Deixar de comer e viver de suplementos? Claro que não! E a medicina está tão avançada que juntamente com a bioquímica têm resolvido esse problema, primeiro através de testes, os quais podem ser realizados a partir dos três anos de idade, e em segundo lugar pelo tratamento correto, através de médicos especialistas nessa área.
Mas há que ficar claro que não devemos cortar nenhum alimento de nossas refeições porque “achamos” que temos intolerância. Nesse caso, o melhor que se tem a fazer é consultar um médico, pois os resultados dos testes não podem substituir o diagnóstico de um profissional da medicina. Portanto, mudar a nossa dieta porque “achamos” que temos intolerância alimentar não está correto, visto que essa orientação deve estar debaixo do aval de um médico especializado nesse assunto.
Alguém poderia perguntar: “Como adquirimos intolerância alimentar?” Há duas maneiras: ou nascemos com intolerância a determinados alimentos ou adquirimos essa doença com o tempo, devido a processos irritativos ou inflamação da mucosa intestinal.
As pesquisas mostram que a intolerância alimentar tem a ver com um processo imunológico. E como ocorre tal fato? Moléculas mal digeridas vão inflamando a mucosa intestinal ocasionando desiquilíbrio na flora bacteriana do intestino. Tal fato é grave e, por tal motivo, não podemos deixar essa situação passar sem as devidas precauções, pois a inflamação recorrente do intestino, devido à intolerância alimentar, além de desequilibrar a flora bacteriana intestinal, aumenta a permeabilidade da mucosa do intestino, permitindo que essas moléculas, mal digeridas, entrem na circulação sanguínea.
Ocorrendo tal fato, o sistema imunológico passa a reconhecer essas substâncias como sendo estranhas e, evidentemente, perniciosas e agressoras ao organismo humano.
Não podemos, no entanto, confundir intolerância alimentar com alergias, as quais apresentam reações imediatas como: edemas (inchaço) e urticárias, as quais são uma reação alérgica de pele com lesões vermelhas acompanhadas, quase sempre, de coceira.
Se alguém desconfiar, portanto, de que é portador de intolerância alimentar deve procurar um profissional médico especializado nessa área para ser orientado devidamente no seu tratamento. *Médica Especializada em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB- CFM
ZOMBADOR, ZOMBARIA E FRUSTRAÇÕES
Wender de Souza Ciricio*
Zombaria, rir de outros, ironia, sarcasmo, escárnio e curtir com a alma alheia parece leve e heroico para quem vive disso. Se dirigir ao outro por meio de “gozações” tem, por trás, aquela ideia de ser melhor e de dizer que não age igual a quem serve como “objeto” do escárnio. E menos avassalador tirar as lentes de si mesmo para, assim, não permitir que vejam suas fraquezas, seu submundo e sua impotência. O zombador, ao tentar realçar a fraqueza do outro, tenta se colocar no patamar de um “pop star”, do engraçado, do cômico e o pior que muitas vezes consegue público, extrai gargalhadas de quem o escuta e o aprecia.
A zombaria é o cardápio do pedante, daquele que tem pouco de humano dentro de si, que não entende de sentimento, de empatia e que não sabe o sinônimo de “ser gente”. É um fraco que faz uso do caráter alheio para se esconder. Para o zombador o índio é caboclo, o pobre é vagabundo, a piada sobre o negro é mais engraçada, o periférico é suspeito de ser bandido e a empregada doméstica é a secretária sem nome.
O pior em tudo isso é ser vítima do zombador. Isso é nocivo, costuma doer e fere o coração. Imagine você na pele do ex-piloto Rubens Barrichello, que esteve na categoria mais ovacionada no automobilismo mundial, a Fórmula 1, de 1993 a 2011, ininterruptamente, tendo sido considerado o mais experiente piloto dessa categoria de todos os tempos e que mesmo assim é alvo de piadas depreciativas no país que representou e lutou pra agitar a bandeira. Ninguém na Fórmula 1 teve tantas disputas ininterruptas como Barrichello. Mas o Brasil prefere zombar de alguém tão persistente e consagrado.
Na história da zombaria não podemos nos esquivar do Jesus Cristo histórico e teológico. No caminho para o Gólgota, carregando uma cruz acima de 30 quilos, fazendo, segundo os franciscanos, um percurso próximo a um quilômetro, subindo um aclive bem acentuado debaixo de chicotes, algo pior ocorreu: a zombaria. Jesus Cristo aquele que antes do calvário multiplicou os pães para alimentar mais de 5 mil pessoas, que fez deficiente físico andar, evitou que uma mulher adúltera fosse apedrejada por religiosos machistas e covardes e que trouxe para perto de si homens excluídos na sociedade fazendo dos mesmos discípulos estava só no caminho do calvário e pior sendo escarnecido, humilhado e alvo das piadas, sarcasmo e zombaria. Onde estavam aqueles que ele ajudou, salvou, curou e abençoou? Os zombadores amedrontam. Jesus Cristo teve que aguentar o tranco sozinho. Ele tinha uma meta e nem zombadores iriam impedir.
Não é fácil estar diante de um zombador, pois é hábito, é estilo de vida e ele sabe colocar para baixo quem ele quer. Poucos resistem, conseguem ser indiferentes aos seus felinos ataques como foi Jesus. O Bullying é natural demais para o zombador. Ser o mais enfrentador e “gozador” na sala de aula faz o ego do zombador inflar. Mas as vítimas desses vis cidadãos levam o choro para suas casas e se alimentam da frustração e, às vezes, com grande vontade desistir, de jogar a toalha e se render. Se seu ex-namorado ou sua ex-namorada, se seu patrão, seu colega de turma, seus pais ou mesmo o mundo zomba de você na frente de outros ou em sua ausência, não se desestimule, não se renda, não olhe para baixo, continue, continue, vá atrás de quem pode te ajudar, até perdoe (o perdão é algo imerecido e por isso tem esse nome) e lembre que você é maior do que o zombador, você tem dignidade e sua alma está segura por quem te ama.
*Psicopedagogo, teólogo e historiador [email protected] (95) 98112.6086
Os dois carnavais
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza.” (Gaston Bouthoul)
Até quando seremos um país subdesenvolvido? Temos tudo para sermos desenvolvidos, menos uma política desenvolvida. E sem esta continuaremos esse. O único caminho para o desenvolvimento de um país é a educação. E só quando formos um povo realmente educado poderemos crescer e nos desenvolvermos. Simples pra dedéu. Continuamos e vamos continuar assistindo a espetáculos degradantes, de farras de “políticos”, com o nosso dinheiro. Farras que vão de meros churrascos a d
eboches em festas exteriores. Mas isso vem de longa data. O que importa, no momento, é que nos atentemos para o poder que temos para acabar com a farra. E é simples. É só acordarmos e sairmos do palco.
O segundo mês do ano ainda novo já se foi. O carnaval nos divertiu e nos anestesiou. Mas vamos nos livrar da anestesia e acordar para a realidade do dia a dia. Vamos nos preparar para as próximas eleições. É bem verdade que não temos o poder mágico de mudar o rumo, mas temos o poder de iniciar a caminhada no desenvolvimento. E só quando nos conscientizarmos da nossa importância nesse cenário, seremos capazes de fazer o que deve ser feito. Então vamos refletir e nos prepararmos para as mudanças. E ou iniciaremos a tarefa ou continuaremos um povo subdesenvolvido. A escolha é sua.
O que está levando você a escolher seu candidato à próxima eleição? O que você está considerando para escolhê-lo? Será que ele é um político? Ou está interessado no dinheiro que pode conseguir como político eleito por você? Pense nisso. Analise seu candidato. Mas não se esqueça de que você deve estar preparado para analisar. E isso exige conhecimento. O que implica necessidade de educação. Porque enquanto não formos um povo politicamente educado, não saberemos escolher nossos políticos. E é melhor que nos espelhemos nos erros que estão sendo cometidos pelos países que consideramos civilizados. Porque “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira.”
Vá refletindo sobre isso, devagarzinho, mas com a consciência na cidadania. E nunca seremos cidadãos enquanto formos obrigados a fazer o que deveríamos fazer por dever, e não por obrigação. E enquanto formos obrigados a votar não seremos cidadãos. Pergunte para o seu candidato o que ele pensa sobre o voto facultativo. Se ele for realmente um político, embora não atue na política, vai concordar com você. Teste seu candidato. Vamos começar a agir como futuros cidadãos, ou continuaremos títeres de titeriteiros da política. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460